Crítica | Ela é Demais (She’s All That)

Nota
4

“É simples, eu escolho a garota, e terá seis semanas para torna-la a rainha do baile.”

Zach Siler é o garoto popular padrão, ele é do time de futebol, é o presidente de classe de sua turma e namora a super popular Taylor Vaughan… Ou namorava. Após as férias de verão, Taylor termina o namoro para ficar com Brock Hudson, uma web celebridade, o que faz Dean Sampson, o melhor amigo de Zach, iniciar uma aposta com o garoto: Zach tem seis semanas para transformar Laney Boggs, a garota nerd e estranha da escola, na rainha do baile. Zach imediatamente aceita o desafio, mas o que a dupla não imaginava era que o desafio começaria a tomar rumos que eles nunca imaginariam.

Desde 1913, Pigmalião, peça teatral escrita por George Bernard Shaw, é um grande sucesso. A história da mendiga que é transformada numa dama da alta sociedade por conta de uma aposta pode ser uma fonte para muitas obras, e foi assim que R. Lee Fleming, Jr. concebeu a premissa de Ela é Demais. Se modernizando para os anos 90, a trama dirigida por Robert Iscove se ambienta no cenário colegial, onde a mendiga se transforma na estudante rejeitada e o desafio de seis meses se transforma numa aposta de seis semanas, se ramificando para um dos filmes mais populares do final dos anos 90. Criando um clichê que seria repetida inúmeras vezes no passar dos anos, o longa brinca com a previsibilidade do romance adolescente entre Laney e Zach e se concentra muito mais no desenvolvimento da aproximação dos dois, criando um enredo tão fluido que nem percebemos os 97 minutos passar.

Protagonizando o longa, temos Freddie Prinze Jr. no papel de Zach, aproveitando todo o status de galão adolescente que o ator tinha conquistado com a franquia Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado, um garoto denso, fugindo do clichê superficial que já era comum nos filmes adolescentes da época, Zach aceita a proposta para superar Taylor, mas ao lado de Laney ele começa a exibir novas facetas e expor seus demônios, vendo na garota o lugar seguro para se abrir e ouvir conselhos valiosos. No papel de Laney temos Rachael Leigh Cook, uma atriz com um vasto currículo mas sem papeis de destaque, a oportunidade perfeita para a atriz crescer, que foi muito bem aproveitada. Outra grande escolha do longa foi preencher seu elenco com diversos atores em ascensão, como Kieran Culkin, Anna Paquin, Usher Raymond, Gabrielle Union, Dulé Hill, Lil’ Kim e Jodi Lyn O’Keefe, o que fez o longa ter a oportunidade de compor grandes atuações sem precisar de grandes cachês.

Um clássico adolescente quase atemporal, Ela é Demais é um clichê adolescente que marcou época, mostrando que é possivel fazer um filme que converse diretamente com os jovens sem apelar para nudez ou palavras fortes ao mesmo tempo que cria uma das comédias românticas fofa e referencial. Com uma trilha sonora marcante e uma enorme capacidade de cativar nossa memória afetiva, o longa se encaixa perfeitamente na formula de sucesso dos filmes dos anos 90 e pode facilmente ser considerado como um clássico que marcou uma geração. Apesar de ter um makeover questionável, o roteiro faz tudo ser bastante funcional, o que só se fortalece por conta do elenco carismático, do humor ácido autoconsciente e clichês previsíveis, ele deixa claro que Laney já era bonita, meiga e talentosa, só precisava de um incentivo para externar essa verdade que estava presa dentro dela, Laney não foi verdadeiramente transformada, ela só foi incentivada a deixar de ser tão desleixada com sua aparência, dando aquele ar de borboleta que sai do casulo, uma trama que reforça ainda mais aquela ideia da beleza interior ser mais relevante do que a passageira beleza externa.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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