Crítica | Black Is King

Nota
5

Uma carta de amor a África? Sim, porém Beyoncé vai muito além e nos presenteia com uma obra visual de cair a boca. No novo projeto da cantora, o personagem Simba, de O Rei Leão, ganha vida humana e passa a viver novas aventuras pelo mundo, descobrindo sobre seus ancestrais e sobre a grande responsabilidade de ser Rei.

Black is King é um paralelo ao clássico Disney, que retrata histórias sobre a cultura negra e suas riquezas deixadas pelos ancestrais. Beyoncé abre o projeto com uma cena emocionante, repleta de visuais incríveis que, somados com sua brilhante interpretação, são capaz de nos levar a lugares magníficos, que encantam com tanta beleza e grandiosidade.

O longa é a parte visual do Álbum The Lion King: The Gift, que teve seu relançamento no dia 31 de julho. Toda sua construção, produção e escrita vem de cantores e artistas negros, que também se envolveram no Álbum de trilha sonora do live action da Disney. O projeto realmente é um presente ao povo negro, pois traz mensagens de empoderamento e de aceitação sobre diversas questões, que foram impostas pela sociedade branca americana. É perceptível que a obra seguiria a mesma linha do trabalho anterior da cantora, visto que seu envolvimento com o longa da Disney foi enriquecedor para a mesma que, com tantas descobertas, decidiu presentear não só seus fãs, mas também à população negra com toda a riqueza cultural que possuem.

Black is King é com toda certeza o projeto mais ambicioso da cantora, superando seus trabalhos visuais anteriores, trazendo todo um conceito de moda feito por diversos estilistas negros do mundo, ajudando a dar uma maior visibilidade às pessoas que foram envolvidas com relação às vestimentas do projeto. Fazendo referências visuais a diversos orixás e passando uma mensagem de enriquecer aos olhos.

As coreografias também vem de matrizes africanas. Beyoncé e sua equipe criaram, juntos, todo o processo de coreografias com o intuito de mostrar o quão ricas são as danças africanas, e como as mesmas são festivas e alegres. Em destaque temos a interpretação de My Power, uma música de empoderamento negro, com uma dança forte que vai além da sua força, com um excelente efeito visual formado pelo conjunto do movimento da cantora e das pessoas envolvidas.

Otherside ganha destaque por trazer uma referência bíblica, e emociona pela sua delicadeza durante toda sua interpretação, mostrando também a mensagem de esperança de ter uma vida melhor e ter possíveis finais felizes.

A narração do longa é toda voltada às referencias de O Rei Leão e sobre as descobertas de Simba, sobre questionamentos e reflexões que também podem ser levadas em consideração ao mundo real, já que a obra tem intuito de empoderar pessoas negras e mostrar que sua cultura também é rica. A fotografia traz efeitos visuais incríveis em VHS, o que da uma certa riqueza ao projeto. Beyoncé assina maior parte do processo criativo e direção, o que eleva todo o projeto à perfeição, já que a mesma não da ponto sem nó.

Black is King é um mundo de descobertas não só para Simba, mas para os expectadores que assistem ao projeto. Beyoncé traz dança, interpretação, musicalidade, empoderamento feminino, moda e muita cultura em seu novo projeto. O longa é um verdadeiro presente ao povo negro, que podem descobrir sobre seus ancestrais e entender mais sua rica cultura, demonstrando que o tom de sua pele não é errado e principalmente que o negro pode ocupar um lugar de riqueza dentro da sociedade.

A celebração do povo negro, da família e dos amigos é um dos principais processos para uma aceitação total sobre qualquer coisa que envolve sua cor, primeiro Beyoncé mostrou, em seu projeto anterior, o sofrimento e o perdão e, com esse, ela mostra que a felicidade e a ressignificação são coisas importantes para tornar o homem digno de ser rei, sendo aceito não só pelo seu povo, mas por si.

 

Formado em Letras, atualmente cursando Pós-graduação em Literatura Infantil, Juvenil e Brasileira. Sentindo o melhor dos medos e vivendo a arte na intensidade máxima. Busco sentir histórias, memórias, escrever detalhes e me manter atento a cada cena no imaginário dos livros ou numa grande tela de cinema.

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