Crítica | Cinderela (Cinderella) [2015]

Nota
4.5

“Ella, quero te contar um segredo… um grande segredo que irá ajudá-la a superar todas as provações que podem surgir. Deve se lembrar sempre disto: tenha coragem e seja gentil, você tem mais bondade em seu dedo mindinho do que muitas pessoas tem no corpo inteiro, e isso tem mais poder do que você imagina”

Era uma vez uma menina chamada Ella, que via o mundo não como ele era, mas como talvez pudesse ser… Com um pouquinho de magia. Para sua mãe e seu pai, ela era uma princesa, na verdade não tinha títulos nem castelos, mas era dona de seu próprio pequeno reino, cujas fronteiras eram a casa e o prado à beira da floresta, onde sua família viveu por gerações, com o Senhor Ganso e todos os animais da casa. Seu pai era um mercador que viajava muito, e trazia presentes de todas as terras que visitava. Ella sentia uma falta terrível, mas sabia que ele sempre retornaria. Tudo era como deveria ser, e eles sabiam que eram a família mais feliz de todas por se amarem muito.

Mas a tristeza pode chegar a qualquer reino, mesmo o mais feliz… e ela chegou à casa de Ella, uma doença levou a mãe da garota. O tempo passou e a dor se transformou em lembrança, em seu coração, a garota, agora crescida, permaneceu a mesma, pois lembrava da promessa feita à sua mãe, ter coragem e ser gentil. Seu pai contudo, mudou muito, mas tinha esperança de tempos melhores, cansado de não ter alguém para amar, resolveu se casar com Lady Tremaine, que não perdeu a oportunidade de tornar Ella sua empregada, causando muita dor e sofrimento para a garota. Seria ela capaz de manter a promessa feita à sua mãe? Dando continuidade à sequência de adaptações cinematográficas dos grandes clássicos, a Disney optou por trazer Cinderella, uma das mais queridas e amadas princesas de todos os tempos e um dos símbolos da empresa, seria o filme capaz de dar vida à magia da animação?

Expandindo a história original, o enredo detalha o passado de Ella com sua mãe, mostrando a relação profunda que possuíam e auxiliando o espectador a se apegar ainda mais à personagem, neste contexto, após a chegada da madrasta, também é inserido o motivo de seu nome se tornar Cinderella. Prosseguindo com o enredo, a trama política por trás do Reino também foi melhor trabalhada, para que o espectador tenha uma ligação com a busca do príncipe por sua amada, rendendo cenas sutis que fazem toda a diferença. A trilha sonora incorpora muito da experiência da animação, mesmo que não seja mais um musical, ela preenche todas as cenas com instrumentais magníficos, dando vida às cenas e complementando o visual. Um adendo foi o corte na música da Fada Madrinha, a mais memorável de toda a animação original, que neste live ficou para os créditos, cantada por Helena Bonhan Carter, a atriz que a interpreta.

Os efeitos especiais literalmente fizeram a magia acontecer, sem parecer estranho à vista do espectador os ratinhos foram modelados à perfeição, unindo o real e o fantasioso de maneira primorosa. A transformação do vestido ganhou uma repaginada ficando muito mais bonita e ainda compreendemos o motivo de o sapatinho continuar existindo mesmo após o fim da magia. Seguindo com o figurino que conseguiu trazer exatamente o que se usava no século XIX, homens com trajes militares e calças justas e mulheres com vestidos enormes e armados, rendendo ao longa uma indicação ao Oscar em Melhor Figurino.

Lily James não só conseguiu dar vida a Ella, como também apresentou camadas densas à personagem, cativando e entretendo o espectador ao mostrar bondade e a gentileza em uma garota que sofreu muito na vida, mas nunca deixou de acreditar em seus sonhos. No momento em que canta, a sensação de paz é reconfortante, com todos esses atributos é impossível não se apaixonar pela jovem garota.

Richard Madden traz um príncipe muito mais denso, dividido entre fazer o que seu pai deseja para consolidar uma aliança política ou seguir o que seu coração manda e partir em busca de sua amada. Kit então terá de decidir o que é mais importante, buscar a segurança do povo e do Reino ou colocar a sua felicidade acima de todos.

A Fada Madrinha ficou a cargo de Helena Bonhan Carter, que deu seu toque único à personagem, um “pouco” mais energética que sua versão clássica, mas tão única que, mesmo aparecendo apenas em uma cena, consegue encantar e cativar o espectador, mostrando a excelente atriz por trás do papel. Um personagem com pouco tempo de tela, mas de certa forma recorrente, já que também é a narradora da história.

Lady Tremaine é tudo aquilo que esperamos de uma vilã, Cate Blanchett aflorou tudo o que há de pior na personagem, desde o trabalho incessante às constantes humilhações que proporciona a Ella. De fato, a personagem busca riqueza e poder, principalmente o segundo, e não medirá esforços para conseguir o que quer.

Por fim, Cinderella nos apresenta a clássica história reinventada, que não parecia ser um filme necessário mas, com tudo o que foi acrescentado, se mostrou uma grande surpresa. Possui suas falhas, mas nada que seja relevante ou atrapalhe a experiência que a Disney se propôs a passar, reavivando a magia de uma história já tão comum e a colocando em um novo nível.

 

Graduado em Biológicas, antenado no mundo geek, talvez um pouco louco mas somos todos aqui!

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