Crítica | Três Anúncios Para Um Crime ( Three Billboards Outside Ebbing, Missouri)

Nota
4

Inconformada com a ineficácia da polícia em encontrar o culpado pelo brutal assassinato de sua filha, Mildred Hayes decide chamar atenção para o caso não solucionado alugando três outdoors em uma estrada raramente usada. A inesperada atitude repercute em toda a cidade e suas consequências afetam várias pessoas, especialmente a própria Mildred e o delegado Willoughby, responsável pela investigação.

O que o sentimento de impotência pode causar em um ser humano? Há sete meses atrás Mildred Hayes, interpretada por Frances McDormand, teve a sua filha assassinada de uma maneira brutal. Depois de esperar que o crime fosse solucionado, a mãe se vê totalmente desolada, solitária, como se fosse a única que ainda verdadeiramente se importa com o que aconteceu. Com esse sentimento de impotência, ela decide alugar três outdoors e espanar toda sua frustração com a policia local.

Frustrada, exausta e sendo maltratada por todos, Frances McDormand entrega uma personagem forte e que não tem medo de enfrentar as consequências dos seus atos. Suas motivações são claras do primeiro ao último minuto do longa, e mesmo com frases e expressões fortes, são nos momentos de silêncio da sua personagem que sentimos muito mais toda a dor que ela carrega. Não é à toa que a atriz chega como favorita ao prêmio do Oscar de melhor atriz principal.

Três Anúncios Para Um Crime é contado através das suas brilhantes atuações. Enquanto temos a protagonista totalmente desolada com sua perda, temos uma dupla de policiais que fazem tudo para se manter com as pessoas nas quais têm por perto. Woody Harrelson e Sam Rockwell entregam performances tão fortes quanto a de McDormand. Harrelson talvez seja um dos atores mais subestimados da sua geração, mas não parece se importar com isso. A jornada do personagem de Rockwell é uma das mais interessantes que assistimos nos cinemas nos últimos anos.

O diretor Martin McDonagh sabia que tinha em mãos uma história absurdamente interessante, e com atuações fortes, o diretor parece ter decidido não tentar “enfeitar” muito, e por isso, sua direção é segura, porém nada além disso. A produção é levada pelo seu roteiro extremamente surpreendente, e seu elenco com qualidade elevada ao extremo.

Enquanto alguns filmes que estão correndo na categoria melhor filme preferem apostar em belas fotografias, efeitos especiais, edições de som e imagem apuradas ( A Forma da Água e Dunkirk), o grande favorito do Oscar prefere apostar em contar uma história imprevisível e com atuações marcantes.

 

Formado em publicidade, crítico de cinema, radialista e cantor de karaokê

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