Resenha | O Nome do Vento

Nota
5

“Há três coisas que todo homem sensato deve temer: o mar durante a borrasca, as noites sem lua e a ira de um homem gentil.”

Kote é um estalajadeiro calmo que vive em uma pequena cidade no meio do nada, junto com seu jovem aprendiz, Bast, ele cuida da Pousada Marco do Percurso, um point local onde um grupo de trabalhadores reúne-se para conversar, beber e escutar estórias. Mas o tempo anda difícil, a estrada não é mais segura e são poucos que se comprometem a percorrê-la nesses dias sombrios. Alguns acontecimentos macabros começam a acontecer próximo a pacata cidade, levantado temores que antigos que por muitos eram considerados contos infantis.


Em meio a esse ar de desconfiança e assombração um misterioso homem chega a Pousada, ele se denomina O Cronista e procura um herói lendário para contar sua historia como realmente aconteceu. Sabendo que Kote é mais do que aparenta ser, o homem insiste para que o mesmo conte sua historia, afinal, o silencioso estalajadeiro já teve outros nomes, muitos com a qual homens comuns passaram a temer e outros que qualquer um invejaria, mas nasceu como Kvothe, um Edena Ruth que viria a se tornar uma lenda viva.

Kvothe concorda em contar sua historia ao Cronista, mas precisara de três dias para conta-la como se deve. Três dias inteiros e nada menos do que isso. Intrigado com a proposta o Cronista aceita e começa a anotar os acontecimentos narrados pelo estalajadeiro. Um historia repleta de amores, crueldade e ambição. Uma historia crua e cruel, onde heróis e vilões se misturam em um só. Uma historia que você já deve ter escutado de uma maneira diferente em frente a uma calorosa fogueira. É, você já deve ter escutado falar de Kvothe…


Quando pegamos esse monstruoso livro nas mãos, mal temos ideia da complexidade que nos aguarda em suas paginas, a desenvoltura de suas tramas e a profundidade de seus personagens encanta de uma forma sublime e profunda. O Nome do Vento é o primeiro livro de uma trilogia fantástica criada por Patrick Rothfuss. O universo da Crônica do Matador do Rei é tão bem estruturado que enche os olhos em quem se aventura em seus domínios.

O livro narra o primeiro dia das crônicas contadas por Kvothe, desde a sua infância como membro do Edena Ruth ate sua ingressão na Universidade, onde começa a sua lenda em busca de se tornar um Arcadista para descobrir os segredos por trás dos Chandriano, um grupo perverso e misterioso que trucidou a família de Kvothe quando ele ainda era apenas um garoto, mas é aceito por muitos como uma historia infantil e sem base real. O livro se alterna entre primeira e terceira pessoa, costurando entre a narrativa de Kote e os acontecimentos na Pousada, que se mostram tão importantes quanto a historia em si. A escrita é sedutora e fluida o que nos faz percorrer as 650 paginas do livro sem nem ao menos notar.


A magia apresentada por Patrick é muito mais concisa do que em outros livros do mesmo gênero. O autor cria uma logica para seus encantos e os torna uma ciência naquele mundo, nada está la por puro acaso, existe toda uma logica por trás das ligações e estudos, que nos fazem analisar tudo com um grau cientifico e entender como as coisas funcionam em seu mundo. E uma das coisas mais poderosas nele são os nomes, saber nome de algo te da o poder sobre aquilo.

Acompanhamos o jovem Kvothe, um rapaz curioso e destemido que sempre teve um pensamento ágil e uma mente de dar inveja a muitos, e sua serie de desventuras ao longo do caminho. Vemos sua transformação e o inicio da lenda que se formaria com seu nome e ficamos ansiosos com o que vem com as próximas paginas da sua trajetória. Mas Kvothe não é o único personagem interessante da saga. Conhecemos o excêntrico Elodin (professor na Universidade que sabe mais do que revela e sabe nomear as coisas), a encantadora e cruel Denna (que possui vários nomes e varias maneiras de conseguir o que quer), a misteriosa e doce Auri (uma jovem que vive no subterrâneo da universidade e nos encanta com seu jeito doce de ser. Tão encantadora que ganhou o próprio livro que já chegou em solo brasileiro) e o sedutor e encantado Bast ( um ser encantado que se disfarça de humano e tem suas próprias ambições e motivos para escutar a estória do seu mestre, um dos meus personagens preferidos, diga-se de passagem).


O livro chega às terras tupiniquins pelas mãos da Editora Arqueiro, que demostra o cuidado de um Cronista ao contar a imponente saga de Kvothe. A imagem de capa criada pelo brilhante Marc Simonetti encanta tanto quanto o trabalho gráfico da editora. A tradução se mostra esplendida e as paginas amareladas são confortáveis aos olhos. O livro é de um esplendor digno de uma saga maravilhosa.

O Nome do Vento é um livro que deve ser apreciado e analisado com todo cuidado pois nada esta lá em vão e muitas coisas estão escondidas em sua trama, prontas para serem descoberta pelos olhos curiosos que sabem o que procuram. É o primeiro passo para uma saga que vai transcender gerações e encantar milhares de pessoas ao redor do mundo com uma trama rica e perspicaz que enche os olhos de quem aprecia uma boa obra.

“É por isso que as histórias nos atraem. Elas nos dão a clareza e a simplicidade que faltam à vida real.”

 

Ficha Técnica
 

Livro 1 – A Crônica do Matador do Rei

Nome: O Nome do Vento

Autor: Patrick Rothfuss

Editora: Arqueiro

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Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

Respostas de 2

  1. Olá Phael, tudo bem? Excelente resenha do meu livro preferido.

    A título de curiosidade, o terceiro volume da série ainda está SEM PREVISÃO de lançamento, infelizmente ?

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