“Tem algo errado com os G-men.
Além deles serem uns idiotas?”
As coisa não andam nada bem para os G-men. Liderados pelo bilionário John Godolkin, o grupo de renegados superpoderosos enfrentou uma grande baixa quando Silver Kincaid, uma das integrantes originais da equipe, decidiu cometer suicídio da maneira mais pública e grotesca que se pode imaginar, trazendo uma atenção indevida para umas das mais lucrativas franquias da Vought-American.
Decididos a descobrir o que se esconde por trás da faixada de marfim, os Rapazes começam a fuçar o que se passa na Mansão G-men, mas, para isso, eles precisam infiltrar um de seus garotos em uma subsidiária da equipe como candidato em treinamento. É assim que Hughie entra para a G-Wiz e encara a realidade de treinamento dos Supers do local, tendo uma nova visão sobre os mesmos enquanto implanta escutas por todo local. Mas, mesmo com todo o cuidado necessário, talvez o rapaz tenha mordido mais do que pode mastigar, trazendo revelações chocantes que podem abalar ainda mais o mundo dos heróis.
Trazendo uma paródia aos X-men, o quarto volume da saga mergulha em assuntos mais pesados enquanto escracha tudo aquilo que conhecemos. Hora de Partir constrói uma crítica ferina enquanto coloca de volta as abordagens da série em um nível mais plausível. Tudo aqui é construído para alfinetar o grupo de mutantes enquanto abre um novo leque de momentos perturbadores que nunca ousamos imaginar nos arcos da Marvel. Até mesmo a diversidade do grupo entra em xeque, trazendo padrões estereotipados nas inúmeras subdivisões apresentadas. Seja pela divisão formada apenas por negros, que precisam falar com uma linguagem do gueto, ou o grupo formado apenas por heróis britânicos, repletos de arrogância e prepotência, todos são colocados para se encaixar em padrões sociais que o público consumidor queira comprar.
Garth Ennis usa e abusa de seus sarcasmo para entrelaçar seu enredo e trazer momentos de desconforto latente, que condizem com o universo doentio que criou. É impossível não notar cada ato bem pensado e como ele evolui naturalmente em sua história, trazendo o pior de cada personagem ali presente (o que se mostra magnifico a cada capítulo passado). Embora possua, sim, lapsos de facilitação, o roteiro possui um ar mais pé no chão, abusando pouco dos artifícios comuns nesse tipo de narrativa. O senso de investigação e espionagem possibilita desenvolvimento nas tramas paralelas, que engrandece as jornadas pessoais de seus personagens enquanto trazem um dinamismo oportuno para a equipe como um todo.
Hughie é o pilar central da trama, colocando seus ideais de lado enquanto explora um novo lado dos Supers, que passará despercebido até então. Infiltrado em um grupo mais jovem, o Irlandês percebe a união e verdadeira confraternização entre a divisão, fazendo-o desejar poder salvar aqueles rapazes daquilo que eles podem se tornar no futuro. Essa determinação vira uma crescente, trazendo empatia e companheirismo entre eles, o que torna tudo ainda mais interessante quando sabemos o objetivo real da infiltração.
Leitinho Materno parte em busca de respostas para o misterioso suicídio, o que acaba refletindo diretamente com seu passado e trazendo a tona mais segredos escondidos sobre sua persona. O Frances e a Fêmea possuem ações mais contidas, mas repletas de uma riqueza nas entrelinhas, que nos deixam atentos para o que os espera a seguir. Annie, por outro lado, consegue se desapegar de suas antiga amarras e vivenciar sua verdade pela primeira vez. Sem ter medo de ser ela mesma, a heroína pode ser franca consigo mesma, trazendo paralelos interessantes que agregam muito a sua narrativa.
Com uma trama mais séria e aterradora, The Boys – Hora de Partir traz um novo aspecto para o mundo insano de Ennis. Seja pelo enredo mais crível e repleto de nuances, ou pelas entrelinhas melhor trabalhadas, o novo volume mostra que existe um terreno cinzento a ser explorado, o que nos acerta em cheio e nos deixa ainda mais ansiosos para o que virá a seguir.
“Quer seguir o seu nariz? Pode ir, tome cuidado. E lembre de uma coisa: não importa o quanto pense que esses merdinhas são legais… UMA VEZ SUPER, SEMPRE SUPER!”
Phael Pablo
Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...