Crítica | Vai que Cola 2 – O Começo

Nota
3.5

“- Vou trabalhar de concierge.
– Com Sergio?
– Quem é Sergio?”

Anos antes de existir a Pensão da Jô, existia apenas uma mãe solteira lutando para criar sua filha adolescente sozinha no Méier. Antes de existir a viúva do finado Tiziu, existia a amada rainha do Morro do Cerol. Antes de tantos personagens icônicos viverem embaixo do mesmo teto, eles precisaram se conhecer e ir se aproximando. Tudo começou no dia que Ferdinando e Maicol chegaram no Rio de Janeiro, indo em direção ao Méier no mesmo dia em que Tiziu, o chefe do Morro do Cerol, foi solto da prisão.

O que a dupla, que coincidentemente pegou o mesmo ônibus rodoviário, não sabia era que nesse dia iam participar de uma reação em cadeia que ia mudar a vida deles e de muitas outras pessoas. No Morro do Cerol, Teresinha está organizando um grande evento para receber seu amado Tiziu de volta mas, após a morte inesperada de uma das cozinheiras, Teresinha precisa pedir ajuda a sua comadre, Dona Jô, para fazer a tão amada feijoada que Tiziu tanto ama. Jô está cheia de dividas e lutando para dar todo o seu suporte para sua filha, Jéssica, que ela acredita estar trancada no seu quarto o tempo todo estudando para o ENEM, ou ao menos é o que ela acha, e por isso aceita imediatamento o trabalho de cozinheira na festa visando o pagamento.

Perto dali, Ferdinando pega uma condução para o Méier mas acaba indo parar no meio do Morro no Cerol, em meio à festa de Tiziu, onde acaba conhecendo Teresinha e Jô, e Jéssica, que namora Lacraia, acaba conhecendo Maicol, que veio para o Méier para morar com sua tia, que coincidentemente mora ao lado da casa onde Jô e Jéssica moram, fazendo a jovem rapidamente se apaixonar pelo recém-chegado. No meio de todos esses encontros, temos Afrânio Malucão, um desafeto de Tiziu que deseja vingança, buscando mata-lo para tomar o Morro e se apossar de seu tesouro, uma reserva milionária de dinheiro e jóias, e que acaba envolvendo toda a trupe numa missão sem precedentes para ajudar Teresinha a se defender sem seu amado marido.

Depois de um primeiro filme que serviu de intermédio dentro da série, com uma trama mediana, o diretor César Rodrigues chega com uma produção que nós leva a conhecer a vida antes da pensão. Todos sabemos muitos detalhes soltos sobre os protagonistas da série Vai que Cola, mas a proposta do novo filme é pegar esses retalhos e costurar em uma nova paisagem, preenchendo as brechas e contextualizando tudo de uma forma a nos mostrar como esses personagens icônicos acabaram se unindo, o longa dá uma vida pregressa a cada um deles, além de nos apresentar Tiziu, que sempre é citado na série mas nunca foi visto realmente, além de nos contar como o chefe do Morro acabou morrendo, como nasceu a amizade de Teresinha e Velna, como Dona Jô decidiu iniciar a Pensão e o serviço de quentinhas, como surgiu o sistema de escalas do namoro de Jéssica, Maicol e Lacraia, entre tantos outros detalhes que ajudam a construir a base para o que se tornou o programa hoje.

Com mais experiencia nos personagens, o elenco se torna ainda mais confortável em seus papeis, ainda mais agora que podem passar por uma evolução ainda maior, sendo livres para criar um começo para o fim que tanto conhecem. É nesse momento que Marcus Majella atinge seu ápice, o ator cria uma das melhores versões de Ferdinando agora que tem espaço suficiente para brilhar, se tornando o guia da trama e carregando o filme nas costas, assim como o Valdomiro de Paulo Gustavo carregou o primeiro filme. Surpreendendo a todos de uma forma positiva, o longa, que não tem Gustavo no elenco, conseguiu ser até melhor do que seu antecessor, dando mais espaço para os outros atores brilharem e, principalmente, deixando de ofuscar a atuação de Majella, o que torna essa prequela ainda mais original, independente, natural e divertida. Se mostrando mais forte, e capaz de seguir em frente sem Paulo Gustavo, o novo filme baseado na série consegue se manter bem, mas erra ao não saber se arriscar para muito longe da formula da série, se limitando a uma comédia aceitável e não explorando completamente seu potencial, que ainda teve a péssima ideia de colocar as participações de Marcelo Médici como um impulso para o avanço da trama, mas que serviu apenas para empurrar o enredo um pouco mais para baixo.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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