Crítica | Ele Não Está Tão a Fim de Você (He’s Just Not That into You)

Nota
3.5

Gigi (Ginnifer Goodwin) é uma romântica incurável e, depois de um encontro com Connor (Kevin Connolly), ela entra numa enorme perseguição que a fez conhecer Alex (Justin Long), o colega de quarto de Connor que passa a lhe dar conselhos sobre encontros. Connor no entanto é apaixonado por Anna (Scarlett Johansson), uma professora de ioga aspirante a cantora que acaba se envolvendo com Ben (Bradley Cooper), um executivo da industria musical que é casado com Janine (Jennifer Connelly). Janine no entanto trabalha com Gigi e Beth (Jennifer Aniston), a frustrada namorada de Neil (Ben Affleck), o melhor amigo que Ben, que ,depois de sete anos de namoro, está desesperada por um pedido de casamento. Além de tudo isso temos ainda Mary (Drew Barrymore) uma publicitaria que é grande amiga de Anna, que por conta disso acaba sendo contratada por Connor para fazer sua propaganda como corretor de imoveis, e que dedicou sua vida amorosa a pretendentes virtuais e vem sofrendo com toda as incertezas e desencontros de um relacionante a distancia.

Ele Não Está Tão a Fim de Você é uma crônica da vida real, que explora todas as formas de relações e conexões focando em um núcleo bem especifico. Temos uma intensa trama mostrando os diversos tipos de relacionamentos e o quanto as pessoas em sociedade fazem parte de uma teia que as conecta de uma forma inimaginável. Adaptado por  Abby Kohn e
Marc Silverstein
, com base no livro de auto-ajuda escrito por Greg Behrendt e Liz Tuccillo, o longa é tão intenso e complicado que nos cativa com cada um dos personagens.

Gigi é uma sonhadora tão cheia de camadas que logo vemos seu contraste com Anna, que parece viver de relacionamentos tão implícitos e complicados quanto superficiais, caindo de cabeça numa relação completamente condenada ao fracasso. Outro contraste claro existe entre Beth e Janine, enquanto a primeira está lutando por uma relação segura e duradoura, a segunda está numa extrema crise, num casamento cheio de rachaduras que ela tenta disfarçar ao mesmo tempo que a confiança do casal desmorona de forma extremamente clara.

Apesar de os homens do elenco serem tão essenciais para o decorrer da trama, servindo de bases para julgamento e de clichês a serem dissecados, eles não são o foco do enredo, vemos claramente que este é o filme das mulheres, mostrando seu ponto de vista do amor e dos relacionamentos. Por outro lado, também fica claro que este é o filme da  Ginnifer Goodwin, usando a sua personagem como enfoque das ilusões amorosas criadas (e impostas) pelas mulheres, revirando todos os conceitos de encontros, de namoros, de casamentos e de amor, deixando nas mãos de Justin Long a responsabilidade de esmagar toda essa ilusão, endurecendo o doce coração da protagonista.

Todo o elenco vai aos poucos surgindo para não só construir as subtramas que sustentam Gigi, como construir novos pontos de vistas e reconceituar o que entendemos por relação amorosa. O longa nos questiona se Ben realmente ama Janine ou se ama Anna, nos leva a nos perguntar se Anna realmente está com Ben por gostar dele ou só por projetar nele seus desejos e gostar da adrenalina naquela relação, nós nos voltamos para Neil e Beth sendo obrigados a julgar o que é realmente essencial numa relação para se ser feliz.

Com um elenco cheio de estrelas, vai sendo tecido um drama que flerta o tempo todo com a comédia romântica, abrilhantando dessa forma a construção do seu discurso, que mostra suavemente o quanto amar, viver junto e namorar são coisas complexas que se apresentam como simples, nos forçando a racionalizar o quanto estamos vendo o dia-a-dia. A unica falha da produção é a forma como, na tentativa de provar a liquidez dos relacionamentos, cria um turbilhão de informações, trazendo muitos casais a se formar e se separar, criando uma experiencia moral excelente ao mesmo tempo que cria uma experiencia narrativa desagradável, deixando claro que nem sempre tudo que funciona nos livros é capaz de funcionar perfeitamente em um filme.

“Você é a minha exceção.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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