Crítica | Predadores Assassinos (Crawl)

Nota
3

Uma jovem bonitinha (Kaya Scodelario), que está mal com a separação dos pais e não tem visto o pai com tanta frequência, resolve resgatá-lo de um furacão que está chegando na cidade, na volta da natação, quando surge uma ameaça de romper uma barragem próxima. O problema é que seu pai, no entanto, está preso no porão da casa com um terrível machucado na perna e, de quebra, na companhia de – pelo menos – dois imensos jacarés. É aquele plot que todo mundo já conhece de diversos outros filmes.

Predadores Assassinos é um primo legítimo de Águas Rasas (2016), de Jaume Collet-Serra. Talvez com um pouco menos de elegância e um tanto mais de sangue, mas a mesma força e honestidade. O diretor francês Alexandre Aja tem um gosto muito parecido com Collet-Serra para a agilidade narrativa e para essa lógica de game bastante assumida – tanto pelos obstáculos do roteiro como pela estética. Os enquadramentos dele são bem precisos e dinâmicos, trabalhando com inteligência tanto os planos subjetivos como os zenitais. Visualmente ele faz miséria com um ínfimo orçamento de 12 milhões e, ainda que o CGI seja super aparente, os efeitos são suficientemente convincentes, e a direção de arte é muito imersiva.

É uma pena que o cineasta – tão consagrado pela violência gráfica extrema de Alta TensãoPiranha 3D Viagem Maldita – não esteja tão solto quanto poderia. Ele lida muito bem com os espaços fechados e ao menos três jumpscares funcionam, mas o filme é muito preso a esse heroísmo seguro e a uma dramatização ultra genérica do backstory dos personagens. Kaya Scodelario segura bem o papel “Blake Lively da vez”, ainda que – ao contrário de Águas Rasas – a cenografia não funcione em função da sua presença.

De todos os filmes de Aja, este aqui é provavelmente o mais pasteurizado, mas prova novamente o porquê de os diretores de terror independente serem tão constante requisitados para grandes produções (Sam Raimi, James Wan, Scott Derrickson, David F. Sandberg e tantos outros); se com tão pouco dinheiro e roteiros tão esquemáticos eles são capazes de tirar doses genuínas de diversão, imagina com todo o aparato da grande indústria à sua disposição…

De Recife (PE), Jornalista, leonino típico, cinéfilo doutrinador.

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