Crítica | A Pequena Sereia (The Little Mermaid) [1989]

Nota
5

“É que eu não vejo as coisas do jeito que ele vê. Não entendo como um mundo que faz coisas tão maravilhosas possa ser tão mau.”

No fundo os sete mares, existe um reino escondido conhecido apenas nas histórias de pescadores e marujos. Um reino belíssimo, governado por um rei poderoso e suas 7 amadas filhas. O Reino de Atlântica. Tritão tem extremo orgulho de seu povo e de suas crias, por isso cria uma única lei que rege todo o seu reinado: nunca, em hipótese alguma, o povo do mar deve interagir com os humanos. Mas sua sétima filha tem planos diferentes…

Ariel sempre se sentiu um peixe fora d’água. Junto com seu fiel amigo, o Linguado, a pequena sereia de cabelos ruivos explora os naufrágios do fundo do oceano à procura de quinquilharias humanas para completar sua coleção. Sim, Ariel é fascinada pelo mundo humano e seus curiosos costumes. Ela não consegue entender como criaturas que fazem coisas tão esplêndidas possam ser tão cruéis. Em uma noite, a curiosa sereia observa um naufrágio e impede o afogamento do Príncipe Eric, por quem se apaixona à primeira vista. Agora, disposta a tudo para fazer parte do seu mundo, ela vai ate o confins dos mares para fazer um acordo que mudará sua vida e terá efeitos devastadores sobre aqueles que ama.

Após o fracasso devastador de O Caldeirão Mágico, a Disney se encontrou a beira da falência sem nenhuma esperança de salvação. Até que surgiu uma ideia do fundo dos oceanos que poderia salvar a empresa de um afogamento iminente. Assim, a Disney deu início A Pequena Sereia, influenciando e moldando muitos dos clássicos que estavam por vir e trazendo as animações a uma nova relevância.

O filme nos encanta desde o primeiro momento, com um tempo enevoado enquanto pescadores cantam sobre as maravilhas escondidas no fundo do mar, que nos são apresentadas em uma transição sublime e mágica, até nos deslumbrar com o encantado Reino de Atlântica e seu povo. Um início que apenas de mostra a obra-prima que se segue, salvando o estúdio e ganhando dois Oscars por suas músicas ( Melhor Canção Original por Under The Sea e Melhor Trilha Sonora), além de ter um marco memorável que influenciaria todo o mundo animado que estava por se seguir.

E por falar em músicas, elas se casam tão perfeitamente com a história que encanta o público de uma forma sublime, inserindo-nos ainda mais no reino subaquático. Tem como não se emocionar com Part of Your World? Ou encontrar as severas criticas em Under the Sea extremamente precisas e reais? Ou, quem sabe, a teatral e grandiosa Poor Unfortunade Souls seja mais do seu gosto. Talvez, fique um pouco ansioso com Kiss a Girl. Uma coisa é inegável, o filme e sua trilha estão longe de serem esquecidos pelo público.

Mas nada disso seria possível sem seus personagens memoráveis, que agradaram tanto o público e a crítica. Sebastião, um siri jamaicano e maestro da corte de Tritão, vê-se em apuros quando sua língua grande o faz se tornar responsável pela jovem Ariel. Tendo que se envolver em suas confusões e tentando resolver seus problemas. É engraçado ver sua desenvoltura no mundo humano e é louvável observar o quanto o personagem vai se apegando a protagonista, descumprindo, inclusive, suas diretrizes para ajudar a personagem. Sebastião rouba as cenas em que aparece, transformando-se em uma das melhores coisas do filme. Linguado é o fiel e fofo amigo da ruivinha, medroso e cheio de receios. O pequeno larga todos os seus temores para ajudar sua amiga e ficar ao seu lado. Tritão é rígido e extremamente explosivo, escondendo por trás de seus ataques de raiva a preocupação e o arrependimento com a filha rebelde. Ele não sabe expressar bem o que sente e não sabe lidar com Ariel, por muitas vezes impulsionando a rebeldia da garota para o lado contrário de sua vontade. Eric pega o mesmo barco que Filipe, deixando de ser apenas um Príncipe sem nome e sem vontade nos longas do estúdio. Ele é determinado e corajoso. Além de encantado pelo mar, o moço se mostra bastante tímido em alguns momentos (da pra beijar a moça, rapaz?) e capaz de uma rebeldia velada quanto a seu destino.

Agora, chegamos a dupla feminina que rege o filme. Representando bem os opostos do filme. Ariel é vibrante e curiosa, um pouco tola, mas repleta de uma vontade ímpar. Sendo a primeira princesa da Disney que toma o destino de sua história e o conduz até o fim, ela fez um marco memorável no estúdio, representando e iniciando bem a nova leva de princesas que estava por vir. Princesas que não se calam e nem concordam com o destino que lhe é imposto. Embora pareça leve agora, foi um grande passo para conhecermos as princesas como são hoje. Obrigado, Disney! E chegamos a antagonista da Trama, Úrsula. A vilã tem um charme sem igual. Como boa vendedora e tendo um leve toque de advocacia, a feiticeira do mar encanta e envolve seus clientes com maravilhosas promessas e brilhantes contratos… com alguns pequenos preços que podem se tornar devastadores. Ela esta disposta a tudo para alcançar seus objetivos e ter sua tão sonhada vingança. Úrsula é magnífica em tantos sentidos que não consigo não descrever. Não é à toa que a profundidade de seu personagem e seus trejeitos teatrais a tornaram uma vilã tão icônica que assina com letras douradas em um contrato inquebrável como uma das maiores vilãs da Disney.

A Pequena Sereia é um deleite em vários sentidos. Seja pelo seu visual, suas canções ou sua historia envolvente e arrebatadora, o longa deixou sua marca e deu os primeiros passos para uma nova Disney, repleta de possibilidades e encantos, que atravessam décadas e deixam um legado sem precedentes no coração de milhares de crianças (e adultos) até os dias atuais. Não é à toa que o canto da Sereia conquistou nossos corações e proporcionou momentos tão especiais que estão guardados em nossas almas, como um novo começo para algo sublime.

“Eu não sei bem, como explicar que alguma coisa vai começar. Só sei dizer que a você… Vou pertencer!”

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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