Nota
“Quem sabe o que acontece de verdade quando um videogame começa a dar bug?”
Um grande torneio organizado pela Hinobi, uma grande empresa de videogames, estava prestes a acontecer, reunindo os melhores jogadores do estado para competir pela fama e o reconhecimento. Entre os selecionados para participar do campeonato estão Hector, mais conhecido como High Five, e Miko, ou Me KO, dois grandes jogadores que rapidamente sentem uma empatia que os conecta dentro do jogo, criando uma forte aliança que leva Five a vencer a competição. Mas o que ninguém esperava era que o jogo tivesse um bug, revelando para o mundo uma divisão secreta da Hinobi: os Caçadores de Bugs, um grupo de jovens treinados para caçar os bugs que aparecem em jogos e escapam de suas maquinas, se materializando no mundo real, dando a esses guerreiros alguns pontos de XP que podem posteriormente ser trocados por equipamentos que os ajudam nas missões.
Criado por Eric Robles e Dan Milano, Glitch Techs é o fruto de uma parceria entre a Nickelodeon e a Netflix, mostrando que cada minima aposta do serviço de streaming está rendendo bons frutos, e que a Nick ainda é capaz de nos surpreender com animações tão cativantes e eletrizantes como tantas outras que marcaram nossa história com o passar dos anos. Com apenas nove episódios, de cerca de 20 minutos, a animação nos leva a conhecer Five e Miko a fundo, conhecendo os dilemas da vida pessoal de seus protagonistas e criando paralelos com a vida secreta que eles passam a ter como Caçadores de Bugs, sob o pretexto de estarem trabalhando como vendedores em uma das lojas da Hinobi. O show começa nos criando várias dúvidas ao apresentar os bugs de uma forma bem rápida, mas compensa tudo isso com o passar dos episódios e o treinamento dos protagonistas, mas também peca, e muito, quando o assunto é a mitologia da saga.
Logo de cara somos apresentados a um equipamento de ponta na forma de luvas, que servem como comunicador, arma contra bugs, aprisionamento temporário de bugs capturados e possui a função de apagar a memória dos humanos comuns que presenciam uma atividade de bug, mas logo a série parece ir esquecendo todo o conceito de segurança por trás do órgão secreto, deixando a cidade bem mais deserta do que deveria estar (o que faz com que, na maioria das missões, não surjam transeuntes que precisem ter sua memória apagada) e não tendo esforço nenhum em mostrar as consequências de não se apagar as memórias, principais em casos onde fica claro que alguém viu o bug e foi deixado com sua memória intacta.
Outra grande interrogação é o fato de, logo no episódio inicial, ser mostrado que Miko tem imunidade ao flash que apaga as memórias, mas a série segue seu rumo sem parar em nenhum momento como isso é possivel e nem se já aconteceu esse fenômeno outras vezes. Outro grande mistério na mitologia do show é a chegada de Ally, que é rapidamente apresentada como um NPC que escapou de um antigo jogo da Hinobi mas não vemos uma explicação do por que ele se encontra vagando pela cidade, como sumiu ou por que não se comporta como um bug, deixando tantas dúvidas no ar que nos deixam com a impressão de que os roteirista simplesmente deixaram essas brechas por subestimar seus espectadores, achando que ninguém iria parar e se perguntar sobre a profundidade de sua mitologia.
Surgindo praticamente como uma releitura de Ghostbusters, Caçadores de Bugs nos brinda com imensas homenagens aos conceitos básicos de jogos, criando versões originais que lembram vagamente vários jogos que populam o imaginário do publico em geral ou sendo bem especifico ao citar similares a franquia de grande sucesso, como é o caso de Castlestein, um jogo onde a dupla acaba tendo que entrar para lutar contra um poderoso bug e que é claramente uma homenagem à franquia Castlevania, que até possui um show original na Netflix.
Seguindo numa linha episódica, onde vamos vendo o aprendizado da dupla sutilmente acontecendo, a série acaba se finalizando da pior forma possível, com um episódio solto (assim como todos os outros da temporada), que deixa o público defronte mais de uma interrupção brusca do que de uma finalização. A série, que tem tanto potencial roteirístico e uma rica mitologia (cheia de referencias), acaba se perdendo na sua trama e derrapando violentamente no enredo, jogando fora um show que poderia facilmente figurar no hall das famosas séries animadas da Nickelodeon e da Netflix.
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.