Review | Gossip Girl [Season 1]

Nota
5

“Hey, Upper Eastsiders. Gossip Girl here, your one and only source into the scandalous lives of Manhattan’s elite…”

Após se isolar durante seis meses inteiros em um internato, Serena van der Woodsen (Blake Lively) está de volta ao coração de Manhattan. Dotada de uma beleza sem igual e de uma popularidade natural, a garota já dominou as ruas e corredores por onde passou, mas tudo isso parece ter sido deixado para trás quando uma nova rainha tomou conta de seu trono.

Blair Waldorf (Leighton Meester) não se encontra nada feliz com o retorno de sua antiga amiga. Acostumada a ter tudo sobre seu controle, a patricinha vê seu mundo começar a ruir pela simples presença daquela que um dia chamou de irmã. Seu namoro perfeito não parece tão perfeito assim e sua popularidade parece ofuscada apenas pela presença de S em sua vida, o que transforma as ruas de Nova York em um campo de batalha particular para as duas.

Mas, afinal de contas, por que S retornou? O que ela fez durante esse tempo? E, afinal de contas, por que ela foi embora para inicio de conversa? Talvez seu passado seja mais obscuro do que aparenta. Não é uma boa hora para manter segredos, principalmente quando uma blogueira anônima, que se denomina Gossip Girl (Kristen Bell), quer revelar cada pedaço escandaloso encoberto pela elite de Manhattan, trazendo a tona o pior… e o melhor de cada um que cai em uma de suas mãos repletas de deboche.

As sagas adolescentes sempre foram uma aposta certeira no meio televisivo. Adaptar obras infanto-juvenil parecia um viés lucrativo, que atraía seu público e representava a receita do sucesso que as emissoras tanto esperavam. Tendo isso em mente, Josh Schwartz e Stephanie Savage apostaram toda a suas fichas em uma adaptação de um best-seller que possuía sua própria legião de fãs e cada um dos ingredientes necessário para o sucesso imediato.

Baseada na série de livros escrita por Cecily von Ziegesar, a primeira temporada de Gossip Girl trouxe tudo aquilo que se esperava para uma obra com esses estilo. Repleta de ironia, reviravoltas e muito glamour, a serie consegue adaptar com maestria o universo criado e vivenciado por Cecily enquanto traz um ar mais humano e tolerável a seus personagens. Sim, ainda são os mesmos personagens, mas é muito mais simples se apaixonar pela versão televisiva do que naquela que nos foi apresentada no livro.

Boa parte disso se encontra no carisma do elenco que, além de extremamente belos e sedutores, conseguem trazer toda a nuance que seus personagens necessitam. Nos apaixonamos, sofremos e odiamos cada um deles, mas conseguimos embarcar e nos interessar por sua jornada, sendo fisgados a cada episódio.

Aproveitando alguns elementos de sua obra original, a trama consegue criar seu próprio caminho, utilizando os estonteantes cenários em Nova York para apresentar o universo glamouroso na qual está inserido. A série procura expandir e diversificar os temas abordados na saga literária enquanto nos apresenta com cuidado o ambiente glamouroso e caótico que está prestes a entrar em ebulição.

Não é a toa que somos introduzidos a historia com a vista estupefata de Dan (Penn Badgley), um outsider que se vê arrastado a esse novo universo através de seu amor pela it girl mais amada de Manhattan. É com ele que descobrimos os jogos internos e as regras pré-estabelecidas, trazendo toda a dinâmica de um forasteiro no mundo elitista onde todo mundo sabe quem é todo mundo. Dan não se encaixa, não sabe jogar e não leu as regras, mas se encontra mergulhado em tudo aquilo que mais detesta para estar junto da garota que gosta de forma quase obsessiva.

Serena é uma personagem interessante que rege a trama, fazendo tudo girar ao seu redor e tentando convencer a si, e ao publico, que ela é uma pessoa diferente do seu passado. A personagem de Blake vai perdendo espaço durante a trama, principalmente quando as tramas secundárias se mostram mais interessantes que seu plot inicial.

Blair rouba cada uma das cenas com seu jeito controlador e debochado. A Queen B gosta de ser adorada, e constantemente lembra a todos quem está no poder, mas é quando ela perde o controle que verdadeiramente brilha. Deixar cair a capa de boa moça e se mostrar mais espontânea e dinâmica, trazendo conflitos interessantes para sua jornada. Além disso, Leighton possui uma química notável com quase todo o elenco, tirando de letra todas as diferentes situações em que sua personagem se mete e trazendo ótimos momentos para a trama.

