“Somos como Zeus e Hera olhando para baixo do Monte Olimpo.”
O aniversario de Mary Brigid Locke está chegando, o que fez Chamberlin Locke dar à sua filha um presente especial, na moda Locke: a Dollhouse Key. A Dollhouse Key nada mais é do que uma chave que ativa uma versão em miniatura da Keyhouse, o que faz com que as pessoas possam ver tudo que está se desenrolando nos diversos cômodos da casa e até interagir com a casa, um objeto que vira um motivo de brincadeiras para Mary e Jean Locke, que passam a infernizar a vida de seus irmãos, John e Ian, e dos outros habitantes da casa… Até acabam cometendo um grande erro capaz de colocar a vida de toda a família Locke em perigo quando permitem que uma pequena Viúva Negra entre na Casa de Boneca e se transforme num gigantesco monstro de oito patas.
Lançada em 21 de dezembro de 2016, a edição se passa antes dos eventos de Open the Moon, com a família Locke da década de 20 já se envolvendo em diversas aventuras envolvendo as chaves e, justamente cinco anos depois do lançamento da emocionante história, nos presenteando com um preludio mostrando as aventuras na casa habitada por Chamberlin, sua esposa, Fiona, e seus quatro filhos. Logo de cara vemos o quanto Mary e Jean são irresponsáveis, e ficamos nos perguntando por que Chamberlin resolveu deixar um artefato tão perigoso nas mãos das garotas, mas logo depois começamos a agradecer por podermos ver mais sobre as chaves e entender melhor como essa geração dos Locke é tão conectado com as chaves, como vemos ainda no começo da história no momento em que todos estão a mesa jantando e a Coroa das Sombras é usada para dominar as sombras e transforma-las em serviçais da casa, servindo os moradores e recolhendo os pratos.
Complementando a edição anterior, onde conhecemos profundamente (e choramos dolorosamente) com Ian, a nova edição traz, em suas 24 páginas, um aprofundamento maior para os outros três descendentes de Chamberlin, o que nos faz conhecer a bravura indomável de John, que não titubeia diante dos perigos e parece completamente ciente que o mundo das Chaves está no seu sangue e o perigo sempre vai estar ao seu redor; a arrogância protetora de Mary, que deixa claro desde a primeira página se sente superior a seus outros irmãos mas está pronta para fazer o que for preciso para vê-los seguros; e a irresponsabilidade infantil de Jean, a caçula da família que parece incapaz de entender os riscos de seus atos ao mesmo tempo que age inocentemente e parece ser deixada de lado por seus irmãos. Ian, apesar de ter pouco a mostrar aqui, ainda nos mostra sua coragem e sua fragilidade, lembrando aos leitores sobre sua doença e seu destino; infelizmente não temos um aprofundamento em Fiona, o que nos impede de conhecer melhor quem é a esposa de Chamberlin e como ela consegue lidar com toda a ‘magia’ que envolve a família que ela entrou.
Apesar de bem curta, Small World é uma homenagem espetacular a Tabitha King. Fica claro o quanto Joe Hill bebeu litros de referencias a Pequenas Realidades, primeiro livro da sua mãe, ao recriar toda a atmosfera de terror que vemos nos escritos de Tabitha e uni-la ao universo de Locke & Key, indo no caminho oposto da última edição e apostando pesado no terror em detrimento do padrão de aventuras, ação ou romance que já virou uma padrão na franquia, uma revigorada no enredo que cai muitíssimo bem, dando uma arejada na história enquanto usa personagens que já conhecemos, os aprofundo e consegue se manter dentro da proposta inicial: um caos causado pelo uso errado de uma chave. As ilustrações de Gabriel Rodriguez e a colorização de Jay Fotos continuando sendo essenciais na obra, toda a construção visual dos personagens e as cores vivas que ocupam todo o espaço parecem fortalecer a atmosfera, principalmente quando as Sombras da Coroa das Sombras entram em cena e cooperam com a atmosfera de terror ao deixa-la mais escura, aumentando cada vez mais a tensão no enredo, nos fazendo sentir como se estivéssemos vendo um filme de terror e não uma HQ.
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.