Crítica | Cinderela (Cinderella) [1950]

Nota
5

“Ninguém me impedirá de sonhar! Meu sonho é lindo e pode se realizar.”

Era uma vez, em uma terra distante, um pequeno reino que vivia em paz e prosperidade. E num majestoso castelo vivia um senhor viúvo com sua adorada filha cujo nome era Cinderela. Apesar de todo conforto e amor, o viúvo sabia que faltava uma figura feminina na vida de sua doce filha e por isso resolveu se casar mais uma vez, para que ela pudesse ter o amor de uma mãe.

Foi assim que casou com uma velha viúva que possuía duas filhas da mesma idade de Cinderela, e, enquanto viveu, sua casa esteve na perfeita paz. Mas com a morte inesperada do gentil senhor, Lady Tremaine e suas detestáveis filhas, Anastácia e Drizella, mostraram suas garras. A madrasta revelou-se uma mulher cruel, hipócrita e extremamente invejosa em relação à doçura e encanto da pobre Cinderela, passando assim a defender os interesses de suas próprias filhas e tratando sua enteada como uma criada que devia fazer os serviços da casa sem descanso.

Com o passar do tempo, o castelo acabou em ruínas e a fortuna da família foi reduzida aos caprichos e vontades das duas irmãs, enquanto Cinderela maldosamente foi apelidada de Gata Borralheira e tratada como alguém abaixo da família. Mesmo com toda adversidade, a pobre moça continuou gentil e bondosa, acreditando em seus sonhos e confiando em seus poucos amigos (os animais que moravam com ela no sótão). É então que uma notícia mexe com o cotidiano do velho castelo. O Rei organizará um Baile Real para encontrar uma esposa para seu formoso filho, o Príncipe, e toda jovem solteira foi convidada para o evento do século.

Após ser atormentada por sua família, Cinderela vê seu sonho de ir ao baile rasgado na sua frente. Desesperada, a moça fica inconsolável ao se ver mais uma vez humilhada, mas, com a ajuda de seus amigos e o balanço mágico da varinha de condão de sua Fada Madrinha, ela vê seu tormento se tornar um sonho inimaginável… ao menos até o badalar do relógio à meia-noite quando o feitiço será quebrado, deixando apenas um sapatinho de vidro que pode mudar de vez o destino da gentil criada.

Falar de um clássico atemporal como Cinderela é de uma responsabilidade ímpar. Mesmo sendo criado em 1950, o filme atravessou gerações e encanta o imaginário de milhares de crianças até hoje. Afinal, quem nunca sonhou em ter sua fé respondida e seus desejos realizados por um simples sacudir de uma varinha mágica. Os encantos criados pelo filme atravessam eras e de tornaram tão presentes em nossa cultura que não surpreende que Cinderela seja uma das princesas mais amadas de todos os tempos.

Não se trata apenas de um sucesso da animação e do cinema, mas carrega em seu histórico o peso de ser uma das grandes responsáveis pelo Império construído por Walt Disney nos trazendo um encantador retorno ao sucesso. Devido a Segunda Guerra, os estúdios encontravam-se em um estado critico sem precedentes, passando de um fracasso para o outro. Foi então que o visionário desenhista decidiu explorar mais uma vez o reino encantado e trazer à tona sua segunda princesa, de uma maneira mágica e incomparável, com o objetivo de salvar os estúdios de sua total ruína.

Cinderela se tornou clássico instantâneo, utilizando de recursos precisos e com uma animação memorável. Sua protagonista, embora doce e bondosa, ganhou uma personalidade bem mais presente que sua inocente antecessora. Cinderela (Ilene Woods) é debochada em vários momentos da trama, trazendo uma nova camada para as princesas Disney. Mas, além dessa nova camada, a futura princesa é sempre gentil e tem uma fé inabalável de que se for sempre boa as coisas vão melhorar. O engraçado é que justamente quando ela parece perder sua fé, algo realmente mágico acontece para recompensar toda sua gentileza.

Lady Tremaine (Eleanor Audley) é maléfica e invejosa, trazendo bem a maldade e os trejeitos finos que a personagem merece. Seu tom de superioridade e os chamativos olhos esverdeados trazem uma presença marcante e assustadora. Drizella (Rhoda Williams) e Anastácia (Lucille Bliss) são irritantemente espaçosas. Tata e Jaq (Jimmy MacDonald) trazem o alivio cômico nos momentos certos e divertem assim como o tenebroso gato Lúcifer (June Foray). A Fada Madrinha (Verna Felton), mesmo sendo bastante atrapalhada, mostra-se encantadora e se encaixa como uma luva na animação.

Tudo no longa foi pensado de uma maneira de se tornar eterno. Seja pelo Príncipe sem nome, que pode se encaixar em qualquer um dos amados ao longo das décadas, ou as músicas memoráveis. As cenas cheias de sentimentos, como a dramática cena em que as irmãs rasgam o vestido da protagonista ou a belíssima valsa entre Cinderela e seu Príncipe são tão presentes e tão profundas que nos trazem um encanto sem igual. Assim como o simbolismo no Sapato de Vidro, que mostra a delicadeza e a graça da personagem, e a encantadora cena de transformação.

As músicas chicletes encantam e permeiam nossa imaginação. Começando pela maravilhosa A Dream Is a Wish Your Heart Makes que traz a doçura e potência da trama, assim como a encantadora Bibbidi-Bobbidi-Boo, que permeia nosso imaginário e nos transportam de uma vez para o universo encantado. A Work Song mostra os dilemas passados pela protagonista a partir do ponto de vista de seus amigos e So This is Love completa a trama com uma cena encantadora.

Com traços delicados e encantadores, Cinderela constrói um conto de fadas memorável, trazendo de volta a magia e estabelecendo um dos pilares que ergueram um reino grandioso que permeia nossa imaginação e encanta gerações até os dias de hoje, mostrando que não importa qual maldade seja jogada contra você, se a bondade prevalecer, algo realmente mágico pode acontecer e transformar seus sonhos em realidade…

“Que importa o mal que te atormenta, se o sonho te contenta e pode se realizar“

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *