“Eu deveria saber que algo assim aconteceria. Robin… Jason Todd… vinha agindo estranhamente. Temperamental. Ressentido. Insensato. Numa atitude que está para mata-lo”
Após o confronto com o Duas Caras, Jason Todd, o segundo Robin, se encontra em uma séria crise de rebeldia que consome sua relação com o Batman, a ponto de torná-lo ainda mais desleixado e suicida no combate ao crime. Preocupado com o seu pupilo, o vigilante de Gotham decide afastar o garoto das ruas, dando tempo para que ele cure suas feridas e lide com seus traumas… o que ele não aceita bem.
Com muito tempo livre, o garoto decide revisitar sua antiga vizinhança, encontrando uma velha amiga da família que lhe entrega antigos documentos, que revelam a Todd mais do que deveriam. Ao ler sua certidão de nascimento, o rapaz percebe que o nome de sua mãe não é Catherine, como imaginava, mas algo começado com S, indicando que, aquela que tanto amou é apenas sua madrasta e sua mãe biológica ainda pode estar viva.
Enquanto busca nomes similares na agenda de seu falecido pai, o menino prodígio embarca para o Oriente Médio, ao mesmo tempo que o Batman lida com mais uma fuga insana do Coringa no Asilo Arkham. Enquanto a história se desenrola, o destino de Robin e do Coringa entram em colisão, trazendo um evento desastroso que pode mudar de vez a vida do homem morcego. Seria Batman capaz de deter o inevitável ou seria apenas mais um espectador enquanto seu pior pesadelo se torna verdade diante de seus olhos?
Em meados dos anos 80, o primeiro Robin deixava a dupla dinâmica e ganhava suas própria equipe, trazendo um amadurecimento crescente que conquistou critica e público, o que engrandeceu ainda mais o seu legado. Mas, com a ausência de Dick Grayson, um novo Robin foi criado, trazendo uma nova desenvoltura para as histórias do Batman. Só existia um pequeno problema nessa pequena ação… O público detestava Jason Todd.
Rebelde, inconsequente e completamente incontrolável, o novo garoto prodígio conquistou uma antipatia imediata entre os fãs, trazendo inúmeras reclamações, a ponto de a DC cogitar dar cabo da vida do passarinho. Mas, se fosse para fazer isso, por que não criar um grande evento em que o público pudesse dar seu veredito sobre a sobrevivência do rapaz através de uma ligação?
Para tal ato, a casa de ideias escalou o renomado Jim Starlin para embarcar em uma jornada bastante diferente com a qual estava acostumado, mas com um peso estrondoso que prometia remodelar de vez a jornada do morcego. Roteirizado por Starlin e tendo sua arte assinada por Jim Aparo, Batman – Morte em Familia trouxe uma das reviravoltas mais grandiosas da DC, construindo uma história poderosa que reverbera até hoje nas histórias do universo da empresa.
O enredo de Starlin tem um começo ameno, mostrando a falta de sincronia da dupla dinâmica e o descontentamento que ambos possuem naquela relação. A dúvida sobre suas escolhas e os atos inconsequente trazem aquilo que os leitores sempre notaram na nova interação, construindo assim uma ligação já conhecida que nos faz embarcar no enredo mostrado.
Mas, o grande problema da jornada está em suas conveniência, trazendo escolhas fáceis para colocar seus personagens no mesmo tempo em situações inverossímeis até para os quadrinhos que tanto conhecemos. A coisa começa a mudar quando o roteirista assume o manto sangrento que lhe é imposto, trazendo uma crescente primorosa que tem como único objetivo colocar um perigo real na vida de seu protagonista.
A tensão e a violência aplicadas nos capítulos finais da narrativa trazem momentos eletrizantes que conquistam o leitor e nos colocam em um lugar que nunca sonhamos: o de júri que decide o desfecho aqui lançado. Para que tal ato seja cumprido, Starlin traz de volta o Coringa que, na última vez que foi visto, causou um grande transtorno na vida de Bárbara Gordon em um dos seus momentos mais hediondos dos quadrinhos. Nada mais justo do que colocar um novo crime chocante nãos mãos do Príncipe Palhaço do Crime, não é?
Outro grande acerto é a psique comprometida do herói, que entra em um mea culpa emocional ao reavaliar sua caminhada até ali, trazendo uma era mais sombria e profunda no enredo. Algo que seria ainda melhor explorado nas consequências arrasadoras que o arco levantaria para o universo construído.
Repleta de referências e com um peso histórico arrasador, Batman – Morte em Família acaba sua jornada com um saldo positivo que não esconde seus erros ao longo da narrativa. Servindo como um aprofundamento ainda maior para a personalidade sombria do morcego, a HQ põe fim a uma era nos quadrinhos, abrindo novas possibilidades e se tornado um clássico instantâneo no processo.
“Prepare-se para levar uma bela surra, Robin! E não se esqueça… isso vai doer mais em você do que em mim!”
Phael Pablo
Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...