Crítica | Uma Noite Alucinante II (Evil Dead II)

Nota
3.5

“Minha esposa e eu trouxemos o livro pra essa cabana, onde eu poderei estuda-lo em paz…”

Ash Williams e sua namorada, Linda, vão para uma cabana abandonada no meio da floresta passar alguns dias de romance. Lá, Ash acaba encontrando um livro estranho e um gravador, a voz de um professor de arqueologia, o dono da cabana, onde ele recita passagens do Necronomicon Ex-Mortis, o que imediatamente libera uma força demoníaca que possui Linda, forçando Ash a mata-la, e passa a aterrorizar o rapaz. Pouco tempo depois, Annie, a filha do professor de arqueologia, chega à cabana para encontrar seu pai, encontrando um cenário de terror ocorrendo ao redor de Ash, sendo arrastada junto com seus amigos para o centro desse terror.

Em 1981, Sam Raimi marcou o cinema ao criar um terror trash de baixo orçamento que acabou sendo considerado com um clássico cult, o tempo passou e 1987 chegou com uma quase sequência, que abraçou o conceito de comédia de terror e se tornou ainda mais trash que seu antecessor. O novo longa começa com uma reencenação de vários eventos do filme anterior, mudando pontos da história, que dura cerca de 10 minutos, nessa nova versão temos o casal como centro do ocorrido e não mais um grupo de amigos, o que torna toda a experiência ainda mais célere e fortalece a premissa de Ash para os eventos novos. Os novos eventos é que acabam sendo o grande ápice do filme, começando ao nos cativar pelo caráter extremamente trash da insana batalha de Ash contra sua mão possuída e seguindo numa crescente a medida que vamos vendo os novos efeitos práticos aplicados no longa, para compor cada uma das aparições e das versões possuídas do elenco.

Bruce Campbell retorna no papel de Ash, muito mais feroz e cheio daquela síndrome de protagonista, que o torna mais resistente às investidas do demônio libertado e mais ágil na hora de lutar contra cada um dos monstros criados pela possessão. O papel de Linda, com pouquíssimo tempo de tela, é assumido por Denise Bixler, que possui poucas falas e poucas cenas mas é relevante o suficiente para a evolução de Ash do namorado carinhoso até o guerreiro inabalável. O protagonismo feminino do longa fica nas mãos de Sarah Berry, que como Annie tem total conexão com os eventos da cabana, sendo a portadora da página perdida do Necronomicon, o que pode ser a solução para traduzir o ritual de reversão da invocação que seu pai executou, o que se torna um desafio a medida que as entidades lutam com todas as forças para impedi-la de entender e executar o ritual. Temos ainda Lou Hancock como Henrietta, a mãe de Annie que foi assassinada pelo pai da moça e retorna dos mortos possuída na tentativa de atrair a jovem para as armadilhas dessa força do mal.

Novamente dirigido e roteirizado por Raimi, Uma Noite Alucinante II é a maior prova de que nãos só é possivel fazer um trash se tornar um marco na história do cinema, mas com um trabalho de respeito é possivel ainda fazer sua sequencia se tornar um segundo marco, que se tornou referencia para diversos outros longas na história e elevou o patamar do terror trash a um nível inesperado. Unindo terror e comédia na medida certa, o longa vai fundo nas duas vertentes e consegue nos cativar ao mesmo tempo que nos assusta, nos fazendo rir e gritar com os mesmos personagens e, por vezes, nas mesmas cenas. Se o filme já não era surpreendente o suficiente, Raimi ainda nos pega no susto com um final confuso e inesperado, uma cena que é deixada no ar sem uma explicação mas que não deixa aquela atmosfera de incompletude, só nos resta esperar uma sequencia com mais explicações ao mesmo tempo que temos a ciencia que o filme foi tão bem amarrado que dispensa a obrigação de ser continuado.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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