Review | Biohackers [Season 1]

Nota
4

“A verdade vos libertará”

Mia Akerland aparentemente é uma estudante de medicina comum da Universidade de Friburgo, mas há muitos segredos em seu passado que a fazem ser mais do que uma estudante comum. Mia na verdade se chama Emma Engels, uma garota que se conecta diretamente com uma experiencia do passado de Tanja Lorenz, a mais bem conceituada professora da Universidade de Friburgo, a mulher que tem alguma conexão com a morte de Ben, o irmão gêmeo de Emma, e que assassinou os pais da garota na busca por esconder o que fez, causando um acidente de carro no qual acretiva que Emma havia morrido. Agora que cresceu, Emma/Mia está pronta para ir fundo na investigação que seu pai começou, e lutar para descobrir o que realmente é o Homo Deus e como tudo isso tem relação com a morte de seu irmão e seus pais, e tudo começa com Mia se aproximando de Jasper, o assistente pessoal de Lorenz e seu monitor nas aulas.

Desde o inicio da série somos apresentados a uma cena em um trem, uma mulher passa mal e depois um a um os passageiros começam a passar mal, Mia e Niklas, o melhor amigo de Jasper, estão no trem, todos os passageiros caem desmaiados, exceto Mia. A série se inicia duas semanas antes do ocorrido, nos levando a conhecer o dia a dia de Mia e o andamento de sua investigação, sempre cientes de que em algum momento entenderemos qual a conexão dessa investigação com o que aconteceu no trem. Mia se envolve cada vez mais com Jasper, conhecendo seus segredos e seus medos ao mesmo tempo que começa a descobrir a obscuridade escondida por trás da carreira de Lorenz, entendendo a conexão que Jasper e Lorenz possui e o quanto o assistente precisa da sua chefe para viver, aos poucos vamos entendendo o que realmente era o experimento Homo Deus, aos poucos vai se revelando que Lorenz é capaz de tudo salvar sua carreira e seu nome, até mesmo esconder a morte de centenas de crianças ou causar da morte de dezenas de outras pessoas.

Lançada, pela Netflix, em 20 de agosto de 2020, a série alemã dirigida por Christian Ditter e Tim Trachte vai fundo nos mares do techno-thriller e revela o lado obscuro da ciência, nos levando a um patamar completamente novo e agarrando com todas as forças o público que acabou de ficar órfão de Dark. Com um pegada de ficção cientifica diferente do show recém-finalizado (que explorava a viagem no tempo), Biohackers explora bem mais profundamente os conceitos de biotecnologia e manipulação genética ao mesmo tempo que nos guia por uma cativante tentativa de vingança. O show é completamente carregado por Luna WedlerJessica Schwarz, a dupla responsável por interpretar, respectivamente, Mia e Lorenz. Enquanto de um lado somos levados a conhecer os segredos da Mia de Luna, uma garota que parece inocente, mas tem marcas poderosas em seu passado que mostram o quanto ela é inabalável e está pronta para derrubar todos em seu caminho, do outro lado temos a Lorenz de Jessica, uma mulher forte, inteligente e cheia de armas para subjugar qualquer pessoa que queira lhe encarar cara a cara, Lorenz é poderosa mas encontra sua fraqueza em Mia, Mia é incansável mas encontra seu maior desafio em Lorenz. As personagens são criadas para serem opostas, para serem uma a maior fraqueza da outra, e é justamente por isso que elas ficam tão perfeitas juntas, criando um embate psicológico e ideológico omisso e ao mesmo tempo tão impactante.

Biohackers pode não se passar num futuro, mas já apresenta pequenas referencias ao cyberpunk com uma obscuridade que parece nos mostrar um preambulo para uma distopia em potencial, as experiencias de Lorenz e seu visionarismo parecem nos fascinar com sua projeção de futuro perfeito, mas seus segredos nos fazem enxergar claramente o limite entre um futuro ideal e um trágico. Lorenz vive uma conspiração própria, onde Jasper parece ser apenas uma ferramenta e Mia parece ser o ponto de colapso, a garota que enfrenta a doutora é justamente os dois extremos da carreira de Lorenz, ela é a maior prova de seu brilhantismo e a maior ferramenta para sua destruição. A raiva de Mia é o ponto que desperta o pior em Lorenz (mesmo que pareça que não há nada pior do que a médica já tenha mostrado ser), e é nesse ponto que a trilha e a fotografia colaboram habilmente, nos dando uma atmosfera que vaga entre o sonho e o pesadelo, criando um clímax clássico de um filme de espionagem e nos deixando tensos a cada novo avanço de Mia, sempre querendo entender o que realmente aconteceu em seu passado e como tudo isso pode culminar no acontecimento do trem. Num mundo onde tivemos Altered Carbon e Black Mirror para nos deixar prontos para conhecer o lado obscuro dos avanços médicos e tecnológicos, Biohackers surge como um perfeito divisor de águas para deixar claro o quanto a realidade, mesmo que não seja distópica, pode ser bem trágica.

“Vocês são os criadores do amanhã”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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