Nota
“Eu preciso de você do meu lado, ainda não entendeu isso Kagome?”
Duzentos anos atrás, um poderoso grupo de yokais chineses entrou em um embate com os locais, criando uma batalha lendária que ficou conhecida por gerações. Por fim, o grande InuTaishou selou o líder do grupo em uma árvore do tempo, trancando seus poderes e pondo um fim na sua carnificina. Mas, após o estilhaçamento da Joia de Quatro Almas, algo despertou na grande árvore, trazendo um novo mal para esse mundo.
Depois uma árdua batalha contra um yokai que possuía um dos fragmentos, Inuyasha (Kappei Yamaguchi) e seu grupo presenciam algo inusitado. Kirara, a fiel companheira de Sango (Houko Kuwashima), começa a agir de forma ariscada, se afastando dos demais e correndo para o coração do bosque. Sango e Miroku (Kogi Tsujitani) partem em sua busca apenas para caírem em uma armadilha.
Enquanto isso, Inuyasha e Kagome (Yuki Inoue) tentam resolver seus dilemas, até perceberem que um novo vilão se aproxima.
Menomaru (Tomokazu Seki), o descendente liberto do antigo yokai selado, busca vingança. Para tal, ele precisa da única arma no mundo que pode quebrar o selo e libertar a energia adormecida na Árvore do Tempo: a lendária Tessaiga. Enquanto tentam impedir os planos do vilão, Inuyasha e Kagome precisam colocar seus ressentimentos de lado e confiar um no outro, antes que mais uma sombra do passado destrua o mundo que conhecem.
Dirigido por Toshiya Shinohara e roteirizado por Katsuyuki Sumisawa, Inuyasha – O Filme: Sentimentos que Transcendem o Tempo é o primeiro longa animado da franquia, trazendo uma história inédita que corre em paralelo com o anime. Trazendo poderosas ligações, o longa tenta aprofundar dilemas já discutidos na serie enquanto tenta estreitar os laços que seus personagens tem.
Não é a toa que a profundidade de seus sentimentos é tão bem trabalhada, levando em conta tudo aquilo que passaram e o que não foi dito no meio do caminho. O nome do filme se justifica pelo forte elo emocional de seus personagens. Todo sentimento aqui demostra ser visceral e transcender barreiras, pouco se importando para questões físicas ou de época e, literalmente, atravessando o tempo. Seja pelo ódio e desejo de vingança de um, as confusões amorosas ou, até mesmo, o medo de perder alguém que ama, tudo aqui é muito intenso e avassalador, trazendo dualidades interessantes a trama (com uma clara exceção).
Mas, mesmo com essa premissa interessante, o longa se perde e acaba se tornando algo sem vida, que não nos atrai de verdade. O roteiro se mostra contido, limitando suas ações e estendendo embates para gerar um maior tempo de tela, mesmo que isso não nos conte nada de interessante e apenas crie uma barriga desnecessária à trama. São inúmeras as vezes que perdemos o foco da narrativa, que mais parece um episodio estendido e não se justifica relevante o bastante para se tornar um longa da franquia.
O vilão, extremamente genérico, é sem vida e tem uma falta de carisma latente. Colocá-lo contra os mocinhos da trama é quase um massacre. Pouco nos importamos com ele ou tentamos entender sua historia (que é nula para aqueles curiosos), trazendo algo tão sem graça que nos entendia mais do que amedrontar. Suas companheiras, sim, se mostram interessante, mas mesmo elas são descartadas pelo roteiro como se nada valesse no fim das contas.
Já no caso dos protagonistas, é interessante acompanhar suas jornadas separadas. Cada um deles perdeu algo durante a trama e está determinado a recuperar o que lhe foi tirado. Inuyasha foi engajado e feito de palhaço, servindo como marionete em uma trama que não era sua. O teimoso hanyou tem seus sentimentos usados contra si, e se vê em uma cena familiar que toca em uma ferida profunda da sua alma. Kagome sente-se responsável pelo caos que o rapaz passou, com medo de seus próprios atos ela tem uma jornada final bem mais pesada, trazendo questionamentos latentes enquanto tenta ser ela mesma em meio a toda confusão.
Sango viu sua mais antiga companheira ser dominada e controlada pelos inimigos. Colocando seu laço de amizade acima de tudo, a exterminador de yokais fará o que é possível para recuperar sua antiga amiga. Já Miroku teve seu poder copiado. Lutando contra sua própria maldição, o monge pervertido precisa encarar não só uma difícil batalha como seu próprio futuro, o que pode amedrontar até o mais corajoso dos homens.
Embora não se justifique como filme, Inuyasha – O Filme: Sentimentos Que Transcendem o Tempo se mostra uma leve diversão, principalmente quando faz jus ao seu nome na meia hora final da aventura. Com uma arte mediana e uma historia fraca, o longa se contem quando deveria extravasar, nos deixando levemente decepcionados ao acompanhar o que deveria ser um grande evento no anime, mas parece apenas um episódio longo demais que, certamente, ninguém ligaria de perder.
Phael Pablo
Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...