“Aguardando novas ordens… Minha amada princesa!”
Mônica e seus amigos foram uns dos poucos escolhidos para participar de uma excursão escolar até o Cruzador Espacial Hoshi, o que os possibilitara experimentar um dos novos voos comerciais orbitais e conhecer a nave e a tripulação comandada pelo famoso explorador espacial, Astronauta. Junto a Magali, Cascão, Cebola e Franja, a jovem Mônica têm a grande chance de conhecer um dos grandes avanços modernos, na forma de uma estrutura de três quilômetros de diâmetro, e explorar o futuro da humanidade, como o avançado processo de terra formação de Marte, eles só não esperavam que a presença de Mônica nesse planeta seria suficiente para reativar um Templo de Marte e despertar um poderoso guerreiro intergaláctico.
Em 1983 o Brasil conheceu o primeiro longa original da Turma da Mônica, A Princesa e o Robô, que nos mostrou a turminha viajando pelo espaço para tentar ajudar Robôzinho a viver seu grande amor com a Princesa Mimi, a filha do Rei de Cenourando. Em Janeiro de 2009, vinte e seis anos depois, Mauricio de Sousa e Marcelo Cassaro se unem para escrever um novo roteiro inspirado no filme, uma releitura completa do longa feita em estilo mangá e com os personagens adolescentes. Em Marte, dentro do Templo, Mônica acaba encontrando um robô em forma de coelho humanoide que começa a tratar Mônica como Princesa, um Robô que parece ter uma grande conexão com um reinado muito longe dali, onde a princesa guerreira Usagi Mimi comanda soberana.
Dividido em três partes, a trama adaptada pela dupla vai fundo na releitura do longa, se na versão original tínhamos um Romeu e Julieta doce, na nova trama temos uma história muito mais traumática e profunda. Robô é um ser completamente submisso, ele não é um ser militar qualquer que acabou se apaixonando pela sua Princesa, ele é um robô criado para ser o guarda-costas da jovem princesa e que, ao longo dos anos, começou a ver sua ‘missão’ de proteção se transformando em amor verdadeiro, ele começou a desenvolver sentimentos ao mesmo tempo que se sentia na obrigação de ser submisso a sua princesa. Já Usagi Mimi parece uma versão completamente caótica da Princesa Mimi, dá pra perceber que num passado distante existia aquela doce princesa que se guiava pelo coração, mas que foi endurecida e modificada pela burocracia do reino em que vive, Mimi não quer se submeter às regras que a obrigam a casar para reinar, ela quer ser independente, ela quer mostrar que ela sozinha é capaz de ser a rainha e a líder militar de seu reino, e é justamente nessa transformação forçada que ela acaba afastando o ser por quem ela se apaixonou.
Tudo muda com a chegada de Mônica, ela começa a ter que enfrentar todas os seus traumas e inseguranças para ajudar aquele Robô a rever seus propósitos, ao mesmo tempo que vive o ciúmes de ser amada incondicionalmente por aquele Robô enquanto ele apenas acha que ela é outra pessoa. Uma dor parecida com a que atinge fortemente Mimi, fica claro o quanto a soberana está lutando não só pelo seu reino, Mimi perde seu chão quando percebe o amor que o Robô dedica a Mônica, quando ela enxerga que precisou abrir mão de tudo isso para ser forte e o quanto o seu amor pode a enfraquecer, mas também tem que enfrentar todos os seus dilemas para enxergar os verdadeiros efeitos que o amor pode ter na sua vida e, principalmente, no seu reinado. É impossível não amar o Robô ou compreender seu dilema, mesmo que ele seja um Robô, e mesmo vendo toda a dureza de Mimi, ela nos despedaça quando todos os seus dilemas são colocados em pauta. No momento de maior complexidade da trama, temos a grande chegada de Lorde Kamen, que assume o posto de cereja do bolo e leva Mimi a um dilema muito mais interno, para rever sua moral e suas motivações, para finalmente entender o que realmente é ser uma rainha.
Cassaro é um dos criadores da série em quadrinhos Holy Avenger e do universo RPG de Tormenta, o que o tornou um grande nome do universo do RPG, além de ter uma vasta experiência com ficção científica e fantasia científica, o que garante que ele é a melhor aposta de Mauricio para co-roteirizar esse arco, o que é comprovado pela forma como ele dá um tom maior de maturidade nos personagens, uma violência mais realista sem ser sanguinária e uma sensação de responsabilidade sobre cada ato de agressão física ou mental, dando um peso psicológico maior em cada ato dos protagonistas. O Brilho De Um Pulsar! é uma grande evolução para todos os personagens, ele é um choque de realidade para a utopia pacifica que sempre foi criada por Mauricio em torno de Astronauta, ele é uma boa dose de maturidade para Mônica e Cebola e, acima de tudo, é a maior prova de que as histórias de Mauricio podem sim envelhecer bem, e que podem sempre ganhar um toque de atualidade (ou de maturidade) sem perder sua essência emocional e reflexiva.
“Ser forte não tem nada a ver com recusar a proteção de quem a ama!”
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.