Crítica | Jogo do Dinheiro (Money Monster)

Nota
4

“Sou Lee Gates, e este é o Jogo do Dinheiro.”

Lee Gates e Patty Fenn tinham problemas extremamente banais, o apresentador do programa Money Monster tinha um gênio forte e a sua produtora estava tentada a aceitar uma proposta de emprego na emissora rival, mas a vida deles muda completamente com a chegada de Kyle Budwell. Kyle invade o estúdio ao vivo, com uma arma em punho, obrigando Lee a vestir um colete de explosivos e pronto para cobrar em rede nacional a exposição da verdade por trás da inexplicável queda das ações da Ibis Capital, que perdeu 800 milhões de dólares em ações em menos de 24 horas.

O longa explora o mercado financeiro e o jornalismo de uma forma completamente intensa. Como agir quando um homem falido entra em um estúdio pronto para matar todos enquanto busca apenas respostas? O que fazer quando o alerta do invasor acende uma luz na sua frente e você começa a perceber que realmente algo de muito errado está acontecendo? Dirigido pela maravilhosa Jodie Foster, o longa consegue manter de uma forma incrivelmente  natural toda o enredo nas mãos de Julia RobertsGeorge ClooneyJack O’Connell, que dão um show de atuação e nos coloca como refém de toda a situação ao lado de toda a equipe do estúdio. Há diversos outros grandes personagens e atores na produção, que cooperam na construção do enredo, mas é inegável que o enredo é carregado nas costas do trio, apesar de ser preciso elogiar também o trabalho de Caitriona Balfe, Giancarlo Esposito e Dominic West, que colaboram ativamente na trama jogando todas as petecas necessárias para cada virada que a trama vai tendo até seu grande ápice.

Roberts é intensa no papel de Patty, ela luta pelo seu programa com uma garra incrível, e é possivel ver o fogo nos olhos de Roberts, vemos que aquela mulher está pronta para não deixar ninguém tirá-la do controle, mantendo uma sanidade indescritível em meio a toda a confusão, protegendo sua equipe e, ao lado de seu apresentador, tendo uma conexão inquebrável que faz o programa chamar a atenção da cidade inteira. Clooney vive o fanfarrão Lee, que tem um carisma excepcional e consegue manter o intruso distraído em meio a toda a tensão da bomba no peito e da mira da arma em sua cabeça, o ator consegue controlar as duas situações de uma forma majestosa, ele coloca humor em meio ao medo, enche de coragem a tela do programa e, no ato final, protagoniza uma virada surpreendente que coloca qualquer debate de Síndrome de Estocolmo no chinelo, até onde se unir com seu carrasco é um sinal de problemas? Por fim temos O’Connell, que nos coloca como refém da trama, instigando nossa curiosidade em querer entender tudo que está acontecendo e, logo depois, nos colocando lado a lado com ele ao se perguntar o que realmente aconteceu na Ibis Capital.

O longa parece começar criticando a inversão de valores que acabou acontecendo em volta do conceito de jornalismo, fazendo o longa parecer um descendente direto de Rede de Intrigas que logo muda de rumo ao questionar o que pode acontecer quando um dos telespectadores, que se deixaram levar pela euforia do apresentador e perdeu tudo, de repente se revolta e vai tirar satisfações com o próprio. Preenchido pelo tom de crítica à espetacularização do jornalismo e aos perigos do capitalismo e do mercado financeiro, o longa vai sendo salpicado com alguns questionamentos pontuais, que temperam os momentos de tensão, como o dilema da produtora que deseja salvar sua equipe e vê a oportunidade de alavancar a audiência, começando a usar todos os seus recursos para conseguir as duas coisas.

O grande problema do longa é que, quando começa a imergir na teoria conspiratória por trás do golpe na Ibis, ele vai se tornando banal, como se essa nova camada começasse a impedir o público de notar as criticas das entrelinhas, se alongando além do necessário. Mas, no fim de tudo, uma coisa é certa: é praticamente impossível existir um filme com Julia Roberts e George Clooney que decepcione.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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