Crítica | A Escolha Perfeita (Pitch Perfect)

Nota
4

“É a faculdade. Participe.”

Beca é uma estudante rebelde, que acaba se vendo forçada a estudar na Universidade Barden, onde seu pai é professor, contrariando seu sonho de viver da música e se tornar uma famosa DJ, mas tudo muda quando a música acaba batendo em sua porta de uma forma inesperada. Chloe acaba ouvindo Beca cantando durante o banho e, de uma forma completamente invasiva, a convence a fazer um teste para entrar na Barden Bellas, grupo feminino de canto a capella da universidade, grande rival do Treblemakers, grupo masculino de canto a capella da universidade.

O filme aproveita a febre que Glee criou e leva os campeonatos de canto à faculdade. Com roteiro de Kay Cannon o longa, que é uma adaptação do livro “Pitch Perfect: The Quest for Collegiate A Cappella Glory” de Mickey Rapkin e possui a direção de Jason Moore, mostra a jornada de um jovem que começa a descobrir sua voz e uma nova forma de fazer música, diversificando sua vocação ao mesmo tempo que constrói novas amizades e ajuda as Bellas a acordar para os novos tempos, redescobrindo a forma de fazer a capella e todo o potencial de sua nova, e diversificada, formação. Inicialmente as Bellas são um grupo feminino que só canta músicas cantadas por mulher nos anos 80, a chegada de Beca, que vive da atualidade musical e dos remixes, faz surgir uma tensão gigantesca entre ela e Aubrey, a atual líder do grupo, que vem tentando se reerguer depois de uma desastrosa apresentação no Campeonato Nacional de Música, onde a garota acabou vomitando aos jatos na plateia em meio à apresentação. Ao mesmo tempo que luta para se encaixar no Barden Bellas, Beca acaba indo trabalhar como estagiária numa rádio da universidade, onde acaba se aproximando de Jesse, outro calouro de Barden que se apaixonou pela garota a primeira vista e acabou fazendo parte dos Treblemakers, tornando-os mais próximos e a possibilidade de um romance entre eles algo completamente proibido, mas como bem se sabe, nem sempre o coração obedece nossos desígnios.

Fica claro no decorrer do filme o que torno-o tão marcante. Protagonizado por Anna Kendrick, que surge em sua melhor versão para o longa, somos carregados através do enredo com toda a rebeldia e doçura que temos na personalidade de Beca, aos poucos vamos vendo o verdadeiro contraste que existe entre as personalidades das personagens de Kendrick e de Anna Camp, que vivem um embate ideológico silencioso, não há uma briga verdadeiramente dita, mas fica claro no comportamento delas o quanto elas se antagonizam. Chloe, tão bem interpretada por Brittany Snow, surge na trama como uma mediadora, tentando equilibrar a pesada tensão que existe entre a líder e a novata, o que vai deixando claro o quanto uma pode ser a salvação da outra: Aubrey com sua disciplina e experiencia e Beca com sua inovação e bom senso. O alívio cômico da produção fica, quase que completamente, nas mãos de Rebel Wilson que, interpretando Amy Gorda, surge como o patinho feio do grupo, não se encaixando em nenhuma das atividades preparatórias de Aubrey mas lutando sempre para ser uma Bella exemplar, é ele quem faz questão de entrar para o grupo e é ela quem, antes de Chloe, planta a semente da integração na cabeça de Beca. O foco romântico do longa fica com Skylar Astin, que nos cativa com Jesse, sempre decidido a conquistar Beca, sempre reconhecendo cada um dos seus feitos, sempre sofrendo na friendzone, e sempre tentando convencer Beca a dar o verdadeiro valor às trilhas cinematográficas, a ver o verdadeiro valor que uma música possui dentro de um filme.

Indo contra todas as expectativas, A Escolha Perfeita foge do clichê de filmes que une um time de personagens desajustadas e se transforma em uma história que, apesar de não ser tão interessante, compensa com suas músicas, que vai fundo no coração de seus expectadores e bota qualquer um pra pular, cantar e sorrir a cada nova cena. Outro grande destaque do longa é seu elenco, que se desempenha tão bem no papel que não tem como não se apaixonar, ainda mais se considerarmos as cenas de Elizabeth Banks e John Michael Higgins, que encarnam tão perfeitamente o papel dos comentaristas de torneios a capella, que dão uma temperada necessária ao roteiro. A trilha é o ouro da casa, temos uma viagem que nos leva a deliciar “Since U Been Gone“, “Don’t Stop the Music“, “Party in the USA“, “Price Tag“, “Turn the Beat Around” e “Eternal Flame“, entre tantos outros singles cativantes, que vão construindo um longa divertido, que nos entretém até com suas cenas mais previsíveis. É dificil sair do cinema sem reconhecer o show de atuação e comédia do longa, mas ainda é impossível reconhecer o verdadeiro valor do longa se não entrar nessa experiencia livre de qualquer preconceito.

“Apesar de algumas de vocês serem magras, acho que todas têm corações gordos, e é isso que importa.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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