Review | Insatiable [Season 1]

Nota
1

Em Insatiable, vamos conhecer Patty (Debby Ryan), uma adolescente que sofre bullying por ser acima do peso. Em uma noite, ela agride um sem-teto que tenta roubá-la, mas o homem não sai por menos e dá um soco na garota. Com o maxilar quebrado, ela não se alimenta bem e, consequentemente, emagrece em poucos meses. Aqui, é onde a história começa. Depois da recuperação de Patty, a mãe precisa procurar um advogado que a defenda do sem-teto na Justiça e, para isso, escolhe Bob Armstrong (Dallas Roberts), que também é um Preparador de Misses e está sendo acusado injustamente por cometer assédio sexual, por isso teve que se afastar do seu trabalho. Ao ver Patty, agora magra, ele vê na garota uma forma de ascender como Preparador. Agora Bob deseja torná-la uma Miss e voltar ao trabalho enquanto Patty vai aproveitar esse desejo do advogado para se vingar de todos que um dia já praticaram bullying contra ela.

Antes mesmo da sua estreia, Insatiable gerou um burburinho nas redes sociais ao ser acusada de conter gordofobia na trama, ganhando até um abaixo-assinado para não ser lançada no serviço de streaming. O que não aconteceu. Mas não se preocupem. Não é bem isso que você verá na série, mesmo que nos primeiros capítulos essa seja a sensação. E comparado a bagunça do roteiro, essa é a sua menor preocupação, principalmente pelo fato de a série fazer uso de um humor negro, que pode até soar ofensivo demais, e por assuntos não aprofundados que deixam o espectador perdido no meio de tantas informações desconexas no decorrer da trama. Não me perguntem como a Debby Ryan ficou surpresa com os 11% de aprovação do Rottes Tomatoes e pelas duras críticas que a série recebeu após o seu lançamento. A atriz achou mesmo que a única cena realmente boa da série tenha valido pela série toda? (A cena refere-se ao momento em que ela come compulsivamente um bolo.)

O acerto numa série cheia de erros são os personagens secundários, como, por exemplo, a Nonnie (Kimmy Shields), que se apaixona pela melhor amiga e está no processo de descobertas. Claro que aqui há um clichê ao abordar o assunto sexualidade, mas, pelo menos, foi tratado de uma forma sutil, sem ofender ninguém, diferentemente de muitos outros assuntos. Além da homossexualidade, ainda inseriram a bissexualidade, que foi tratada como uma “fase”. A Dixie Sinclair (Irene Choi), o alivio cômico da série, foi outro acerto, um garota bonita, mas sem muita inteligencia que soltou várias pérolas ao longo dos episódios.

E indo para os personagens mais ou menos (melhor focar no menos), temos o Brick Armstrong (Michael Provost), só um cara bonito e padrão para a protagonista crushar, afinal ele entrega uma interpretação ruim e mostra-se totalmente perdido entre a sua relação com Patty e a separação dos pais; o Bob Barnard (Christopher Gorham) é o arquirrival do Bob Armstrong e, por incrível que pareça, no final diz-se bissexual ao acordar em um belo dia; A Coralee (Alyssa Milano) nos entregou uma boa personagem, mesmo que o roteiro tenha a feito sumir e chegar nos últimos capítulos como se nada estivesse acontecido; e, por fim, a Magnolia Barnard (Erinn Westbrook) que teve um plot interessante como usuária de drogas, mas, como já devem esperar, foi mal desenvolvido.

Com tantos assuntos, tantos personagens, ainda precisam usar vários pontos de vistas diferentes em um mesmo episódio? E os plots desnecessários? Patty apaixonada por Bob. Piscou o olho, apaixonada por Brick. É a vida dos personagens em Insatiable muda a cada piscada de olho. Então, não durma. E isso é bem fácil de acontecer nos primeiros episódios. E no final da temporada, a sensação de sonolência volta quando o roteiro torna-se arrastado e mais chato ainda do que poderia ser. Acreditem tudo que é ruim pode piorar.

Até tentamos achar alguns acertos na série, mas é difícil. E garantimos que levamos em consideração que a série trata-se de uma comédia trash. Cheia de arcos narrativos mal trabalhados, inclusive, até esquecidos, e assuntos relevantes perdidos no meio de tanta informação boba, Insatiable só chamou a atenção devido ao barulho das redes sociais. E o pior é imaginar que tem um final aberto para um possível segundo ano, mesmo com tantas produções boas sendo canceladas. Assim não dá pra te defender, Netflix!

 

Universitário, revisor. E fotógrafo nas horas vagas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *