Review | She-Ra e as Princesas do Poder [Season 4]

Nota
4.5

“Aonde você escolher ir, sempre estaremos com você, lado a lado,
[…] Principalmente se no caminho tiver um monstro gigante de cristal.”

Após o sacrifício da Rainha Ângela, o reino de Lua Clara precisa de uma nova líder, e é nesse momento que Cintilante precisa passar pela fase mais dificil de sua vida: Assumir o trono do seu reino. Essa nova fase não atinge apenas a princesa, chegou a hora de Adora rever o quão forte ela é e buscar mais informações sobre o passado de She-Ra, através dos vestígios do passado de Mara, enquanto Arqueiro precisa assumir o posto de general e lutar para impedir o reino de ser tomado pela HordaFlora começa a rever sua capacidade, Huntara precisa reassumir o Deserto VermelhoSerena precisa achar novamente suas motivações, Scorpia passa a rever seu posto como princesa e viver uma aparente redenção, aos poucos vamos vendo a amizade de Adora e Cintilante sendo consumida pela necessidade de responsabilidade que cada uma vai tendo, enquanto Adora quer ser uma She-Ra melhor, Cintilante se une a Sombria para explorar toda sua magia e ser mais útil na luta contra Hordak, e eis que surge uma grande ameaça: Double Trouble, um metamorfo que surge como apoio da Horda e infiltra-se na Rebelião.

O novo ano da série volta a nos mostra velhos personagens sob novas roupagens, é assim que somos apresentados aos novos Grox, o troll que agora é um dos habitantes do Deserto Vermelho, e Double Trouble, que era um agente da rebelião sobrinho de Cintilante e agora surge como apoio da Horda, ao mesmo tempo que podemos finalmente conhecer a Mara, com mais vestígios surgindo a cada episódio e , em “Hero” (4×09), um elo extremamente gratificante através da Madame Rizzo, que nos leva a ver a verdade por trás da história de Mara, a verdade sobre seu surto, a verdade sobre as intenções dos Primeiros e o Coração de Éteria. Tudo nesse novo ano parece nos fazer rever todos os conceitos que a série construiu, nos fazer repensar que não há verdadeiramente heróis o tempo todo e que o bem pode ter causado muitos problemas a ponto de mostrar uma face do mal, saber a verdade sobre os primeiros e seus objetivos muda a visão de tudo.

É incrível como, apenas dois meses após a estreia da terceira temporada, a produção de She-Ra e as Princesas do Poder conseguiu lançar uma quarta parte de 13 episódios para seguir com um novo arco e uma nova atmosfera, nos levando num caminho mais maduro para todos, mais decisivo, mais surpreendente e sempre mostrando que a diversidade é o principio essencial ao mesmo tempo que ganha uma nova pegada ao nos mostrar que nem todos são tão bons quanto achávamos ou tão ruim quanto parecem. Começamos a ver um coração e emoções por baixo de camadas sombrias de Hordak  e Felina, ao mesmo tempo que começamos a ver um egoismo florescer dentro de Adora e Cintilante, e que o passado de Mara revela o quanto os Primeiros e Esperança da Luz são seres egoístas e maléficos. A quarta temporada chega para fechar oficialmente o ciclo planejado por Noelle Stevenson, que desde 2018 estava construindo uma série de quatro temporadas, o que nos deixa na dúvida se teremos realmente uma quinta temporada (que está extremamente necessária depois de um final tão aterrador) e essa temporada pode ser a final (nos deixando apreensivo sobre a possibilidade de união entre She-Ra e He-Man, que está cada vez mais possivel).

O show de Noelle atingiu um patamar que nos surpreende, não só por sua desenvoltura exemplar, mas por mostrar que mesmo após uma primeira temporada extremamente negativada, tanto por quebrar o padrão visual quanto por ferir os sentimentos dos nostálgicos oitentistas, foi possivel assumir uma identidade própria, criar uma trama independente e, principalmente, não foi preciso usar o Príncipe Adam ou os problemas de Grayskull para construir uma She-Ra, assim como não foi preciso desenvolver a realeza por trás da origem de Adora, ao mesmo tempo que a trama foi construída para deixar as brechas necessárias para seguir o caminho clássico sem deixar falhas no enredo. A série aos poucos nos conquistou e nos deixou apreensivos para ver o surgimento do He-Man na trama, mas não para vê-lo como um protagonista e sim para vê-lo como uma homenagem às origens, para ser uma ode à mitologia original. Por falar em mitologia original, Noelle teve a maravilhosa escolha de estar sempre, temporada após temporada, resgatando personagens da versão original, reconstruindo-os de uma nova forma e desconstruindo tudo que achávamos saber sobre a história de Éteria.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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