Crítica | Elvira, A Rainha das Trevas (Elvira, Mistress of The Dark)

Nota
4

“Eu não sou do tipo de garota que realiza os sonhos… eu só tenho pesadelos!”

Anfitriã de um programa de baixo orçamento sobre filmes de terror, Elvira (Cassandra Peterson) sonha em se apresentar em Las Vegas e, depois de ser vitima de assedio pelo novo proprietário da emissora, ela decide jogar tudo para o alto e seguir seus instintos. O único problema é sua falta de dinheiro.

Mas tudo muda quando a artista recebe a notícia que sua tia-avó faleceu, deixando uma herança para a sobrinha. Animada, ela parte para o interior do país em direção a pequena Fallwell, Massachusett onde encontra uma cidadezinha pacata e conservadora que não fica nada feliz com sua presença. Elvira representa tudo o que eles mais odeiam e reprimem, causando um alvoroço entre os jovens do local.

Lá a descobre que herdou uma mansão caindo aos pedaços, um cachorro poodle e um velho livro de receitas que desperta o interesse em seu tio Vincent Talbot (William Morgan Sheppard). Presa na cidade que a detesta e sem saber como conseguir o dinheiro que precisa, Elvira vai virar a cidade de cabeça pra baixo enquanto descobre segredos sombrios sobre seu passado e o poderoso legado de sua família.

Considerados por muitos um clássico dos anos 80/90, Elvira, A Rainha das Trevas é assumidamente um filme trash. Mas, engana-se quem acha que o longa se resume a isso. Ele se mostra muito a frente do seu tempo e ganhou um estado tão icônico que atravessou décadas sem jamais cair no esquecimento.

Dirigido por James Signorelli, o longa tem um assunto pontual pouco explorado na década de sua criação: o empoderamento feminino. Sim, o longa possui demasiada piadas sobre sexo, e sim, ele possui extensos closes nos dotes de sua protagonista. Mas Elvira tem plena ciência de seu corpo e não deixa ninguém chegar perto dele sem seu consentimento. Em vários momentos o longa demonstra o quão erradas são certas atitudes e não tem medo ao dar poder a mulher quando tal assunto era considerado um tabu.

Misturando humor e terror, o longa ainda aborda a hipocrisia de uma sociedade conservadora ao dar falas tão persistentes (e, por que não, atuais) a personagens que demonstram seu repúdio ao que é diferente. A crítica social é tão latente que o filme poderia se passar nos dias atuais sem nenhuma dificuldade, nos mostrando o quão retrógrada a sociedade pode se tornar se controlada pelo medo.

Elvira não tem medo de ser quem ela é. Sonhadora e destemida, a Rainha das Trevas se tornou um ícone pop com toda sua força e sensualidade. Sua personalidade é tão marcante que é impossível não lembrar de suas cenas. Ela rouba a atenção e sabe disso, além de possuir um humor negro acertado que nos faz gargalhar sem ao menos notar.

Castidade Pariah (Edie McClurg) é um dos pilares da cidade. Defensora dos “bons costumes”, ela fica horrorizada com a presença de Elvira, virando todos da cidade contra a moça. No fundo, todo seu moralismo não passa de uma faixada e, em vários momentos, ela prefere culpar os outros por sua atitude. Servindo como capacho para os atos de Vicent e, sem ao menos perceber, servindo como peão em seus planos nefastos. Castidade serve para mostrar toda a hipocrisia que vive sobre o manto da classe conservadora, trazendo questionamentos palpáveis ao nos apresentar toda a podridão e desejo reprimido por baixo dos panos.

Repleto de cenas marcantes e com uma historia bem desenvolvida, Elvira, A Rainha das Trevas é um trash pró-moderno que não tem medo algum de tratar seus temas. Encarnando uma das personas mais carismáticas dos últimos 30 anos e dando uma realidade nua e crua sobre o preconceito hipócrita sobre o que é considerado diferente. Além de nos proporcionar alguns dos momentos mais icônicos da nossa infância que dificilmente serão esquecidos.

“Pra vocês, sonhos terríveis!!!”

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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