Crítica | Uma Aventura LEGO (The Lego Movie)

Nota
4

“Tudo é incrível, quando em equipe você manda ver!”

Emmet Brickowski é um operário comum, que vive num mundo onde tudo é (aparentemente) perfeito, onde as regras são seguidas a risca e onde a vida funciona seguindo manuais de instruções regras claras, tudo isso sendo comandado pelo poderoso Presidente Negócio, que fez da cidade um organismo que funciona perfeitamente, com carros andando em fila, trabalhadores se cumprimentando com sorriso no rosto e um mesmo episódio de uma série de TV sempre sendo reexibido sem perder a graça. Mas quando Emmet encontra a famosa Peça de Resistência, ele acaba percebendo que há muito mais por trás do seu mundo do que ele imaginava, conhecendo Megaestilo e os Mestres Construtores e sendo arremessado em uma intensa aventura para combater os planos de Negócio, que deseja colar todas as peças e impedir as mudanças no sistema.

Quando duas mentes brilhantes trabalham unidas para usar uma renomada franquia para criticar o mundo, ao invés de usa-la meramente para fins mercadológicos, tudo se torna nada menos do que incrível. Uma Aventura Lego é uma obra-prima da cinematografia que nasceu da divina dupla formada por Phil Lord e Christopher Miller, que assumiram roteiro e direção do longa para criar um novo mundo completamente deslumbrante, evitando explorar passivamente as possibilidades que a LEGO permite para, indo contra a correnteza, criar um enredo onde as propriedades básicas da empresa são usadas como pilar principal, mas os produtos da marca se tornam um simples segundo plano.

Com um mundo que transita entre “Velho Oeste” e “Zelândia Média”, todos os cenários e personagens são tirados do mundo pop de figuras licenciadas da Lego, e Lord e Miller são geniais ao usar cada uma das licenças da marca para ir fundo nas referencias que vão agradar a todos, trazendo para o filme um ambiente onde podemos ver elementos de Matrix, Toy Story e Simpsons convivendo pacificamente, onde não há situação série o suficiente para não ser convertida em uma excelente piada, tornando natural vermos Batman, Superman e outros heróis da DC (A vantagem de não ter só as licenças da DC como também ser produzido pela Warner Bros) conversando com personagens de O Senhor dos Anéis, Star Wars, Tartarugas Ninja e até com antigos astros da NBA. O longa ainda brinca com as ondas e os tiros, que são peças diferenciadas de Lego, ao mesmo tempo que absorve detalhes da realidade em seu mundo, criando cenas surpreendentes quando esses elementos se encontram, mudando até a forma que os espectadores vão enxergar o longa, mostrando o que tudo é feito com as tais pecinhas e sempre há uma ótima explicação para isso.

Quando você pega duas peças de Lego, é impossível você não sentir uma compulsão de montar uma na outra, o ato já está entranhado em nossa mente como um modus operandi, as peças permitem sempre a escolha entre montar do seu jeito, usando sua criatividade, ou seguir um manual à risca, criando o visual que está programado para formar o encaixe dos tijolinhos, mas será que apenas seguindo o manual é possivel criar uma obra prima? Será que se você jogar o manual de lado, e resolver usar a criatividade, não seria capaz de criar objetos únicos e tão uteis quanto? Será que você não pode deixar de ser um simples operário e virar um Mestre Construtor? Essa é a grande questão do longa: O que aconteceria com o mundo se parássemos de seguir as regras dadas por um governador e começássemos a reconstruí-lo da maneira que acharmos melhor?

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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