Nota
Baseado em O conto da Aia, de Margareth Atwood, em The Handmaid’s Tale vamos conhecer Giliad, antigo Estados Unidos, uma sociedade totalitária que enfrentou problemas ambientais e, como consequência disso, teve sua taxa de natalidade praticamente zerada. Neste universo distópico, as mulheres férteis são propriedades do governo e usadas unicamente para a procriação (lê-se: servidão sexual), elas são denominadas de Aias. Como uma das poucas mulheres férteis, Offred ( interpretada por Elizabeth Moss) é uma Aia e vive entre comandantes, senhoras e servos cruéis, mas a única coisa que ela almeja é: sobreviver para salvar sua filha, que está desaparecida e foi tomada dela.
Imaginar uma sociedade tomada pelo patriarcado e por fundamentalistas religiosos não é muito difícil. É por isso que The Handmaid’s Tale consegue fazer com que o telespectador questione-se, discuta e reflita acerca do que está sendo mostrado, principalmente pela situação sócio-política a qual o mundo se encontra hoje. Mesmo sendo escrito em 1985, Margareth Atwood estava à frente do seu tempo e seu livro é um grito de luta e um pedido para manter a esperança independentemente da situação a qual nos encontremos.
A Elizabeth Moss são os nossos olhos na série. Através deles, sentimos a angústia, a opressão, a falta de voz das mulheres naquela sociedade. Mesmo nos mostrando o lado aterrorizante da história, também temos a chance de observar a esperança presente na personagem, vemos isso através dos fluxos de consciência de Offred, na rebeldia de Ofglen ( interpretada por Alexis Bledel), na fuga de Moira (interpretada por Samira Wiley). Mas a série dá voz a outros personagens também, como, por exemplo, a Serena Joy Waterford (interpretada por Yvonne Strahovski), a mulher do comandante, alguém que lutava por seus direitos, mas sentar ao lado do opressor tornou-se o seu lugar. Assim, podemos ver os dois lados da moeda: a oprimida e a “opressora”, ou a que se sente como opressora.
Mesmo tendo uma primeira temporada bem construída — incluindo fotografia condizente com a ambientação e trilha sonora nos momentos certos —, a segunda temporada é uma incógnita, pois não há livro nenhum para os produtores se basearem. Por isso, além de criar esperanças de que algo de bom aconteça naquela sociedade a favor das Aias, temos que ter esperança para que a qualidade da série não caía.
Apesar de bizarro, é só observar os nosso governantes e ver que o radicalismo e o conservadorismo está presente no mundo. Sabendo disso, podemos ter certeza do quão socialmente relevante é essa adaptação. E não é só um futuro fictício, mas é um pedido para não deixarmos de lutar pela igualdade de gênero e pela liberdade. Para finalizar, deixo palavras de Simone de Beauvoir que são facilmente aplicadas no universo de The Handmaid’s Tale:
“Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida.”
https://youtu.be/NaPft-MFj38
Jadson Gomes
Universitário, revisor. E fotógrafo nas horas vagas.