Review | Mortel [Season 1]

Nota
3.5

Desde que seu irmão, Reda, desapareceu, Sofiane está passando pelos piores momentos de sua vida. Mas quando Obé, um Deus Voodo, surge em seu caminho, ele se junta a seu amigo, Victor, para fazer um pacto e adquirir poderes que possam ajuda-los a solucionar o mistério por trás do assassinato de Reda, o que acaba os unindo a Luisa, a neta e assistente de uma poderosa praticante voodo. Cabe agora à dupla, que possui poderes psíquicos, de leitura de mentes e de controle mental, achar o assassino de Reda e da-lo uma justa punição,

Com leves tons de suspense e sobrenatural, a série francesa criada por Frederic Garcia, e que estreou na Netflix em 21 de novembro de 2019, usa bastante elementos da cultura voodo para construir uma aventura obscura, que possui pequenos toques de ação e terror. A trama gira em torno da raiva de Sofiane, que parece alimentar a essência de Obé e que fortalece seus poderes, assim como fortalece Victor, e que os coloca nas mãos de Luisa, que pouco a pouco percebe as verdadeiras intenções de Obé, se aliando aos garotos nessa investigação, mesmo contrariando as recomendações de sua avó, Elizabeth, que deixa claro os perigos resultantes da presença de Obé na terra.

Com uma fotografia cheia de tons escuros e filtros quentes, o show consegue nos guiar com um clima digno de um bom filme de terror, onde esperamos ver a qualquer momento surgir um assassino de origem sobrenatural, e que se contrapõe perfeitamente com as cenas de Obé, que banham a tela de tons avermelhados que remetem ao fogo que emana do deus e, facilmente, nos faz sentir o poder submundano que o mesmo possui, criando uma atmosfera perigosa que nos faz respeitar os conselhos de Elizabeth. Apesar de ter um roteiro que se enrola em alguns pontos de sua construção, fica clara a competência de seus roteiristas, que criam seus protagonistas como personagens dúbios, que são culpados de seus atos ao mesmo tempo que projetam suas motivações inocentes.

Victor (Nemo Schiffman) se envolve em toda essa confusão quando percebe que precisa defender seu amigo, precisando lutar contra seus demônios para controlar um poder que o consome por dentro e pode o matar se ele não conseguir ter um equilíbrio em sua sanidade, já Sofiane (Carl Malapa) é o tipo encrenqueiro por falta de oportunidade, vemos o quanto o garoto amava seu irmão, se submetendo a um pacto que pode mata-lo só para ter a chance de encontrar o assassino de seu irmão e se vingar, cumprir o papel que até a policia deixou para trás. Luisa (Manon Bresch) é completamente cética do mundo voodo, ela conhece seus deuses mas parece ter uma resistência quanto aos poderes de sua avó, quando ela começa a ajudar os garotos, e consequentemente se aproximar de Victor, a garoto começa a imergir cada vez mais em sua herança, tentando achar uma forma de ajuda-los a não ser consumido pela essência de Obé, e acabando por ser levada a pistas sobre um segredo de seu passado. Obé (Corentin Fila), que tem tudo para ser o vilão da trama, é o mais dúbio dos personagens, não sabemos até onde ele quer ajudar Victor e Sofiane e até onde ele quer apenas usar os garotos para se fortalecer e sair do nosso plano, mas a cada capitulo aprendemos sobre uma nova camada do deus, que nos leva a ver mais fundo a escuridão e a bondade que dividem espaço em seu intimo.

Apesar de não ter uma das melhores atuações e não ser completamente bem sucedido em seus efeitos especiais, a série consegue ser bem sucedida em seus objetivos, sabendo contar bem sua história e trazendo uma trilha sonora deslumbrante, sendo considerado por muitos como a melhor produção francesa lançada pela Netflix. A grande falha na série é, infelizmente, sua inabilidade de se manter dentro de um estilo, oscilando o tempo todo entre um suspense sobrenatural e um drama adolescente, o que faz com que alguns de seus episódios sejam confusos, mas que ainda assim deixam no ar uma esperança de que o show tenha uma segunda temporada, onde se engaje melhor para aperfeiçoar seus acertos e corrigir suas falhas.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *