Crítica | O Último Virgem

Nota
2

“Mamão? Com leite condensado, é? Amo.”

Dudu é tímido, o nerd da sala, que só tira notas boas, está no último ano do ensino médio e ainda é virgem, mas as coisas começam a mudar de rumo depois que Débora, sua professora de química, resolve convidar o garoto para sua casa para dar uma ‘reforçada no conteúdo’, o que faz todos os seus colegas interpretarem que a professora chamou seu melhor aluno para uma transa. Agora, Dudu, junto com EscovaBorgesGonzo, iniciam uma gigantesca aventura, cheia de situações não planejadas, para deixar o garoto pronto para dar um show na cama de sua professora.

Com roteiro de Lippy Adler e L.G. Bayão e direção de Rilson Baco e Felipe BretasO Último Virgem parece muito ser uma tentativa de traduzir as desventuras da saga American Pie para uma pegada bem brasileira, mas a busca da perda de virgindade de Dudu passa longe de remeter ao clima saudável de escracho e anarquia que, inclusive, já foi sucesso no Brasil no passado, quando tínhamos o sucesso do pornochanchada. O longa ainda traz uma trama paralela, que nos mostra a saga de Júlia Medeiros, a melhor amiga de Dudu, que passa por uma noite horrível com seu namorado, Deco, e precisa do apoio de seu amigo, que teria bastante pano na manga pra gerar um plot interessante, se fosse melhor utilizado.

Outro grande problema do longa é o seu excesso de clichês, temos o virjão desesperado, temos o playboy metido a pegador, temos o gordinho que serve de alivio cômico (apesar de ser forçado demais nesse longa), o descerebrado maconheiro, e a professora gostosona, tudo isso são coisas que já cansamos de ver, mas nesse longa parece que vemos o pior resultado dessa combinação. A produção traz uma premissa repetitiva, mas que daria um bom resultado nas mãos de um bom roteirista, a velha jornada do herói adolescente já rendeu bons frutos antes, mas parece que nem o elenco competente dessa produção foi capaz de dar uma elevada no resultado.

Guilherme Prates vive um Dudu limitado demais, o personagem começa a história com um potencial a ser explorado, mas acabamos nos perdendo com a sua falta de evolução. O Escova de Lipy Adler é basicamente igual a todos os personagens que o ator já fez, o típico playboy lixo que todos aceitam mas odeiam suas atitudes (que tenta de toda forma ser um Stifler e não chega nem perto). Christian VillegasÉverlley Santos acabam tendo pouco foco na trama, eles servem muito mais de apoio para o protagonista do longa do que realmente de coadjuvantes. Seguindo a trama dessa ‘Torta Brasileira’, temos Fiorella Mattheis como o maior chamativo da trama, a professora bonitona que, infelizmente, tem pouquíssimos minutos de tela. Bia Arantes serve apenas para levar a trama ao ponto necessário, não se envolvendo muito com o enredo mas tendo uma evolução aceitável ao lado de Marco Antônio Gimenez.

No final das contas, temos uma galera de ensino médio que parece aqueles jovens intensos de começo de faculdade, num longa cheio de piadas forçadas que servem basicamente para baixar nossa expectativa no cinema nacional, e que nos faz querer saber como um elenco tão cheio de potencial pôde aceitar participar num projeto tão mal desenvolvido, será que foram enganados pela premissa assim como seu público? O Último Virgem tem até algumas cenas boas logo em seu início, e bem perto do final, mas ele vai perdendo todo o seu carisma ao longo de seu desenrolar, nos levando a um final previsível, uma evolução incomoda e a ver o filme como um besteirol que pode não ser divertido nem para passar o tempo.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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