Review | Infinity Train [Book 4]

Nota
3.5

“Cinco, seis, onze, doze!”

Min-Gi ParkRyan Akagi são amigos, literalmente, desde que nasceram. Vindos da mesma maternidade, os dois cresceram juntos e cultivaram uma amizade sincera que só crescia ao passar dos anos, assim como compartilharam o sonho de se tornarem músicos famosos, criar um banda e viajar pelo Canadá juntos. Depois de uma briga em um concurso de bandas, que os separa brutalmente, cada um segue seu caminho e o mundo deles se transforma, mas, quando menos esperavam, eles acabam se reencontrando, anos depois, e indo parar dentro do Trem Infinito, um lugar onde eles precisam resgatar a amizade e reaprender a trabalhar juntos ou arriscar se perder para sempre nesse labirinto de vagões. Agora cabe a dupla, junto com Kez, uma sineta muito sensível, aprender o verdadeiro significado de amizade.

Em 17 de fevereiro de 2021 foi anunciado que Infinity Train ganharia uma quarta e última temporada, que foi lançada no HBO Max em 15 de abril de 2021, mas, ao contrario das duas temporadas anteriores, a temporada final sai da sucessão temporal da série e narra eventos de antes da primeira temporada, da época em que One-One ainda era o MaquinistaAmelia era uma jovem passageira. A história de Min-Gi e Ryan mostra a primeira vez que dois passageiros são colocados para uma jornada em conjunto, quando ambos possuem a mesma carência de desenvolvimento e precisam entender, juntos, como evoluir intimamente para poder retornar para casa, um evento único que se une a vários outros eventos peculiares e levam até o ponto mais crítico da mitologia da série. No decorrer da temporada, somos ainda apresentados a um passado do trem, uma história repleta de melancolia que envolve vários personagens, e nos leva a questionar toda a ‘vida’ de Kez e de Morgan. Mais do que nunca, as personas de cada um dos personagens é o grande foco dessa leva de episódios. Durante os dez episódios, que seguem tendo cerca de 10 minutos de duração, conhecemos muitos habitantes e suas histórias, indo muito além dos protagonistas.

O passado da Gata é factível, vemos a época em que ela era muito menos traiçoeira, que nos mostra uma solidariedade única, aquela mesma que fez a Gata apoiar Simon quando ele chegou no trem. A história de Kez é tensa, a personagem tem um trauma enorme da sua relação com Morgan, um trauma que a faz deixar uma trilha de problemas por onda passa, e acaba envolvendo os asiáticos cada vez mais em seus problemas. Morgan é uma personalidade inusitada, fica claro o quanto o objetivo do Trem afeta ela, ela é carente, sofre muito a cada passageiro que a ‘abandona’ e se mostra muito machucada pelo que aconteceu com Jeremy, uma história que nos leva a enxergar que até os finais felizes tem mais um lado. A história de Min-Gi e Ryan é um ponto forte da trama, eles parecem personalidades opostas, de um lado temos um filho único, com apoio dos pais, que investiu nos estudos e tem um brilhante futuro, do outro temos o quinto filho de uma família relapsa, que precisa lutar para ser visto e acaba vendo na música sua chance de vencer, acabando por esbarrar no medo de seu melhor amigo de abandonar a estabilidade, mas no final vemos o quanto um é essencial para a evolução do outro, Ryan precisa aprender a ser responsável e maduro enquanto Min-Gi precisa aprender a se arriscar e não ter medo de viver seu sonho.

Quebrando o padrão que esperávamos, a quarta temporada de Infinity Train se passa num ponto diferente da história do Trem e com personagem nunca antes apresentados, o que torna a história ainda melhor. Servindo de preludio para a primeira temporada, temos uma subtrama essencial se desenvolvendo aos poucos enquanto o verdadeiro plot vai evoluindo, trazendo cenas discretas que apontam para o avanço do golpe de Amelia e que culmina na queda de One-One, tudo enquanto a série mostra o poder da amizade e a importância do perdão. Os erros de Kez parecem uma metáfora para os problemas que existem entre Min-Gi e Ryan, e a trama faz questão de, de uma forma um pouco engraçada, mostrar o quanto um pedido de desculpa pode mudar tudo, brincando com o elefante branco que se torna a relação da dupla, mas que evolui genuinamente a cada episódio, e que nos envolve muito mais do que esperávamos. Construindo um bromance surreal ao mesmo tempo que constrói a mitologia do show de uma forma concisa, a temporada traz um fechamento redondinho que nos coloca no ponto exato em que todos os problemas do Trem surgiram, e se conecta imediatamente com os eventos que são explorados na primeira e na terceira temporada da produção.

“Vou colocar um chapéu no meu dog! Vou colocar um chapéu no meu gato!”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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