“Cedo ou tarde, filho… você vai ter que se acostumar com a ideia de que vai machucar pessoas.”
Tecnoman, o Vingador das Trevas, e seu antigo parceiro, Suruba, estão em sérios apuros. O primeiro perdeu o controle sobre o seu desejo sexual hiperativo, enquanto o outro está cada vez mais envolvido em um assassinato. Convocados por um velho conhecido, Hughie e Carniceiro começam a investigar o crime apenas para descobrir que nem tudo é como pensavam.
Pouco depois, a equipe parte em uma jornada com destino a Rússia onde precisam averiguar uma serie de mortes estranhas de Supers. Junto com um ex-super-herói local, eles precisam desbaratar um elaborado plano que envolve não só a máfia como um misterioso executivo americano que parece ser um antigo conhecido deles.
Que Garth Ennis tem uma imaginação doentia ninguém duvida, mas The Boys extrapola qualquer senso comum cruzando de vez a linha do que é ou não moral. Mandando Ver, o segundo volume encadernado da obra, mostra bem isso. Contando duas histórias distintas sobre o grupo, o volume nos leva a novos dilemas enquanto explora novas dinâmicas dos protagonistas.
A primeira delas parte de uma premissa investigativa, que foca no desenvolvimento de equipe entre Hughie e Billy. Mas não é ai que mora o brilhantismo do enredo. Ennis constrói uma narrativa incomoda sobre a comunidade LGBTQ+, e como os héteros criam preconceitos e barreiras para com tudo que envolve a temática.
Hughie e Billy representam duas vertentes sobre esses preconceitos, e sobre a repulsa presente neles, um sendo mostrando como condenador de ofensas à bandeira, mas não se sentindo bem perto dela (ou seja, o famoso não sou homofóbico mas não quero estar perto deles), enquanto o outro fala nomes obscenos, mas não se incomoda em nada com a sexualidade alheia. Ennis utiliza esses pontos para mostrar o quão problemático são as duas versões, trazendo a tona o tema sem tentar justificar a ação de seus protagonista.
A história ainda constrói uma sátira deturpada sobre o relacionamento de Batman e Robin, trazendo duas personas tão semelhantes quanto contrárias, o que torna-se impossível não notar. Tecnoman, um rico empresário que utiliza de seus bens para construir um traje de batalha, adota crianças e os treina para ser seus sidekicks, até que eles alcancem seu próprio voo. Acontece que o grandalhão torna-se um compulsivo sexual, que não deixa nada passar impune, o que o leva a um declínio social e exclusão no universo heroico. Embora esse fator pouco acrescente ao enredo (a não ser por uma cena bizarra e surreal no fim do arco), serve para mostrar a podridão e o quão perturbadora a historia pode se tornar. O arco ainda nos apresenta ao Lenda, um criador de quadrinhos que detesta seu trabalho mas conhece tudo sobre o mundo secreto que poucos ousam olhar.
O segundo enredo se mostra menos crítico, mas constrói um ótimo questionamento sobre onde e com quem depositar sua fé. Salsicha do Amor mostrasse um dos melhores personagens, além de explorar melhor as habilidades e peculiaridades dos outros membros dos Rapazes… tudo com muito sangue e violência gráfica, é claro.
A arte de Darick Robertson é crua e acentuada, mostrando com crueldade toda sujeira que envolve esse vasto universo. Com traços fortes e penetrantes, o artista não tem problema nenhum em expor uma violência gráfica em suas páginas, muito menos em mostrar o prazer que seus protagonistas sentem em executa-la.
Embora não seja tão envolvente e dinâmico quanto seu antecessor, The Boys – Mandando Ver mostra outras facetas da equipe. Mesmo com histórias com ritmos tão distintos, o volume cumpre seu propósito e nos imergir um pouco mais em seu universo. Talvez frutos melhores apareçam depois e fatores que pouco percebemos ganhem sua devida importância.
“Mas ele é um bom homem, pequeno Hughie? (…) antes de amarrar minha alma a tal homem.. preciso ter certeza sobre ele.”
Phael Pablo
Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...