Crítica | O Mágico de Oz (The Wizard of Oz) [1939]

Nota
5

“Totó, eu tenho a impressão de que não estamos mais no Kansas.”

Dorothy Gale (Judy Garland) é uma jovem moça que vive em uma pequena fazenda no Kansas, ao lado de seus tios. Após seu fiel companheiro, Totó, o cão da família, atacar a insuportável Srta. Gulch (Margaret Hamilton), a garota entra desesperada em seu lar apenas para descobrir que seu amigo seria arrancado de seus braços pela megera, por ordem do Xerife.

A garota tranca-se em seu quarto, até que descobre que o cãozinho fugiu e retornou aà fazenda. Determina a não permitir que lhe tomem seu amigo mais uma vez, Dorothy decide fugir, mas é desencorajada por um falso adivinho que lhe conta como sua Tia Em (Clara Blandick) sofreria com sua partida. Preocupada com a saúde da mesma, Dorothy volta correndo para seu lar a tempo de ver um enorme tornado se aproximar da fazenda.

Sem tempo de procurar um abrigo, Dorothy e Totó entram na casa, mas são levados com ela pelo olho do furacão. Ao despertar, Dorothy descobre que se encontra em um lugar maravilhoso, diferente de tudo o que já viu na vida e que, ao aterrissar, sua casa caiu sobre uma poderosa bruxa que castigava todos que ali viviam. Ainda confusa, a garota recebe as boas vindas de Glinda, a Boa (Billie Burke), que lhe conta que agora ela é uma grande heroína em Oz, e que isso merece uma comemoração.

Mas o festejo é interrompido pela aparição da Bruxa Má do Oeste (Margaret Hamilton), que veio buscar os sapatos de rubi de sua irmã. Acontece que os sapatos foram colocados magicamente nos pés de Dorothy, graças à magia de Glinda, o que deixa a Bruxa esverdeada extremamente irritada. Jurando vingança, ela parte em uma nuvem vermelha de fumaça, deixando a assustada garota para trás. Aconselhada pela Bruxa Boa, Dorothy segue a Estrada de Tijolos Amarelos em direção à única figura que pode realizar seu desejo e levá-la de volta para seu lar: o Todo-Poderoso Mágico de Oz (Frank Morgan).

Durante o caminho, a garota encontra curiosos companheiros que, assim como ela, precisam encontrar o mágico e decidem proteger a menina durante o caminho. Mas como um Espantalho, um Homem de Lata e um Leão Covarde poderiam impedir as maldades da Bruxa, que está determinada a exterminar a garota do Kansas de uma vez por todas?

Durante quarenta anos, a fantástica obra de L. Frank Baum encantou gerações e construiu um legado, levando a todos em seu tornado para a maravilhosa terra de Oz. Sendo adaptada para o teatro em um formato musical pelo próprio autor, a obra ganhou um novo patamar e engrandeceu ainda mais tudo aquilo que foi construído. Mas, foi em 1939 que a obra adquiriu um ar histórico que revolucionária não só a maneira que foi contada mas o universo cinematográfico de maneira sublime e encantadora.

Dirigido por Victor Fleming, O Mágico de Oz se mostrou um marco cinematográfico que seria referência de qualidade visual até os dias atuais. Seus avanços visuais, cenário e icônicos e cenas memoráveis tornaram-se tão presentes em nossa cultura que é quase impossível ter algo desvinculado da jornada pelos tijolos amarelos. Não existe criatura viva que não reconheça o toque atemporal de Over The Rainbow, ou as cenas marcantes do longa, mesmo sem ter visto o filme em si.

Sendo um dos primeiros a utilizar a Technicolor, o longa inicia sua jornada em um tom sépia, que traz um ar mais fechado e profundo ao interior do Kansas, mas, assim como a protagonista é arrancada de sua terra natal por um tornado, somos conduzidos a um deslumbramento visual que entraria para a historia do cinema. Dorothy abre a porta em uma das transições mais emblemáticas do cinema, nos introduzindo a um novo mundo colorido e belo que demonstra toda as possibilidades que a garota poderia sonhar. Os cenários em Oz são de tirar o folego, trazendo um trabalho técnico impecável e uma construção de mundo de dar inveja, além de ser a prova viva que sonhos podem se tornar reais.

Aspectos nos livros são alterados para dar um novo ar à fantasia do longa, se tornando chamativos mas sem perder a essência do original. Afinal, qual seria o impacto visual de sapatos feitos de prata ao invés dos icônico par construído em tom rubi? A estrada de tijolos amarelos? Ou ate mesmo a antagonista, que recebe um tom esverdeado e chamativo que endossa ainda mais seu ar maléfico?

O roteiro aposta na simplicidade, trazendo um ar infantil proposital que encanta tanto quanto seu visual. São frases simples mas cheias de charme, que nos fazem realmente acreditar na pureza de seus personagens e na ingenuidade de seus desejos, trazendo uma doçura impecável que desperta nossa compaixão. E, além de tudo isso, os diálogos nos trazem mensagens poderosas e gentis que evoluem não só seus personagens, mas o público em questão.

Judy Garland pouco podia imaginar que, ao cantar os sonhadores versos de uma canção sobre um lugar melhor, entraria de vez nos holofotes hollywoodianos. Sua atuação impecável traz toda uma vivacidade à menina de interior que sonha em conhecer um novo lugar, repleto de maravilhas que a afastem da opressão cotidiana de não ser ouvida. Dorothy é o marco da pureza, trazendo gentileza em sua voz e teimosia em suas atitudes, enquanto tenta desesperadamente retornar a seu lar. É impossível desassociar a imagem da garota de sua icônica intérprete, com uma voz tão poderosa que atravessaria a história.

O Espantalho (Ray Bolger), o Homem de Lata (Jack Haley) e o Leão Covarde (Bert Lahr) são, de longe, os coadjuvantes mais amados da historia do cinema. Possuindo sua própria jornada de descoberta, o trio (junto com Totó, é claro) mostra uma verdadeira conexão com a protagonista enquanto mergulham nos arquétipos que representam. Cada um deles (junto com outros dois que falaremos mais a frente) possui uma representação no mundo real, que refletem parte da personalidade marcante que adquiriram no ambiente fabuloso.

O próprio mágico reflete parte de sua persona no Kansas, sendo um charlatão que utiliza seus conhecimentos para ludibriar àqueles que se aproximam. Margaret Hamilton entrega um outro marco do filme, trazendo uma das vilãs mais icônicas do cinema, com sua construção impecável. Sua Bruxa Má do Oeste é simplesmente perfeita. Sua risada, entonação e seu controle são tão bem elaborados que constroem um oposto louvável com a protagonista. Seja pela sua versão esverdeada ou pela ranzinza que mora no Kansas.

Inovador e atemporal, O Mágico de Oz atravessou sua própria estrada e encontrou seu caminho no universo cinematográfico. Repleto de mensagens poderosas e musicas memoráveis, o longa nos apresenta um mundo fantástico e colorido, que demora a desvanecer mesmo depois do longa acabar. Mas, talvez, a lição mais importante que podemos tirar dele é que, as vezes, nossos desejos sempre estiveram ao nosso alcance, e que, mesmo partindo para longe, não existe lugar como o nosso lar.

“Somewhere, over the rainbow, way up high,
There’s a land that I heard of once in a lullaby.
Somewhere, over the rainbow, skies are blue,
And the dreams that you dare to dream really do come true.”

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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