Nota
“O Serpente voltou.”
Se passaram alguns meses desde que Lúcia e Enzo saíram de Aguazul, onde tiveram contato com o escolhido e acabaram conhecendo uma nova (e praticamente incurável) mutação do Vírus Zika. Agora, depois que Enzo descobre estar contaminado pela doença e infecta Lúcia, cabe à dupla fugir dos agentes de saúde para evitar a quarentena ao mesmo tempo que tentam voltar para cidadezinha dO Escolhido. Na cidade isolada, vemos o medo inundar o ar, temos a volta dO Serpente, um misterioso mal que antagoniza o homem santo, a morte iminente de Angelina, que precisa repassar sua função de Vida do Escolhido, e a chegada de Eva, uma misteriosa mulher que parece querer mais do que apenas a cura em Aguazul.
A segunda temporada da série, escrita e co-produzida por Raphael Draccon e Carolina Munhóz, prossegue com a complexa trama pautado em cima do embate entre ciência e religião, temos o Escolhido trilhando novos caminhos, curando forasteiros e se tornando famoso pela região, o que atrai a atenção de uma jornalista que busca conhecer mais a fundo sobre os poderes do tal milagreiro. Em contraponto, temos Lúcia tendo que voltar para o vilarejo que jurou nunca mais pisar, na esperança de impedir sua morte iminente e tendo que se preparar para encarar todos os problemas que deixou para trás quando fugiu de Aguazul, todo o nojo que possui da religião fanática que ela enxerga em cada morador daquele local, a obsessão que o Escolhido tem nela e a tensão sexual que existe toda vez que o olhar dela e de Mateus se cruzam.
O novo ano tinha tudo para dar certo, principalmente depois de vermos todo o potencial que foi deixado para trás na finale da primeira leva de episódios. Vemos Paloma Bernardi seguir com seu árduo caminho à lordose após seguir carregando toda a série nas costas, mas também vemos a atriz começar a dividir o peso com a personagem de Giselle Itié, que parece trazer uma subtrama bem plausível, jogando no ventilador a controvérsia por trás da existência do Escolhido, que parece ser mais um dos milagreiros que vem surgindo pelo mundo desde a idade medieval, nos levando a enxergar a possibilidade de ser um charlatão por trás dos poderes ou de os poderes do Escolhido serem na verdade o mal que tanto assombra o seu povo. O personagem de Gutto Szuster segue sendo odioso a ponto de não sentirmos simpatia por ele nem nos momentos de maior sofrimento e sentimentalismo, por outro lado ficamos divididos ao presenciar Renan Tenca, que oscila no papel dO Escolhido e dO Serpente, se mostrando ser os lados da mesma moeda, o bem e o mal, o equilíbrio e o caos, mas sendo claro o tempo todo que não sabemos qual dos dois é realmente ruim.
Tuna Dwek nos surpreende com as novas camadas que constrói em Zulmira, revelando rachaduras no muro de fé que a rodeia e nos levando a enxergar uma sensibilidade e rebeldia dentro da rígida mulher de Mateus, a irmã exemplar que parecia perfeita e começa aos poucos a mostrar falhas, ou melhor, vulnerabilidades. Mas é em Pedro Caetano e Alli Willow que temos a maior confusão da trama, ficamos sem ver ao certo qual o verdadeiro objetivo deles, até que ponto eles desejam ser altruístas e até que momento eles querem ser egoístas, até que ponto Dr. Damião está comprometido com a causa e até que ponto Angelina está disposta a ir para não perder seu posto?
No fim dos seis episódios, lançados na Netflix em 06 de Dezembro de 2019, fica claro que temos uma barriga em forma de temporada, que parece apenas enrolar o tempo todo e não levar a progresso nenhum, nos deixando sim com expectativa para uma terceira temporada, mas deixando claro que esperamos seis meses por algo que não levou a canto nenhum, enchendo linguiça e parecendo que estamos ainda esperando a segunda temporada de verdade chegar.
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.
