Critica | Wolfwalkers

Nota
5

“Lobo, lobo, mate o lobo. Caçe-os por toda parte. Lobo, Lobo, mate o lobo. Até que todos tenham sumido.”

Robyn (Honor Kneafsey) é uma jovem aprendiz de caçadora que acabou de se mudar com o seu pai para uma pequena cidade na Irlanda. Deslocada e apreensiva, a garota faz de tudo para seguir seu progenitor nas suas caçadas mas, devido ao grande risco do lugar, sempre é deixada para trás. Após uma de suas fugas, ela acaba encontrando um rastro de lobo apenas para, acidentalmente, ferir o seu amado companheiro de aventuras no processo.

Desesperada, ela adentra ao coração da floresta seguindo os rastros deixados por uma curiosa garota, que parece ter um estranho dom com os lobos locais. Robyn então descobre que a menina se chama Mebh (Eva Whittaker), uma Wolfwalker que vive, com sua mãe, escondida entre as árvores. Devido a constante ameaça da cidade, elas precisam encontrar um novo local em que possam viver com sua alcateia. Para isso, a mãe de Mebh tomou sua forma lupina e desapareceu no mundo a procura de um novo lar… e não retornou desde então.

Preocupada com sua nova amiga, Robyn tenta achar um jeito de contornar a situação, mas tudo sai do seu controle quando, após uma mordida não completamente curada, ela acaba se transformando em uma Wolfwalker, aquilo que seu pai jurou exterminar. Em um mundo repleto de lendas e mitos, onde a vida selvagem é vista como algo que deve ser domado, Robyn e Mebh precisam trabalhar juntas para impedir o avanço tirânico de uma civilização cruel e predatória.

O misticismo é algo tão profundo e regional que se torna parte da história de onde se é contado. O medo e o respeito sobre aquilo que foge da compreensão humana traz ensinamentos importantes, que são enraizados nos povos que convivem com suas narrativas, tornando-os únicos e grandiosos para cada região.

Tendo isso em mente, Tomm Moore lança sua terceira obra, que respeita a história do seu povo e mostra o ápice de seus trabalhos. Lançada no dia 11 de dezembro na plataforma de streaming Apple TV+, o novo longa traz um magnifico respiro no mundo das animações. Com seu visual hipnótico, o filme aposta em traços desenhados a mão, trazendo um ar rudimentar e levemente inacabado, que desperta toda a magia que a trama necessita.

As formas geométricas, com curvas suaves e retas, trazem um adorno quase pagão à trama. Assim como a readaptação dos ângulos e figuras demostram o cuidado da produção em demostrar que cada peça pareça antiga e rupestre perante seu público.

A expressividade de suas personagens, somada às cores vibrantes e outonais, trazem um deleite visual grandioso que nos convida a mergulhar de cabeça naquele mundo mostrado. Como se não bastasse, a trama ainda apresenta questões sociopolíticas profundas, que refletem em nossa sociedade atual.

A construção de personagens é tão poderosa que consegue trazer traços únicos a cada um, sem perder o sentimento de fábula contido na história. É uma construção cuidadosa, que mescla a magia irlandesa com os viés históricos, trazendo uma jornada magnifica que engrandece a cada nova volta do roteiro.

Robyn e Mebh são magnificas. As protagonistas trazem um dinamismo espetacular à trama, servindo de contraponto para a personalidade da outra. Robyn é mais contida que sua amiga, mas não menos corajosa em suas escolhas, enquanto Mebh esconde suas inseguranças por trás de sua expansividade. Elas se completam em seu dinamismo e transbordam com sua complexidade empoderada a cada novo desafio.

Bill Goodfellowe (Sean Bean) traz um ar submisso diante de seu chefe, tornando-se, involuntariamente, um braço sufocante da sociedade em que esta inserido. O trabalho vocal de Bean sobressai seu personagem, trazendo uma subjuntivo a persona que interpreta. Já Lorde Protetor (Simon McBurney) esconde suas maldades e manipulações através de palavras bem postas em nome de sua região. Uma dura critica aqueles que recriam Deus a sua própria vontade egoísta.

Belo e encantador, Wolfwalkers entrega uma trama poderosa sobre amizade e liberdade. Com um trabalho visual de tirar o fôlego, Moore entrega uma nova obra-prima que precisa ser precisa ser admirada em todos os âmbitos enquanto nos relembra do que realmente é importante.

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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