Review | The Boys [Season 1]

Nota
5

“Esse é o nosso trabalho. A nossa honra. Somos a Vought, e fazemos super heróis.”

Em um universo onde super seres existem e são reconhecidos como heróis nacionais, a poderosa corporação Vought Internacional consolida sua carreira. Aprimorando, refinando suas personas e vendendo seus serviços e produtos licenciados ao grande público, a empresa construiu um verdadeiro império que se perpetua pelo gosto popular. Acima de todos os Super existe Os Sete, um seleto grupo que representa o carro chefe da empresa, além de se mostrarem os mais intocáveis entre eles.

Hughie Campbell (Jack Quaid) descobriu isso da pior forma. Após ter sua adorável namorada brutalmente assassinada por um dos grandiosos heróis, o covarde rapaz decide ir contra o sistema e relatar todo o abuso escondido sobre as capas e collants. Enfurecido, ele encontra o lunático Billy Butcher (Karl Urban), que utiliza a ingenuidade do rapaz para pôr em prática seu plano.

Ao capturar um dos intocáveis, Butcher decide reunir sua antiga equipe de mercenários para subjugar os Sete. Juntos, o grupo coloca em prática todo seu conhecimento, determinados a se vingar dos mega poderosos e tudo que representam, mas como se derrota aquilo que parece indestrutível?

A indústria dos super-heróis sempre se mostrou algo lucrativo e aclamado, conquistando uma legião de fãs e revelando-se um novo nicho no mercado. A simbologia por trás desses super seres, dotados de valores atemporais e uma graciosidade impecável, encantou gerações e nos fez sonhar com um mundo repleto de heróis magníficos, que combatem o crime além de, é claro, desejar ser um deles. Mas, um mundo assim seria tão perfeito quanto imaginamos?

Partindo dessa premissa, The Boys insere esses superseres no mundo real, trazendo personalidades mais concisas de como eles agiriam em nossa pobre realidade. Baseada na sangrenta HQ de Garth Ennis e Darick Robertson, a serie constrói uma sátira bem estruturada sobre o universo heroico que tanto caiu no gosto popular.

Usando bem a base que tanto conhecemos, a trama inverte seus valores e apresenta personagens problemático e egocêntricos, que se escondem por trás de suas armaduras heroicas para fazerem o que bem entendem de maneira aterradora. Os Setes são a melhor representação da impunidade revoltante que a sociedade atribui aos Super. Servindo como uma representação corrompida da Liga da Justiça, a elite heroica comete atrocidades que descontroem tudo aquilo que achávamos conhecer sobre eles.

É nesse ponto que Luz Estelar (Erin Moriaty) se encaixa na história. Durante toda sua vida, a heroína sonhou em fazer parte do seleto grupo, mas foi ao adentrar a equipe que percebeu que nem tudo o que sonhava era realidade. Sua visão é destroçada, mostrando a podridão escondida por trás da fachada chamativa. Sua jornada mostra abusos físicos e psicológicos em ambientes de trabalho, demostrando o quão pouco caso as pessoas fazem sobre assuntos tão sérios quando poder e fama estão envolvidos, mas é através de sua voz que pequenas rachaduras começam a aparecer.

Rainha Maeve (Dominique McElligott) é uma das grandes representações de mulheres que sofreram com constante abusos, a ponto de se entorpecerem com eles. Quando confrontada pela nova integrante, sobre o que ela representa para tantas garotas, a heroína começa uma jornada de confronto com seu passado, despertando aquilo que ela guardou por tanto tempo.

Profundo (Chace Crawford) é um constante motivo de piadas na equipe, e só chega a pagar minimamente por seus abusos por ser dispensável e descartável para a corporativa. Translúcido (Alex Hassel) e Black Noir (Nathan Mitchel) são uns dos poucos que não recebem o devido aprofundamento.

No núcleo humano, o pacato Hughie serve como porta de entrada para esse universo. É com o colapso de sua vida (em uma cena brilhantemente executada, além de revoltante e absurda) que somos introduzidos aos The Boys: um grupo de vigiados vigilantes. Seu constante confronto com Trem-Bala (Jessie Usher), e o abuso das situações em que é introduzido, trazem gatilhos emocionais que revivem seu stress pós-traumático, que o mergulham em novas camadas pessoais.

Com o crescimento da equipe e o sucesso em algumas de suas empreitadas, antigos membros são trazidos de volta. Leitinho (Laz Alonso) e O Francês (Tomer Kapon) trazem uma dinâmica hilária ao grupo, sendo que o ultimo constrói seu próprio arco ao lado de Fêmea (Karen Fukuhara), o que se mostra um dos pontos altos da série.

Mas o embate principal ocorre entre duas grandes frentes, representadas por Butcher e o intocável Capitão Pátria (Antony Starr) que representam extremos destrutivos de cada núcleo. Urban abraça o lado intenso e caricato de seu personagem, trazendo muito do ambiente doentio dos quadrinhos, que mergulha em sua obsessão, enquanto Starr constrói um ser cínico e mimado, que não esta acostumado a ouvir não e despreza todos que estão ao seu redor com um sorriso no rosto. A construção de personagens é tão sublime que passamos cada minuto apreciando seu tempo de tela, enquanto ambos os atores entregam tudo aqui que não sabíamos precisar até ver posto em cena.

O cuidado técnico com a obra é outro show a parte, traduzindo bem toda depravação explícita das HQs de forma plausível e realista. O CGI de alta qualidade e a fotografia impecável de um mundo podre e sombrio (que entram em contraste com as cores chamativas do Capitão Pátria) trazem um aprofundamento sem igual à trama, que se torna ainda mais memorável com a impecável trilha sonora bem aplicada.

Desprezando completamente o universo em que esta inserido, The Boys traz uma seria critica à adoração de celebridades e toda a construção da indústria sobre tais nomes. Trazendo uma trama deliciosamente brutal, que consegue nos surpreender a cada virada enquanto nos tira de nosso lugar comum e demostra que nos heróis não são tão heroicos assim, a serie nos faz repensar se nossos sonhos de infância realmente seriam tão bons assim.

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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