Crítica | O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (The Lord of the Rings: The Return of the King)

Nota
5

“Chegou a hora afinal. A maior batalha do nosso tempo.”

Após a vitória avassaladora no Abismo Helm, a equipe reunida em Rohan parte para capturar Saruman, mas descobrem, com grande surpresa, que o mesmo já foi derrotado por ninguém menos que Merry e Pippin. Ao achar a perigosa Palantir, Peregrin Tuk, no auge da sua curiosidade, vislumbra pela pedra o grande plano do senhor do escuro, o que obriga Gandalf a deixar o reino dos cavaleiros rumo às Minas Tirith, onde precisam convencer o regente de Gondor a enviar um chamado a seus aliados.

Em Rohan, vemos o dilema profundo de Aragorn se desenrolar: Continuar sendo um mísero patrulheiro ou seguir aquilo que está destinado a ser? Enquanto isso, Frodo e Sam seguem rumo à Montanha da Perdição, com Smeagol a guiá-los por um caminho secreto que promete levá-losem segurança pelo reino sombrio, mas Gollum tem seus próprios objetivos para recuperar o seu precioso.

O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei tem como proposta finalizar a saga do Um Anel, trazendo uma das franquias cinematográficas mais ambiciosas de todos os tempos. Com a plena certeza do seu sucesso, os três filmes foram gravados juntos, além de todo o avanço tecnológico empregado durante a produção, mudando completamente a indústria do cinema. Com a direção premiada de Peter Jackson, a trama teve seu apogeu neste último capítulo, conseguindo finalizar tudo sem deixar pontas soltas e garantindo o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado em uma obra que, certamente, mantém todo o respeito que a mitologia de Tolkien merece. Além disso, conseguiu também os prêmios de Melhor Figurino e Melhor Maquiagem e Penteados, com o uso de cotas de malha, espadas e armas reais enquanto abusava de maquiagem para todo um exército de orcs com qualidade impecável, não ficamos surpresos com essas vitórias.

A trilha sonora completa toda a experiência do longa. Envolvente e sedutora, consegue dar ainda mais vida a tudo o que está acontecendo, levando não só o Oscar de Melhor Trilha Sonora Original como também o de Melhor Canção Original com Into the West. Com todos esses premios, o longa que encerrou a edição com onze Oscar, recebeu também o maior prêmio da academia, Melhor Filme, consolidando não só o filme, mas também a franquia como um todo.

Viggo Mortensen entrega o Aragorn do capítulo final, que em seu íntimo sabe que chegou o momento de assumir seu papel como o rei de Gondor. Além disso há dor encravada no personagem; sua amada Arwen partirá para as terras imortais junto com os demais de sua raça. Na versão estendida é possível compreender a natureza numenoriana de Aragorn, uma grande longevidade além de ferimentos que curam mais rápido, mesmo com a aparência de um homem comum, junto a isso descobrimos um pouco mais do universo de Tolkien. Aqui vemos o destaque de Arwen surgir, descobrindo que seu pai escondeu parte das visões que teve de seu futuro, resolvendo tomar para si o seu destino. Todos os elfos podem escolher abdicar da imortalidade, ao escolher esse destino, a personagem de Liv Tyler vincula sua vida ao destino do Anel, o que funciona como combustível para Aragorn almejar ainda mais a vitória.

Com o teor mais pesado da trama, a competição entre Legolas e Gimli segue sendo um dos principais alívios cômicos do longa, já que Merry e Pippin tem um tom mais sombrio em seus arcos, o que funciona muito bem já que no mundo de Tolkien elfos e anões se odeiam devido a sombrios acontecimentos do passado da Terra-Média. De forma geral a química entre Orlando Bloom e John Rhys-Davies é extraordinária, o que eleva o nível da produção. Gandalf segue sendo o elo que une a trama dos filmes, após a Batalha do Abismo de Helm parte em disparada para Isengard, Saruman ainda representa uma ameaça. Para a surpresa dele, Merry e Pippin, junto com os Ents, tomaram o controle da fortaleza, em cena extra o personagem de Ian McKellen tenta convencer o vilão a revelar o plano do Senhor do Escuro culminando em uma das melhores cenas da versão estendida. Em Rohan, Peregrin Túk vislumbra pela Palantir o plano de Sauron, assim ele e Gandalf partem para tentar impedir a concretização do plano.

Sem dúvidas um dos personagens mais bem construídos da saga é a Éowyn, coube a Miranda Otto representar uma mulher reprimida que quer provar que é tão capaz quanto qualquer homem, sendo assim parte para a guerra disfarçada, levando Merry junto consigo, protagonizando a melhor cena de todo o longa. Na versão estendida vemos outras facetas dela, assim como seu desenvolvimento amoroso com um dos personagens secundários. Frodo e Sam estão cada dia mais próximos de Mordor, com isso, o Um Anel está cada vez mais pesado e influenciador. Com brigas mais constantes e a agressividade do personagem de Elijah Wood, a amizade dos dois é posta a prova, deixando o espectador receoso sobre o sucesso da missão. Na versão estendida eles protagonizam algumas das cenas mais tensas da trama, porém perdendo muito do seu destaque.

Após a traição de Frodo em As Duas Torres, Smeagol abraça seu alter ego sombrio que planeja acabar com os hobbits e tomar o Anel para si, estimulando os efeitos do Anel na mente de seu portador e fomentando a inimizade entre os amigos inseparáveis. Entregando o personagem mais complexo de todos, Andy Serkis não só cumpre com seu papel, como também mostra de maneira clara as consequências de ser traído, ferido e humilhado por todos, mesmo por aqueles em quem se confia. Sauron não é um vilão muito presente durante a saga, este é um fator importante para sentirmos a influência dele, pois mesmo ausente consegue ser intimidador. Um Maiar, servos menores do Deus Eru que criou a terra média, sucumbiu nas trevas sob o comando de Morgoroth, responsável pela queda de Numenor e pela criação do Um Anel. Após sua derrota na primeira grande guerra do Anel, mais do que nunca ele temeu o sangue de Isildur, seu principal general, o Rei Bruxo de Angmar tomou para si a cidade agora chamada de Minas Morgul, juntos a esperança da humanidade é ameaçada e a única salvação é a destruição do Anel do Poder.

O Um Anel é de fato o grande vilão da saga, tendo vontade própria e influenciando aqueles que o possuírem assim como todos aqueles que estejam próximos. Sua história é envolta em traições, Sauron disfarçado influenciou os melhores ferreiros elfos a criar anéis mágicos, secretamente o Um Anel foi forjado, um anel para a todos governar, assim começou seu domínio, muitos dos anéis foram recuperados e destruídos, três deles ficaram com os Elfos, que os esconderam, sete com os senhores anões que não se sabe o que aconteceu, apenas nos nove dados aos homens o senhor do escuro obteve sucesso, gerando os 9 generais de Sauron. Após a derrota na primeira guerra, Elrond tentou convencer, sem sucesso, Isildur a destruir este artefato poderoso, assim a história chegou ao início desta saga.

Finalizando de maneira primorosa esta saga, O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei fecha todas as pontas soltas, principalmente com a versão estendida, compreendemos a imensidão da mitologia descrita por Tolkien e nos apegamos aos personagens, não haveria maneira melhor de encerrar a Terceira Era da Terra-Média.

 

Graduado em Biológicas, antenado no mundo geek, talvez um pouco louco mas somos todos aqui!

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