Crítica | Han Solo: Uma História Star Wars (Solo: A Star Wars Story)

Nota
2

Acompanhe as aventuras do jovem Han Solo (Alden Ehrenreich), o contrabandista mais famoso da galáxia, e seu fiel escudeiro Chewbacca (Joonas Suotamo) a bordo da lendária nave Millenium Falcon antes dos eventos que deram início a trilogia clássica de Star Wars.

Identidade é o que diferencia um longa-metragem, ainda mais se for uma produção pertencente a uma famosa franquia, dos demais lançamentos e até de filmes anteriores com a mesma premissa e gênero cinematográfico. “Han Solo: Uma História Star Wars” diferencia-se das narrativas de uma galáxia muito distante, adotando para si um ritmo rápido e uma ideia mais voltada para o bom e velho western e aventuras de piratas. O problema, porém, está em colocar tal fator identidade em prática.

Distanciar-se da grandiosidade Star Wars, concepção proposta por “Rogue One: Uma História Star Wars” ao mostrar o lado sujo da guerra – mas, ainda assim, contar com vários pontos característicos da saga concebida por George Lucas -, é uma ideia louvável que permite uma exploração de novos horizontes da galáxia. Isso, contudo, quando a premissa é colocada em prática a partir de um roteiro envolvente e mirabolante, além de uma boa direção, o que infelizmente não acontece com “Han Solo”.

Os roteiristas Lawrence e Johnathan Kasdan tentam atribuir uma identidade própria ao filme do cafajeste mais famoso da saga, mas não conseguem acompanhar o ritmo da temática proposta, ora variando de entediante para acelerado até demais, tampouco criar e desenvolver uma boa história envolvendo Solo e seu grupo de contrabandistas.

Ron Howard, que assumiu a direção do filme após a saída de da dupla Phil Lord e Chris Miller, deixa a desejar na condução de “Han Solo”, perdendo-se no ritmo tal como o roteiro e atribuindo uma atmosfera, apesar de casar bem com as temáticas de western e pirata, mal utilizada, sem aproveitar seus potenciais em cenas de ação rápidas e pouco deslumbrantes (com exceção a do assalto ao cargueiro, que lembra bastante produções de faroeste), além de poupar o uso de tomadas com plano aberto, o que acaba por deixar o visual do filme um tanto sem graça.

Por outro lado, os erros tanto do roteiro quanto da parte técnica de “Han Solo: Uma História Star Wars” são compensados quando entra em cena o saudosismo, como: a Millenium Falcon em ação e ao som da trilha sonora de “Uma Nova Esperança”, a revelação sobre o que foi famoso percurso de Kessel, aparições surpresas que podem (ou não) dar ganchos para sequências, e algumas referências que podem agradar os fãs mais antigos da saga.

Outro ponto positivo do filme é a escalação de um elenco de peso que verdadeiramente se esforça para desempenhar bem seus respectivos papéis. Alden Ehrenreich, tão criticado durante a produção do filme, está surpreendentemente bem, conseguindo representar as facetas de cafajeste e bom moço de Han Solo, além de passar confiança e demonstrar simpatia para o personagem. Quando entra em cena a relação entre Han e Chewbacca (Joonas Soutamo), não há o que reclamar, pois há uma perfeita química entre os dois (como sempre houve desde 1977), mais do que acontece entre Solo e Qi’Ra (Emilia Clarke) ou entre o protagonista e Beckett (Woody Harrelson) – sendo estes, dois coadjuvantes que também brilham, mas não a ponto de se tornarem memoraveis -.

Donald Glover, apesar de não aparecer muito em cena, desempenha bem o seu Lando Calrissian, destacando todo o charme e estilo do personagem, além do seu jeito malandro. Dryden Vos, o vilão interpretado pelo ótimo Paul Bettany, é uma novidade interessante na saga que mostra mais do lado mafioso da galáxia nos filmes, apesar da sua aparição rápida. Aliás, vários personagens introduzidos em Han Solo têm potencial, como Rio (John Favreau), a droid L3-37 (Phoebe Waller-Bridge) e Val (Thandie Newton), porém eles sofrem com a participação passageira e, dessa forma, um aproveitamento simples até demais de suas qualidades.

Apresentando pouco material para acrescentar à saga de filmes (diferente de “Rogue One”) “Han Solo: Uma História Star Wars”, porém, está longe de ser considerado um filme ruim se for encarado como um episódio especial de um seriado de tv. Se a Disney/Lucasfilm tivesse adiado a estreia do longa para o final do ano, talvez alguns reajustes de detalhes pudessem amenizar o resultado abaixo do esperado. Talvez, a ideia de atirar primeiro nem sempre dê certo e “Han Solo: Uma História Star Wars” é prova disso.

 

Jornalista, crítico de cinema, fotógrafo amador e redator. Quando eu crescer, quero ser cineasta.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *