Crítica | Atração Mortal (Heathers)

Nota
3

“What’s your damage?”

No Westerburg High School, três figuras soberanas reinam sobre os demais adolescentes. Intocáveis, poderosas e incontestáveis as Heathers vivem para serem adoradas e ditaram o que é ou não legal no colégio. Veronica Sawyer (Winona Ryder) sabe bem disso e é por esse motivo que agarrou com unhas e dentes a oportunidade de fazer parte do grupo. Mas, quanto mais próxima das garotas mais ela deseja não ter feito essa escolha.

As Heathers não tem nada gentil a dizer, ou fazer, para alguém. Seus egos inflamados e a constante humilhação aos colegas começam a irritar Veronica, que deseja mais que tudo voltar a sua antiga vida. Durante um almoço, a garota conhece JD (Christian Slater), um jovem misterioso que começa a fazê-la acreditar que talvez o mundo seja um lugar melhor sem suas amigas.

Após uma seria discussão com Heather Chandler (Kim Walker), a líder do grupo, Veronica se entrega completamente a JD mas, já que sua vida esta arruinada, ela decide pregar uma última peça em sua rival. O que ela não esperava é que devido a um beijo do novo namorado, ela trocasse a xícara que preparou para Heather por uma repleta de produto de limpeza que culminou com a morte da patricinha. Desesperada, Veronica escuta o conselho de J.D. escrevendo uma falsa carta de suicídio para Heather e escapando do local. Mas, essa carta desencadeia uma serie de eventos sinistros que a garota nem sonharia em imaginar nos seus piores pesadelos.

O cenário adolescente sempre foi amplamente abordado nas telonas. Seus dilemas, amores e dramas foram tão perpetuados que se tornou algo intrínseco nos filmes do gênero… até a chegada das Heathers. Trazendo um humor sombrio e temas pesados, Atração Mortal chuta o balde das criações fofinhas com final felizes para mostrar que a mídia não faz ideia do seus jovens estão fazendo.

O filme dirigido por Michael Lehmann trás um humor escrachado e ácido com figuras caricatas e sem nenhum pingo de bondade. Todo mundo no longa esta longe da inocência. São figuras cruéis, sarcásticas que estão pensando em seu próprio umbigo e não dando a mínima para como o próximo vai se sentir.

Veronica é a representação disso. Mesmo não concordando com tudo que sua amiga/rival faz, a protagonista prefere se calar e fazer a vontade da mesma. A personagem é movida pela vingança e, mesmo que se sinta arrependida ao longo do caminho, pouco faz para parar a loucura na qual sua vida se transformou.

Heather Chandler é a personificação da patricinha que só se importa em ser popular. Autoritária e sem um pingo de empatia, ela humilha, controla e destrata descaradamente suas colegas. Mas, quando morre, ela ganha uma nova camada, sendo idealizada como incompreendida e passando a ser ainda mais adorada por seus colegas. Heather Duke (Shannen Doherty), que passou boa parte do filme sendo humilhada pela líder, assume o manto de sua antecessora e se torna alguém tão cruel quanto ela. Heather McNamara (Lisanne Falk) é considerada a mais vazia das três, sem personalidade aparente e servindo apenas de capacho para suas amigas. No entanto, é uma das poucas personagens que ganha um arco redentor e mostra o real problema de não ser ouvido no cenário caótico que o filme constrói.

JD é manipulador e psicótico. Utilizando seu charme, o bad boy faz de tudo para levar em frente seu plano tenebroso, pregando o caos no colégio. Ele não pensa duas vezes antes de se livrar de quem entrar no seu caminho e utilizar os sentimentos vingativos de Veronica ao seu favor, manipulando e controlando toda a ação em uma decadente onda de assassinatos disfarçada de suicídios. O rapaz se diverte com o caos e isso aumenta sua sede de sangue, trazendo a tona algo perturbador que ninguém parece notar.

O longa ainda aborda como a mídia, os pais desatentos e os professores tratam o suicídio. Transformando todo o ato em uma celebração em vez de discutir o real problema. O filme trás isso de maneira latente quando Martha (Carrie Lynn) chega a seu limite em uma cena dramática, e ninguém parece se importar, levanto o ato como uma tentativa de imitar os populares que foram endeusados.

Com um roteiro acido e temas cruciais sendo satirizados, Atração Mortal marcou um gênero e criou a base para que tantas outras obras fossem construídas. O filme nos mostra o quão vazio e cruéis os jovens podem ser em seu microverso, trazendo criticas ainda atuais e nos fazendo indagar se não podemos ser minimamente melhores daqui para a frente.

“Amanhã eu estarei beijando seu traseiro de aeróbica, mas hoje deixe-me sonhar com um mundo sem a Heather. Um mundo onde sou livre.”

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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