Crítica | O Iluminado (The Shining)

Nota
5

“All work and no play makes Jack a dull boy”

Jack Torrance (Jack Nicholson) parte para uma entrevista de emprego e, após uma breve conversa, ele consegue o trabalho que parece salvar sua vida. Ele se torna zelador de inverno do glamoroso e isolado Hotel Overlook, na temporada em que o local permanece fechado. Assim, Jack pode aproveitar seu tempo e se livrar do bloqueio criativo que o atormenta para enfim terminar sua obra.

Mas, antes de fechar o acordo, Jack é advertido que o antigo zelador teve um surto psicótico devido ao isolamento, matando sua mulher e suas duas filhas antes de tirar a própria vida. Ignorando o aviso, o novo funcionário muda-se para o hotel acompanhado de sua mulher Wendy (Shelley Duvall) e seu pequeno filho Danny (Danny Lloyd) que está longe de ser um garoto comum.

Dotado de habilidades psíquicas que nem mesmo ele entende, Danny consegue sentir o real perigo que se esconde através dos corredores do hotel. Assustado e desamparado, o pequeno passa a enfrentar seus piores pesadelos enquanto seu pai entra em uma espiral decadente que pode levar toda sua família a destruição.

Dotado de uma melancolia avassaladora desde o seu princípio, O Iluminado é considerado o melhor filme de terror já feito. Stanley Kubrick, decidido a ingressar em um gênero que ainda não tinha explorado, adaptou uma das obras mais amadas do mestre Stephen King dando sua própria assinatura e arrumando briga com o autor durante o processo.

Não se deve esperar que os elementos de King estejam visíveis. Kubrick remodelou e deu uma nova alma ao projeto, transformando em algo inteiramente seu, trazendo a tona uma das melhores adaptações das obras de King mesmo que o espírito seja outro. Enquanto o livro é repleto de fogo e emoção, o filme é frio e introspectivo.

Kubrick nos presenteia com uma obra claustrofóbica que, mesmo utilizando das grandiosidade de seus cenários, nos deixa com uma falta de ar latente. Tudo aqui é magnífico e pensado com maestria. Os longos corredores, os ângulos de câmera ou, até mesmo, a maestria do macabro. Tudo nos imerge ao cerne do Overlook e a toda loucura latente de seu conteúdo.

Loucura expressada no personagem de Nicholson. Jack não tem controle nenhum sobre sua mente, sendo constantemente empurrado e controlado pelo hotel até cair em uma degradante insanidade. Tudo nele vai sendo construído para seu ápice na loucura. Suas casas e bocas, sua obsessão controlada, seus ataques de fúria. Vamos descobrindo as camadas e mergulhando na atuação monstruosa de Nicholson que rouba cada uma das cenas com uma insanidade visceral e poderosa.

Isso fica ainda mais acentuado com a escolha de representação de Kubrick para seus personagens, retratando a grandiosidade do hotel em comparação a pequenez dos protagonistas, quase de maneira opressora, em uma escolha geométrica impecável. Ou, quando passamos para o jovem Danny, acompanhar seu ponto de vista em uma câmera que coloca o garoto no centro de nossa visão para frisar ainda mais as estranhezas dos acontecimentos.

Por falar em Danny, ele é o extremo oposto do seu pai. Sendo uma representação mais amadurecida do pai, Danny tem seus momentos de horror completo mas consegue pensar com clareza e identificar os problemas do hotel. O garoto consegue encontrar soluções inteligentes, mesmo correndo grave perigo, e sua Iluminação torna-se latente conforme a trama avança. Danny sempre é representado em um espaço mais amplo e não minimizado como o pai, para mostrar seu crescimento e sua superioridade ao declínio que o outro lado sofre.

Wendy é uma mulher atormentada que vê aos poucos as camadas violentas do seu marido. Duvall foi mais uma escolha precisa do roteiro, a atriz nos entrega uma atuação visceral que uma mulher que começa submissa e encolhida (notem que ela faz o trabalho que o marido deveria no inicio do longa) a uma mãe protetora e feroz, mas não de uma maneira heroica.

Repleto de controvérsias e com um misto de sentimentos, O Iluminado se mostra uma verdadeira obra-prima que conduz os espectadores aos claustrofóbicos corredores do Overlook, enquanto nos entrega uma trama visceral e poderosa que nos agarra com algumas das cenas mais memoráveis do terror. Representando todo caos insano em uma das obras mais doentias do diretor, seja na sua produção ou no resultado final, ninguém sai ileso do Overlook.

“REDRUM”

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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