“Esse é o Trovoada, pequeno Hughie. E agora… agora, ele é nosso problema.”
Ao longo dos anos, Os Rapazes têm colocado os supers na linha, eliminando problemas menores e pondo fim àqueles que extrapolam os limites. Mas, só é possível mutilar e assassinar uma pá de super-heróis até alguém decidir fazer algo a respeito e, infelizmente para a equipe da CIA, isso significa A Liga da Revanche – uma super equipe de poder magistral, que está apenas abaixo dos Sete nesse quesito.
A Fêmea é a primeira a sentir o peso da equipe, sendo emboscada em uma de suas missões e acabando em coma após uma luta pesada com os heróis, despertando, assim, a ira do resto dos Rapazes. Enfrentar supers adolescentes é uma coisa, mas como deter a sede de vingança de seres tão poderosos como o Jovem Soldado, Mentaldroide, Insetus, Condessa Escarlate e a potência nazista denominado como Trovoada?
Decididos a atacar fogo com fogo, os nossos anti-heróis favoritos embarcam em uma batalha sem precedentes que promete destroçar tudo ao redor. É caçar para não ser caçado, e acabar com cada inimigo antes que cada um deles caia para a nova ameaça que se levanta no horizonte.
Que The Boys é uma insanidade satírica que não tem medo de expor o pior de cada um de seus personagens nós já sabíamos, mas ao longo da narrativa dos quadrinhos, nunca tivemos um real embate entre o quinteto da CIA com algum grupo grandioso dos Super. A verdade é que, por boa parte do tempo, os Rapazes pareciam sair imunes de seus atos, não nos deixando tão apreensivos quanto a seu destino… mas tudo está prestes a mudar daqui para a frente.
Não é a toa que A Sociedade da Autopreservação marque a metade da narrativa dos anti-heróis, colocando, pela primeira vez, os protagonistas em um perigo real causado por cada passo que deram até aqui. Garth Ennis sabe bem como construir sua história, nos deixando cautelosos desde o primeiro momento em uma jornada que não está disposta a perder tempo.
Reunindo oito capítulos, o sexto encadernado nos coloca a prova logo em seus momentos inicias, tirando de combate uma peça chave da história para demostrar a brutalidade e poder dos novos inimigos. O texto ácido de Ennis, somado ao gráfico aterrador do espanhol Carlos Ezquerra, traz um deleite sangrento que não mede esforços para destroçar seu conteúdo.
O enredo brutal e sanguinolento causa um estrago aterrador, colocando todas suas peças no limite para descontruir tudo que foi mostrado até aqui. Mas, para esse novo passo na história, Ennis precisa trazer a tona heróis poderosos que sejam um preparativo para o inimigo final.
É aí que entra a Liga da Revanche, uma sátira dos Vingadores de maneira nada velada. O grupo é bastante respeitado no mundo fictício mas, mesmo assim, estão abaixo dos Sete em questão de poder.
Ennis sabe arrancar o pior lado de suas personas, trazendo uma alfinetada clássica naquilo que torna seu molde tão honráveis nos quadrinhos clássicos. Condessa Escarlate, Mentaldroide e Insetus são ótimos exemplos. Servindo como espelho da Feiticeira Escarlate, Visão e o Homem Formiga, os heróis trazem a tona tudo que existe de pior em suas personalidades. O fingimento e mistificação de seus atos e valores são invertidos de modo divertido, a ponto de reconhecermos aquilo que suas outras versões nos fizeram acreditar.
O Jovem Soldado é outro exemplo magnifico. Servindo como sátira direta ao Capitão América, o soldado não tem um pingo de liderança e bravura, sempre ficando em segundo plano e permitindo que os outros tomem a decisão por ele. O rapaz é usado por todos ao seu redor e, desde a edição passada, demostra uma ingenuidade latente que remete a traços gerais de sua outra persona… de modo escrachado, é claro.
Mas, o grande destaque da edição cai sobre o colo do Trovoada. Sendo tão poderoso quanto o Patriota, o antagonista traz uma ameaça tão presente que nos faz sentir o real perigo ali contido. O maníaco explora toda podridão escondida nos belos discursos que escutamos hoje em dia, levantando questionamentos interessantes sobre nossa própria história. Trovoada é preconceituoso, cruel e doentio, levantando suas bandeiras de modo inquisitivo enquanto põe medo em todos que ousem cruzar o seu caminho.
Após toda sanguinolência contida na primeira parte do encadernado, Ennis utiliza o surto de Hughie para por em frente um aprofundamento maior de seus protagonistas, trazendo assim, uma construção sobre seu passado que tinha permanecido em segredo do leitor até o presente momento. Passamos a entender a origem dos apelidos curiosos e como cada um chegou até esse lugar, nivelando cada narrativa com a personalidade distinta de seu narrador, mas trazendo um toque gratificante que elucida muito do que foi orquestrado até aqui.
Repleta de ação e aprofundamento, The Boys – A Sociedade da Autopreservação marca um ponto sem retorno na história. Seja por seu perigo crescente, ou por demostrar que as coisas ficaram ainda mais urgentes daqui por diante, o volume nos promete ainda mais intensidade na segunda metade dos encadernados, mostrando assim que a construção até aqui foi muito boa, mas que sua finalização tem tudo para ser estupenda.
“Mas só remendar não resolve a situação. Vas vai tirar uns dias na cidade, e ele gosta do Vas. Fora isso… acho que sempre podemos dizer pra ele quem somos.”
Phael Pablo
Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...