Nota
Em 1600, Ade (Antonia Fotaras) auxilia sua avó nas realizações de partos em Roma, até que os poderes da jovem acabam despertando, a proporcionando uma visão do futuro onde o bebê dos Bernandini é submetido ao portal da morte. Logo vemos a noticia do falecimento do recém-nascido, quando as mulheres acabam sendo acusadas de assassinato e Ade precisa fugir, levando junto seu irmão, Valente (Giada Gagliardi), e se guiando apenas pelas informações deixadas pela avó, e o livro que contem uma magia suprema que os leva a uma cidade perdida habitada por um poderoso clã de bruxas.
Utilizando como principal inspiração o livro “Le Città Perdute – Luna Nera” (As Cidades Perdidas – Lua Negra), de Tiziana Triana (que também contribuiu no roteiro), a nova série italiana original da Netflix se desenvolve com uma equipe formada, quase que completamente, por mulheres, desde a direção até o roteiro e o elenco. Com apenas seis episódios, e uma duração media de 45 a 55 minutos, o show gira em torno da opressão de um grupo de mulheres enfrentando acusações de bruxaria durante o século 17, seguindo um regime de punição rigoroso imposto pela cultura machista.
Aos poucos vamos nos aprofundando no clã liderado por Tebe (Manuela Mandracchia), que ao lado de Leptis (Lucrezia Guidone), Janara (Frederica Fracassi) e, a futura amiga confidente da Ade, Persepolis (Adalgisa Manfrida), vão nos acompanhando até o final da primeira temporada e tratando diversos dilemas. Na contra balança temos Pietro (Gigio Belli), um rapaz formado em artes medica que viveu uma intensa paixão pela jovem bruxa, renegando a todo custo às origens dela, chegando ao ponto de enfrentar o seu pai, Sante (Giandomenico Cupaiulo), o responsável pela reunião dos religiosos para a caça às bruxas.
A série vai se desenvolvendo aos poucos, mas é só a partir do quarto episódio que vamos tento a maioria das revelações, tanto por meio das informações concedidas pelas bruxas quanto viajando ao passado para conhecer as origens dos personagens e descobrir o segredo de Valente e dA Escolhida. Com uma fotografia impecavelmente, a produção explora os cenários de forma a apresentar todo o enredo de uma forma extremamente harmoniosa, alternando entre ambiente com luzes e escuridão, além de nos entregar efeitos gráficos na dosagem correta.
Com mensagens sobre o empoderamento, auto-aceitação, e apoio as mulheres, Luna Nera consegue cativar os telespectadores sem apelar para artifícios clichês, que normalmente encontramos em narrativas envolvendo bruxas. A série trabalha perfeitamente seu timing, caminhando por seus seis episódios sem perder o nexo e a coerência de continuidade. Explicando com real clareza todos os detalhes e reviravoltas, que só surgem realmente de meados da série ao final da temporada, a série prova que o total entendimento do enredo é restrito àqueles que deram bastante atenção a cada detalhe. E mesmo que deixe uma pequena brecha para uma segunda parte, o show consegue entregar um trabalho memorável que se fecha bem ainda em seu primeiro ano.