Review | Vai Anitta

Nota
1

Quem é a cantora brasileira mais comentada fora do Brasil? Sim, a Anitta. Isso ninguém pode negar. E, sem dúvidas, esse é um dos motivos principais para que ela ganhe uma série documental, mesmo com pouco tempo de carreira, se compararmos com outros astros da música.

A série documental não apresenta nada de novo sobre a cantora, nada que os brasileiros já não saibam. E a produção deixa claro o seu real objetivo: divulgar o projeto intitulado de CheckMate para o público gringo da Netflix, deixando os brasileiros com alguns relatos dos produtores, amigos e ex-marido como única fonte de informação “nova”, ou nem tão nova assim. Um dos motivos que evidencia que a produção trata-se muito mais da divulgação da artista fora do Brasil é que a Netflix é somente distribuidora da série, o que a plataforma já faz com outras produções. A série foi produzida pela Shots Studios, que é a empresa que gerencia a Anitta fora do Brasil. Então, não espere conhecer um lado mais pessoal da cantora aqui. O mais importante é fazer com que os “gringos” a conheçam, além de enaltecer a genialidade dela ao criar um projeto tão ambicioso e que fez bastante sucesso, garantindo sua carreira internacional.

Sobre o lado empreendedor, não podemos negar o quanto ela conseguiu chegar aos seus objetivos, principalmente se formos olhar seus números. Inclusive, a própria artista fala que, no início, o que de fato importava era os números que ela tinha em suas redes sociais. Mostrando-nos o quanto a indústria fonográfica busca resultados imediatos. E o quanto ela era o caminho para esse caminho mais rápido.

Além de enaltecer a originalidade do projeto, a artista também usa o espaço para esclarecer as diversas críticas que recebeu durante os singles, como, por exemplo, o figurino de Is that for me. Na época, ela não falou sobre algumas dessas polêmicas e era defendida pelos fãs nas redes sociais. Então resolveu abrir o jogo. Ou, quer dizer, não todo o jogo. Isso porque durante o documentário vemos toda a equipe técnica dando depoimentos sobre como foi o processo de produção dos singles. Inclusive, artistas que ainda não têm singles lançados com a Anitta aparecem na produção, como, por exemplo, a Rita Ora. E esse já é um assunto fora do projeto CheckMate, é importante salientar. Então, onde é que foi parar a Iggy Azalea, que deu o primeiro single americano à artista brasileira, ou a Pabllo Vittar e o Major Lazer? Afinal, Sua Cara quebrou a internet no dia de seu lançamento. No mínimo, quem acompanhou a Anitta sabe da importância da Iggy e de Sua Cara na carreira da artista. E a falta deles só deixa claro que todos que ali estavam foram escolhidos a dedo e só relataram o que era conveniente para a Anitta. Sem polêmicas e sem críticas.

E, como se não pudesse piorar, há uma glamourização em relação à Anitta. E isso pode incomodar bastante, digo isso por experiência própria. No fim, Vai Anitta é só uma produção feita para rasgar elogios para a artista. Tudo é muito plástico, formal, ensaiado e as únicas cenas que realmente parecem naturais são os momentos de descontração da cantora com os amigos.  Podemos definir o documentário como uma propaganda publicitária da Anitta, e a verdade é que, se quiséssemos ver este estilo de doc, poderíamos ver os vários quadros dos programas dominicais na TV aberta, onde temos pessoas falando coisas boas para determinado famoso, bem aos moldes do Arquivo Confidencial, do Faustão, ou História de Vida, da Eliana. Produzir um documentário é muito mais do que se autopromover… é mostrar-se humana. E isso falta em Vai Anitta.

Universitário, revisor. E fotógrafo nas horas vagas.

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