Crítica | Truque de Mestre (Now You See Me)

Nota
3

“Quanto mais perto, menos você vê”

J. Daniel “Danny” AtlasMerrit McKinney, Henley Reeves e Jack Wilder são quatro ilusionistas nova-iorquinos, cada um sendo especialista em uma modalidade especifica de mágica, que acabam sendo recrutados por um benfeitor desconhecido, por meio de uma carta de tarô, para um pequeno apartamento vazio em Nova York. Um ano depois, Os Quatro Cavaleiros fazem seu primeiro grande show em Las Vegas, com financiamento do magnata dos seguros Arthur Tressler, para o show que marcaria suas carreiras: transportar um dos membros da audiência para o cofre do banco Crédit Républicain, em Paris, e trazer todo o dinheiro do cofre para distribuir entre os presentes na plateia. O assalto ao vivo inexplicável acaba chamando a atenção da policia, que coloca o agente do FBI Dylan Rhodes e a agente da Interpol Alma Dray na liderança de uma grande operação investigativa.

Lançado em 31 de maio de 2013 nos Estados Unidos e 7 de junho de 2013 no Brasil, o longa dirigido por Louis Leterrier parece ter sido pensado para ser um show de mágica que se mistura organicamente com elementos de filmes de crime, criando quase uma hora de um grande espetáculo ilusório e pilantragens, que aos poucos cativa seu público e prende sua atenção. Mas nem tudo que começa bem, termina bem, o longa pode até funcionar em seus primeiros 55 minutos, quando somos ofuscados pela fotografia de Larry Fong e a montagem assinada por Robert Leighton, mas é no seu desenvolvimento final que a trama começa a se perder, desvalorizando completamente a eficiente trilha sonora de Brian Tyler com cenas secas, sem muita emoção ou muito sentido claro, tudo para tentar criar uma reviravolta que pode até findar com um desfecho marcante, mas ainda assim um desfecho que é construído preguiçosamente e não encontra uma boa base para se conectar. A trama tinha tudo para evoluir a partir de seu enredo, que é guiado pelos quatro ladrões vividos por Jesse Eisenberg, Isla Fisher, Woody Harrelson e Dave Franco, mas a forma como o quarteto não se conecta em tela cria uma sabotagem para o próprio longa.

Eisenberg no papel de Atlas constrói o prepotente lider do quarteto, ele guia a todos e impulsiona o grupo, mas fica claro o quanto sua liderança é paralela a um complexo de controle. A Henley de Fisher parece ter bastante potencial para evoluir no decorrer das apresentações, mas tudo fica de lado na busca por construir uma história concisa, mesmo que a busca não seja completamente eficiente. Harrelson interpreta Merrit, um especialista em hipnose e leitura da mente com um ar boêmio, que rapidamente se prova ser o mais imaturo do grupo ao mesmo tempo que prova seu valor, buscando sempre superar seus traumas do passado. O quarteto se completa com o Jack de Franco, um malandro que usa seus dons para sempre sair na vantagem em todas as situações, que rapidamente se torna o maior aprendiz da equipe ao mesmo tempo que dá um show com seus truques com cartas. O antagonismo da produção fica a cargo de Morgan Freeman no papel de Thaddeus Bradley, um ex-mágico que assumiu o papel de caçador de charlatões que ganha dinheiro revelando os segredos nos truques dos mágicos, e de Mark Ruffalo como o Agente Rhodes, que protagoniza um jogo de gato e rato enquanto tenta pegar o quarteto com a mão na massa para prende-los, mas vive sendo enrolado.

Podendo facilmente ser classificado como um divertido filme de mágica para animar o verão, Truque de Mestre se fortalece por conta de seu elenco repleto de estrelas, mas se prejudica muito por ter uma roteiro cheio de furos e pequenas falhas, que mesmo sendo inicialmente envolvente vai se encaminhando para uma resolução insuficiente, deixando muitas perguntas sem respostas e um ar de incompletude, que não é justificado nem pela possibilidade de uma sequência. Com a clara intenção de distrair seu público, o enredo acaba exagerando na dispersão de sua trama, o que piora pela falta de camadas de seus personagens, o que impede que eles possam evoluir com o avançar dos eventos do filme. O longa deixa aquele ar de dúvida sobre o que vem a seguir, mas ao mesmo tempo nos deixa sem vontade de ver mais a fundo o que há por trás de sua trama, que mesmo criando uma mitologia palpável, não consegue se engrandecer a base dela.

 

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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