Análise | Ingress Prime

Nota
3.5

Ingress é um jogo de MMO lançado pela Niantic, em 15 de novembro de 2012, para Android, que baseia sua jogabilidade em localização, tendo inclusive a participação do Google (dona da Niantic até 2015) em seu desenvolvimento. O jogo usa bases da ficção cientifica para desenvolver seu enredo e marcos físicos para criar seu mote, ainda assim se mantendo como um jogo de narrativa contínua e aberta, usando as Facções para unir os jogadores em dois grupos, que devem se enfrentar de forma indireta, indo contra o principio básico do MMO, onde os jogadores evoluem sozinhos. O jogo posteriormente foi disponibilizado para iOS, em 14 de julho de 2014.

OBS.: A analise a seguir foi feita usando como base a versão 2.41.4 do jogo.

 

ENREDO – OS ILUMINADOS VERSUS A RESISTÊNCIA

Em meados de 2012, um grupo de físicos do CERN descobriram o Bóson de Higgs e, junto com essa descoberta, perceberam que a Terra tem sido semeada com “Matéria Exótica“, ou XM, um fenômeno misterioso que pode ter relação com uma raça alienígena, os Shapers. Com essa descoberta, a humanidade se dividiu em duas facções: de um lado temos Os Iluminados (grupo verde), que lutam para usar o XM para elevar a humanidade e dar mais um passo na evolução humana, do outro lado temos Resistência (grupo azul), que lutam contra o XM para proteger a humanidade dos Shapers e preservar a liberdade humana. Agora que você está dentro desse mundo, deve escolher seu lado viajar o mundo em busca de Portais, Matéria Exótica (XM), Links e itens, tentando fortalecer cada conquista e marcar o território pertencente à sua facção, além de invadir e tomar o território de sua rival.

GRÁFICOS – INGRESSANDO EM OUTRA DIMENSÃO

O jogo inteiro é feito com base no mundo real, por conta disso ele é completamente limitado na questão da quantidade de elementos gráficos, mas compensa toda essa limitação com a dedicação que possui no visual desses poucos elementos, tudo com um tom muito tecnológico e usando luzes e estruturas translucidas para construir uma aparência mistica ao mesmo tempo que tecnológica. O jogo se constrói de uma forma que a concorrência se torna seu principal alicerce, a guerra pelo controle dos Portais, e fortalece-los através de Links e Ressonators, é o grande ponto do jogo. Sendo assim, o gráfico inteiro do jogo é focado nesses elementos, nas aparências que os portais assumem quando estão neutros ou tomados, as belezas formadas quando os portais se linkam ou são tomados pelos ressonadores, criando uma estrutura tão imponente e dando um claro exemplo da supremacia de cada uma das facções.

AMBIENTAÇÃO – UM NOVO OLHAR DENTRO DE UMA TELA

O jogo é uma mistura absoluta de MMO (Massive Multiplayer Online), RPG e realidade aumentada, tudo isso faz a interação com o ambiente chegar a um novo patamar. Os cenários do jogo são os cenários do mundo real, os marcos do jogo são pontos de destaque, as vezes até turísticos, do nosso mundo real. O jogo nos leva a ver o mundo com um novo olhar, a estatua que enfeita a entrada do prédio da rua ganha uma nova importância, o totem de um restaurante, a placa de uma igreja, o grafiti de uma parede, tudo isso ganha uma nova importância, o jogo nos leva a olha-lo com um novo olhar, nos leva a ir até esses pontos, a conhecer o nosso mundo de um jeito diferente e perceber em nossos cenários pontos que passavam despercebidos no dia-a-dia. Não existe um ambiente para explorar, o jogo nos faz explorar o mundo para crescer dentro de um gameplay completamente emersivo.

SOM – ATENÇÃO ACIMA DE TUDO

Considerando que o jogo deve ser jogado no mundo real, ele não possui uma trilha sonora muito notável, seu objetivo é deixar os ouvidos livres para prestar atenção aos perigos reais, ouvir bichos no caminho e o transito é essencial para não causar acidentes, mesmo que isso acabe acontecendo aos mais desatentos ou imersos. Mas não possuir uma trilha sonora de destaque não quer dizer que o jogo não possua som, o som surge justamente para ajudar na jogabilidade e para deixar os jogadores mais a vontade, ele surge para indicar a proximidade de portais, ou quando se interage com ele, quando a ação realmente acontece no jogo os sons surgem como companheiro para nos imergir na ação, instigando a adrenalina ou alertando que está na hora de dar uma olhada mais atenta ao seu celular.

JOGABILIDADE – TRAFEGAR POR DOIS MUNDOS

O jogo usa seu dispositivo móvel para te colocar no mapa, para interagir com a área circundante, permitindo colher Matéria Exótica, interagir com os portais e encontrar os itens que são descartados por outros jogadores.  Apesar de o objetivo do jogo ser jogar em grupos, a Niantic teve o cuidado de fazer as distancias dentro do jogo serem equivalentes a alguns metros, garantindo uma distancia segura entre jogadores no mundo real, e dessa forma impedindo disputas reais causadas pelo jogo. A jogabilidade busca estimular que o jogador vá fisicamente até certo ponto da cidade para poder cumprir uma missão, dessa forma lutando contra o sedentarismo e reclusão, que são os mais comuns receios existentes dentro do mundo Gamer, além de tudo o jogo estimula a socialização, incentivando os jogadores a se unir com amigos ou fazer amigos dentro de suas equipes, fazendo com que essa união possa servir para juntar esforços para facilitar o trabalho das conquistas e fortalecer sua facção, lutando em prol da causa dos Iluminados ou da Resistência.

EXTRAS – MISSÕES AO REDOR DO MUNDO

Além da competição entre facções que já faz parte do plot principal do jogo, a Niantic realiza alguns eventos especiais em datas específicas, e as vezes lugares específicos. O mais comum deles é o “Anomalias XM“, onde, ao longo de algumas semanas, há o aumento da concentração de Matéria Exótica em algumas das principais cidades ao redor do mundo. O objetivo dessas anomalias é unir a comunidade de jogadores, tendo sido divididos como Anomalias Satélite (organizada pela comunidade) e Anomalias Primárias (organizada pelos funcionários da Niantic), unindo as facções para tornar esse período em uma grande mobilização. Esses eventos, que vem se tornando cada vez mais raros, acabaram se tornando a maior motivação dentro do jogo, que aos poucos foi perdendo o sentido em seu enredo.

CONCLUSÃO – UMA BASE ÓTIMA QUE SE TORNOU UM JOGO ESQUECIDO

Apesar de o jogo ter sido uma inovação sem igual na época de seu lançamento, seu enredo não teve força suficiente para envelhecer bem. Com o tempo, o plot do jogo se tornou um mais do mesmo, se tornando cansativo e sem uma motivação real para segurar seus jogadores, de forma que a disputa entre as facções, apesar de ainda ser bem ativa hoje em dia, pede uma inovação maior, talvez a inclusão de uma jornada individual para os jogadores, que faça o jogo funcionar para aqueles que joguem sozinho, tornando a jogatina possivel tanto para jogar em grupo quanto para jogar sozinho, mantendo a ideia de ‘a união faz a força’ onde certos elementos se tornem mais eficientes em grupo (mantendo, claro, a opção de o jogador lutar sozinho e, mesmo com dificuldade, conseguir alcançar o objetivo). Ingress Prime realmente é um jogo excelente, mas um de seus princípios acabou sendo seu tiro no pé, fazendo o jogo se tornar quase que apenas uma ótima base para a Niantic desenvolver seus outros jogos, que aí sim fizeram, e ainda fazem, bastante sucesso.

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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