Review | Clickbait [Season 1]

Nota
4

“Ele mostra um cara branco, aleatório, confessando um estupro, ou alguma coisa assim.
E parece que se o vídeo for visualizado cinco milhões de vezes, esse cara vai morrer!”

Nick Brewer parecia ser o homem perfeito, ele é um bem sucedido fisioterapeuta e tem um casamento agradável, mas toda a sua história é virada de cabeça para baixo quando um vídeo viral surge na internet: um vídeo onde vemos Nick sentado numa cadeira, com uma placa na mão onde assume ter abusado de mulheres e informa que será assassinado quando o vídeo alcançar cinco milhões de visualizações. O vídeo de Nick inicia um enorme furacão em volta de sua vida, arrastando sua reputação, sua família e desenterrando todos os segredos ao redor dele, um furacão que suga principalmente sua irmã, Pia Brewer, sua esposa, Sophie Brewer, o detetive que assume seu caso, Roshan Amiri, e várias outras pessoas que se conectam com o presente e o passado do homem.

Criada por Tony Ayres e Christian White, a minissérie nos captura violentamente em seu piloto, ele é literalmente um clickbait que chama nossa atenção, mas eis que a série prossegue, e, junto com o avanço dos episódios, surge o gosto agridoce. Em meio a traições, perfis falsos e muita investigação (formal e informal), vamos conhecendo a verdade sobre Nick, tudo que ele passou, tudo que ele fez, numa enorme busca por entender quem está por trás do vídeo. Durante seus oito episódios, de cerca de 40 minutos, a produção falseia um aprofundamento, mas sempre nos frustra ao não dar algo muito sólido. Escolhendo caminhos duvidosos, o enredo provoca seu espectador, cria um mistério irresistível e logo depois perde o equilíbrio do tom, se perdendo em meio ao mistério, a moralidade e a intensidade de seu roteiro.

Durante seus sete primeiros episódios temos sete focos, sete protagonista que guiam a história do passado de Nick, pessoas que dão pistas para entendermos melhor tudo que aconteceu. “A Irmã” nos mostra a dualidade de Nick e os problemas de Pia, “O Detetive” mostra a escuridão que envolve o caso e os complexos de Roshan, “A Esposa” mostra os problemas de um casamento perfeito e as falhas de Sophie, “A Amante” nos apresenta mais a fundo Emma Beesley e os assustadores segredos de Nick, “O Repórter” nos conecta com o implacável Ben Park e expõe as infinitas falhas de caráter em Nick, “O Irmão” nos mostra o complexo Simon Burton enquanto mostra a pior face de Nick, e “O Filho” nos mostra o peso que recai sobre os filhos de Nick enquanto novas verdades são reveladas. Finalizando a série, temos “A Resposta”, um episódio que resume toda a sensação do show, temos uma resolução para a história de Nick mas, assim como nos outros episódios, temos diversas subtramas criadas que não são finalizadas, não temos uma completa evolução dos outros personagens, é como se tudo girasse apenas em volta de Nick e o roteiro esquecesse o resto do elenco, principalmente o Roshan de Phoenix Raei, que tinha tanto a oferecer e acabou sendo reduzido a mais um dos policiais inúteis da trama.

Apesar de ser uma série cativante, Clickbait é literalmente o que seu nome diz, ela é chamativa demais para conteúdo de menos, ele cria uma ideia que nos encanta mas não sabe executar da forma que merece. Seus personagens ganham holofotes e interferem diretamente na trama, mas acabam não evoluindo o suficiente em seus episódios e não tendo espaço para evolução nos outros, o que decepciona em certos aspectos. O trabalho de Zoe Kazan Betty Gabriel é o catalisador da trama, de um lado temos a irmã desesperada por reposta e do outro a esposa que luta para não ser arrastada pelos segredos do marido, que é rasamente interpretado por Adrian Grenier, e a trama justifica essa superficialidade. Fica claro que essa não é aquela produção com enredo redondinho e sem pontas soltas, e que todo o problema vem da forma como a trama é forçada, algo que só corrobora para a finale completamente frustrante e uma sensação amarga de que tudo poderia ter sido executado de uma forma muito melhor, mas o show tem uma magia que nos prende, que prova que vale a pena ser assistido, que vale a pena acompanhar os progressos da investigação e, principalmente, vale muito a pena se divertir com a incompetência da policia.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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