Review | Onisciente [Season 1]

Nota
4

“Robôs monitoram grandes espaços a procura de atividades suspeitas.”

Numa cidade monitorada por drones 24 horas por dia, vive Nina Peixoto, uma trainee de uma poderosa empresa de tecnologia que está na corrida de testes que podem garantir sua efetivação. Num certo dia, após um avança na corrida, a garota vai para casa pronta para comemorar com seu pai, mas o encontra morto, baleado pelas costas, com seu drone o vigiando, mas sem nenhum alerta de crime relatado. Agora cabe à menina lutar contra um inimigo invisível para desvendar o mistério de quem é o assassino de seu pai, mesmo que para isso tenha que lutar contra a prefeitura, seu chefe, a lei e o bom senso.

Devo, primeiramente, salientar que a frase no inicio desse review não veio da série, mas sim do “Segurança”, que faz parte da série de comerciais “Inovação”, da Rede Globo. A frase surge no inicio do review por ser exatamente a definição de Onisciente, série brasileira lançada pela Netflix e que foi criada por Pedro Aguilera, que além de já ter emplacado um sucesso distópico com 3%, volta a trabalhar com um elenco bem global nessa série. A série, que mistura ficção cientifica e distopia, nos apresenta um futuro quase atual, mostrando uma cidade isolada onde O Sistema, uma rede de drones minúsculos que parecem insetos e vigiam todos os habitantes desse município, prevalece. Trabalhando com um roteiro envolvente e uma fotografia que preenche a tela com um ar utópico, vemos Pedro provar que um raio pode sim cair duas vezes no mesmo lugar, e que ele é capaz de emplacar duas séries de sucesso seguidas.

Apesar de, em certos momentos, parecer forçada demais, Carla Salle consegue construir em Nina uma personagem multifacetada, Nina é a funcionaria perfeita, com os motivos perfeitos e com uma inteligencia indescritível, é incrível como ela assume tantas personalidades durante a trama, a ponto de ficarmos sem saber se o relacionamento dela com Vinícius (Jonathan Haagensen) é algo real ou apenas uma estrategia para conseguir chegar até o assassino de seu pai, e ao ponto de nos tocar empaticamente a cada crise de hiperidrose palmar, que nos leva ao nervosismo junto com ela. Judite Almeida, que é vivida por Sandra Corveloni, é outra das incógnitas da série, já que não sabemos as verdadeiras intenções da funcionaria da prefeitura e nem quais motivos ela tem para incentivar Nina a burlar as leis e acessar o banco de dados do Onisciente. Mesmo explorando um mundo onde todos são vigiados 24 horas por dia, a trama ainda consegue nos mostrar que todos tem algum segredo, algo que temem ou que preferem que seja esquecido, e é justamente essa premissa que nos faz desejar entender mais a fundo o motivo que levou à morte de Inácio e, principalmente, quem é a pessoa que pode ser tão poderosa a ponto de cometer um homicídio e não ser pego pelos drones.

Rapidamente considerado a Black Mirror Brasileira, a série nos leva profundamente na questão dos avanços científicos, nos levando a pensar no conceito de crimes e de até onde a vigilância irrestrita pode ser prejudicial, nos levando até a questionar até onde os protocolos de privacidade são realmente uma garantia de segurança e nos brindando com uma linda referência a Mr. Robot. Apesar de a série focar em Nina, ela ainda consegue desenvolver subtramas que nos leva a conhecer outros comportamentos causados pela vida sob vigilância, com as experiencias de Daniel e as aventuras de Olivia, que nos mostram o quanto os drones podem afetar o psicológico das pessoas e mudar seus comportamentos. A série, que foi lançada em 29 de janeiro de 2020 e possui apenas seis episódios, fecha sua temporada indo fundo no quanto Nina está disposta a enfrentar o sistema distópico de seu mundo pelo bem maior de sua causa, e para encontrar a falha nO Sistema que acabou causando a morte de seu pai.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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