Host Indica | Jogos Mentais [Locke & Key #7 a #12]

“Eles não sabem que um de seus amigos mais próximos é na verdade o inimigo deles…
E que ele não vai parar por nada até ter a chave para a porta negra.”

Agora que TylerKinsey e Bode Locke estão devidamente instalados na Keyhouse, tudo pode parecer calmo, mas a morte de Sam Lesser não é a solução para seus problemas, principalmente agora que Dodge foi libertada, levando com ela a  Chave Paratodolugar, e do desaparecimento da Chave Fantasma. Como se tudo não pudesse piorar, os fantasmas começam a se levantar, ou melhor, um fantasma especifico retorna: Lucas Don Caravaggio, que retorna na flor da juventude e respondendo pelo nome de Zack Wells, será ele mesmo o rapaz que desapareceu há anos ou existe um outro motivo para Dodge assumir sua aparência?

A nova edição de Locke & Key chega introduzida por Joe Ridgeway, um velho que já sofreu muito no passado quando perdeu sua amada Callie, e agora acredita estar enlouquecendo quando viu Lucas vagando nos corredores com Tyler Locke, seria coincidência demais ver o melhor amigo, morto, de Rendell Locke aparecer agora, anos depois, vagando por ai com o filho do homem? Joe surge para nos colocar a par de toda a situação, dando flashes dos rumores do passado, nos dando as informações necessárias sobre a verdadeira identidade de Lucas, além de suas conexões com Rendell Locke, Ellie WhedonMark ChoKim Topher e Erin Voss, o grupo de amigos que passou pelo evento mais misterioso e traumático de toda a história de Lovecraft. Depois de um capitulo integralmente imersivo nos relatos do grande Joe, que surge de forma tão útil e nos ajuda a ficar cheios de perguntas que vão nos impulsionar de forma magistral a querer devorar a segunda parte do Primeiro Ato. Mas é só a partir da edição dois que a história realmente começa, quando voltamos a Keyhouse e começamos a presenciar Bode Locke investigando a função de sua recém-descoberta chave: a Chave da Cabeça.

A forma como esse arco nos leva a conhecer o intimo de Dodge é indescritível, ao mesmo tempo que vamos conhecendo o passado do garoto, revelando quem ele era originalmente e o quanto ele pode ser sádico, o enredo nos prende de uma forma rápida, nos revelando a força que ele possui e o quanto Ellie está sendo manipulada por ele. É nesse arco que conhecemos melhor Rufus, um personagem que se destaca, e muito, com uma discreta subtrama que segue em paralelo com o plot principal. A trama, escrita por Joe Hill, fica cada vez mais semelhante à essência da escrita de seu pai, Stephen King, principalmente quando o autor começa a brincar com os eventos temporais de seu universo. Joe nos leva a diversos pontos da história, jogando retalhos de memórias a medida que a trama vai avançando, retalhos que nos fornecem informações limitadas mas nos prendem em um intenso quebra-cabeça, nos fazendo capturar a essência de cada memória e usa-la como uma peça para construir a personalidade de cada personagem, principalmente o antagonista da história.

Enquanto Bem-vindo à Lovecraft nos leva a conhecer os Locke’s, Jogos Mentais nos leva a conhecer Caravaggio, um garoto que se tornou tão perigoso de uma forma tão misterioso e está pronto para brincar com a mente de todos ao seu redor. É repulsivo ver a forma como ele joga com Kinsey, a forma como ele mata sem nenhum rancor ou a forma como ele brinca com a sanidade de Ellie, nos fazendo odiar cada vez mais o antagonista da edição, algo que fortalece o embate emocional e ideológico que a trama possui. Mas não é só de respostas que o arco vive, Joe sabe dosar vagarosamente o que nos conta, deixando diversas perguntas no ar sobre o passado de Dodge e, principalmente, sobre a fatídica cena final envolvendo Rufus, que faz o garoto (que parecia tão vulnerável) subir repentinamente no conceito e se tornar uma peça tão essencial para o futuro da mitologia que vem sendo construída.

A trama, que ainda brinca com nosso conhecimento ao nos mostrar a importância que São Tomás de Aquino Shakespeare pode ter para esse universo, fica ainda mais deslumbrante com as ilustrações de Gabriel Rodriguez, que dão uma rigidez ainda maior a cada personagem, que agora precisam lidar mais ativamente com a morte e com questões extremamente sérias, dando um tom mais carnal a cenas cheias de seriedade, como a subtrama homofóbica envolvendo Duncan Locke, dando o tom certo para deixar clara a importância das questões levantadas, fazendo com que a cena, mesmo que seja mostrada de forma rápida para não interferir no plot principal, tenha sua devida atenção gráfica. Para combinar com os traços e o jogo de luz e sombra usado por Rodriguez, nada melhor do que a colorização feita por Jay Fotos, que foge completamente do ar medieval do primeiro arco e agora usa bastante cores para quebrar a realidade e expressar todo o surrealismo de se olhar dentro das cabeças de alguns personagens, dando cores tão impetuosas até aos demônios de Kinsey, arrematando todo o conjunto da obra em uma evolução absoluta.

“O replicante pode ser o maior inimigo que já enfrentamos. A capacidade dele para a crueldade é gigantesca.”

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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