Jenny (Taylor Momson) é outra que verdadeiramente brilha. A irmã mais nova de Dan é o extremo oposto dele. Determinada a se encaixar, Little J esta pronta para fazer o que for preciso para ser reconhecida. Seu crescimento pessoal traz embates formidáveis com B, transformando a dinâmica das duas em uma das coisas mais memoráveis da season, enquanto nos faz questionar se realmente vale a pena mudar inteiramente quem somos para conseguir o que queremos.

Nate Archibald (Chace Crawford) é o garoto perfeito, que serve como estopim para a briga constante de B e S, mas vai perdendo espaço enquanto o roteiro avança. Sua trama basicamente se centra em seus problemas familiares, correndo em paralelo a tudo aquilo que nos é apresentado. Mas é através dele que bons questionamentos são colocados a mesa, principalmente quando nos mostra que aqueles que mais admiramos podem ser os mais destrutivos.

Chuck Bass (Ed Westwick) sofre o extremo oposto. O personagem começa como um playboy egocêntrico, que usa todos ao seu redor para conseguir o que quer, mas vamos descobrindo novas camadas e descobrindo sentimentos conflitantes dentro de sua personalidade detestável. Chuck usa sua casca para afastar os demais, principalmente por ter uma representação tão problemática em Bart Bass (Robert John Burke). Sim, odiamos boa parte do que Chuck nos apresenta, mas também criamos empatia pelo mesmo, principalmente devido ao desenvolvimento de sua persona ao longo da season.

Vanessa Abrams (Jessica Szorh) é a melhor amiga de Dan e, assim como ele, é uma forasteiro nesse universo, mas, ao contrário dele, ela não está nem um pouco interessada em fazer parte do Upper East Side. Criativa e gentil, V serve como ponte para Dan, trazendo uma bagagem positiva enquanto tenta lidar com essa nova realidade. Ela não se mostra rancorosa nem traiçoeira, inclusive ajudando S e D a entender melhor um ao outro enquanto explora novas arestas do relacionamento deles. Os pais também ganham um destaque maior na série, deixando de orbitar ao redor do elenco principal e tendo sua própria história e dilema.

Rufus Humphrey (Matthew Settle) e Lily van der Woodsen (Kelly Rutherford) tem personalidades marcantes e uma historia tão poderosa quanto a de seus filhos. É impossível não sair cativado com eles e se envolver com as reviravoltas propostas para cada um. Connor Paolo também traz uma ótima participação como Eric, irmão mais novo de Serena, que se mostra uma peça central do plot da temporada.

Mas, ninguém se destaca mais que Georgina Sparks (Michelle Tranchtenberg). A antiga amiga de farra de Serena aparece próximo ao final da temporada apenas para sacudir de vez a estrutura do Upper East Side. Georgina é aquele tipo de personagem que amamos odiar mas que é essencial para o desenrolar da serie, tudo nela é chamativo, atraindo olhares a cada pequeno ato enquanto nos faz indagar o que ela vai aprontar a seguir. Acredite, a série não seria a mesma sem ela.

Gossip Girl sempre se mostrou algo a frente do seu tempo, trazendo uma discussão latente sobre a dependência e o risco que as redes sociais podem trazer à vida de todos que, na época, estava apenas no começo de sua força total. O uso da narradora debochada, que parece estar em todos os lugares e apreciar o caos que causa com seus flagras, diz muito sobre a utilização problemática da rede enquanto desperta nosso pior lado a cada tiradinha sarcástica. Contudo, é uma delícia acompanhar sua narração, sempre colocada nos melhores momentos e nos mergulhando em todo o sentimento que o episódio deseja nos passar. Somos cativados por sua personalidade marcante e juntamos cada uma das pistas soltas, tentando adivinhar sua real identidade, algo que trouxe uma dinâmica impecável para a série. Afinal, quem não gosta de um bom mistério?

Construindo bem suas criticas e nos deliciando com sua reviravoltas, Gossip Girl tem todos os ingredientes para uma receita de sucesso: um enredo cativante, personagens memoráveis e uma boa dose de escândalo glamouroso. Conversando diretamente com o seu público, a série escancara suas portas e nos convida a conhecer a futilidade memorável da elite novaiorquina, enquanto nos presenteia com momentos irônicos que marcaram uma geração. Mas, afinal, a quem estamos enganando? Tudo se torna melhor com uma boa dose de fofoca. Vocês não acham?

“…And who am I? That’s one secret I’ll never tell. You know you love me. XoXo, Gossip Girl.”

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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