Crítica | Avatar

Nota
5

“Quando eu estava deitado no centro para veteranos, com um grande vazio no meio da minha vida, eu comecei a sonhar que estava voando, eu estava livre.”

Em 2154, depois de passar 6 anos em criogenia, Jake Sully acorda em Pandora, para onde foi levado após ser chamado para substituir seu irmão gêmeo, que foi assassinado, em um programa interespacial. Em Pandora, uma operação militar funciona minerando Unobtainium, um precioso minério que pode ser vendida a 20 bilhões, o quilo, e enfrentando os Na’vi, uma raça humanoide que habita o planeta, possui 3 metros de altura, cauda, ossos naturalmente reforçados com fibra de carbono e pele bioluminescente. O ex-fuzileiro naval, que acabou perdendo sua vocação após ser confinado a uma cadeira de rodas, é enviado para substituir seu irmão no Programa Avatar, um projeto que coloca vários cientistas dentro de corpos de avatares, criados pela mescla entre os DNAs humano e Na’vi, para conhecer mais sobre a raça e coagi-los a aceitar as investidas humanas. Mas o que Jake não esperava era que ser introduzido ao convívio com os Na’vi fosse capaz de lhe revelar novos mundos, novos aprendizados e um novo amor.

Escrito e dirigido por James Cameron, Avatar é uma alegoria surpreendente à humanidade e ao preconceito. Apesar de os Na’vi não serem exatamente humanos, eles surgem como uma clara simbologia ao racismo, simbolizando a exploração como um todo, remetendo aos ingleses tomando as terras americanas dos Ameríndios, brincando com o quanto é possivel traduzir a história por meio de uma intensa ficção cientifica. Jake surge como uma conexão entre as raças, quando ele começa a conhecer os Na’vi, ele começa a ver a beleza nesse povo, as maravilhas de Pandora, e a magia por trás da fauna, da flora e do amor. Apesar de o longa ter sido lançado em 2009, Cameron revelou que escreveu sua trama, com cerca de 80 páginas, em 1994, mas teve que esperar a criação da tecnologia necessária para produzir o filme exatamente da forma como era a visão do executivo. A beleza sublime por trás do roteiro de Cameron chega ao seu ápice com o potente investimento que o diretor recebeu da Fox, que permitiu ao diretor trazer um longa que marcou a história por sua inovação, em termos de tecnologia cinematográfica, e completamente desenvolvimento em 3D, tendo sua gravação realizada com câmeras que foram feitas especialmente para o filme.

A mitologia criada por Cameron é incrível, o cineasta criou uma cultura, uma língua e uma religião completamente nova para os Na’vi, mas de uma forma tão delicada que rapidamente nos conectamos com esse povo, nos colocando no lugar de Jake e nos apaixonando por Pandora. Aos poucos vamos conhecendo Neytiri, a ‘princesa’ do clã e que mais se aproxima de Jake, designada por sua mãe para ensinar Jake sobre como ser um Na’vi, a jovem vai aos poucos se apegando ao protagonista e desempenhando o belo papel de interesse amoroso (com uma pegada bem Julieta) do humano. Entre os humanos, o maior destaque é a Dra. Grace Augustine, uma experiente botânica que já vive há 15 anos em Pandora, sendo a responsável por aprender a língua nativa aos humanos e o inglês aos Na’vi. Duas mulheres estupendas no longa que são interpretada, igualmente, por duas atrizes estupendas, que absorvem tão bem o personagem e nos conectam com a trama de uma forma singular. A ‘princesa’ é vivida pela maravilhosa Zoë Saldaña, que preenche a protagonista com traços delicados, ferozes, independentes e carismáticos, roubando a cena desde sua primeira aparição e sendo um maravilhoso contra-ponto ao desastrado Jake. Já a botânica é vivida pela lendária Sigourney Weaver, que é uma figura hors concours quando o assunto é ficção cientifica, voltando com todo seu gênio forte, que nos marcou na franquia Alien, acompanhado de uma doçura quase materna, que acolhe Jake amorosamente quando vai conhecendo sua essência e ainda consegue manter o brilho do pioneirismo que a circunda.

O elenco masculino não fica para trás, a atuação de Sam Worthington, o grande protagonista da trama, é sem igual, ele entra no mundo de Avatar vagarosamente, segurando delicadamente nossa mão para nos guiar adentro dessa mitologia, conseguindo mesclar a força, a coragem e a frieza de um fuzileiro com uma aura serelepe, curiosa e inocente, que existe no amago do héroi, o que faz ele ser rapidamente notado por Neytiri, que enxerga seu bom coração, e pelos espíritos da floresta, que parecem enxergar o fogo que arde dentro do homem, a bravura e a inteligencia que vai unir os dois mundos. Nos dois mundos temos ainda dois antagonistas, temos entre os Na’vi a presença de Tsu’Tey (Laz Alonso), um dos mais bravos guerreiros Na’vi e noivo prometido de Neytiri, que surge como maior adversário de Jake na disputa pelo coração da garota e maior resistência à entrada do militar para o clã, já no mundo dos humanos, temos o Coronel Miles Quaritch (Stephen Lang), o maior vilão da trama, representando a humanidade, o homem está obstinado a cumprir, a todo custo, a sua missão de tirar o clã Omaticaya de perto da árvore onde vivem, não poupando esforços militares para ter acesso à maior mina de Unobtainium da região, mesmo sem saber a grande importância espiritual daquela árvore.

A produção foi tão sublime que logo cativou a todos com seu estupendo visual, que fundido a sua história eficaz, apesar de tradicional, foi o suficiente para um sucesso de público e crítica que, em menos de um mês, superou um bilhão de dólares de faturamento e logo atingiu o posto de maior bilheteria da história, além de angariar os Oscares de Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte e Melhores Efeitos Visuais, em 2010. Gracioso, emocionante, eletrizante, consciente, humano, são tantos os adjetivos que podemos dar a Avatar que poderíamos passar horas só listando tantos valores e qualidades, deixando claro que, depois de 162 minutos de pura obra prima, podemos dizer sem arrependimentos “Eu Vejo Você”.

“Tudo está ao contrário agora. Como se lá fosse o mundo real e esse aqui fosse o sonho.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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