2020 começou assustando o mundo inteiro com a explosão da pandemia de Covid-19, mas não foi só o vírus que aterrorizou esse ano. Apesar de ter causado pânico principalmente no Brasil e na Itália, o segundo semestre de 2020 foi tomado pela viralização de mais um desafio do suicídio, dessa vez o Desafio de Jonathan Galindo ou Desafio do Homem Pateta, mais um jogo perigoso que aterrorizou as crianças e seus pais.
Em meados de 2020, várias redes sociais brasileiras começaram a ser inundadas pela chegada de Jonathan Galindo, que ficou popularmente conhecido como Homem Pateta. Com uma aparência bizarra que parece ser uma replica do visual do famoso Pateta da Disney, o fenômeno do Homem Pateta começou a lembrar muito o que aconteceu nos anos anteriores com a Baleia Azul e a Momo, não um, mas vários perfis usando o mesmo nome e a mesma foto, começaram a aparecer no TikTok, no Facebook, no Instagram e no Twitter, perfis esses que pareciam buscar aterrorizar ou aliciar crianças, começando a propor brincadeiras às suas vítimas, que segundo os rumores envolvia se cortar e tentar o suicídio. A ascensão do personagem acabou chamando a atenção, primariamente, da Polícia Civil de Santa Catarina, que foi contatada por um pai preocupado que acabou encontrando esse perfil sendo acessado por seu filho, que ficou muito assustado.
Em 17 de junho foi emitido o primeiro alerta do Núcleo de Inteligência e Segurança Institucional (NIS) do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), onde foi solicitado que pais e professores monitorem as crianças quando estiverem usando a internet. Em 30 de junho foi noticiado, no Mato Grosso do Sul, um segundo caso de conversa do Homem Pateta com uma criança, dessa vez pelo Instagram. Logo foi iniciada, então, uma enorme operação investigativa em volta dos perfis que usam imagens da versão antropomórfica do Pateta para se identificar, tentando encontrar o criador desse viral e as pessoas por trás de todas as replicas, buscando tira-las do ar e evitar que os desafios continuassem surgindo. Segundo Ivan de Souza Castilhos, integrante do NIS, os perfis contatavam as crianças por meio de mensagens diretas e também por ligações de vídeo e áudio, exibindo imagens e sons que buscam “causar desconforto, medo e, em alguns casos, tentar provocar o suicídio”. Segundo a polícia, os primeiros perfis do personagem surgiram por volta de 2017 em países de língua espanhola, principalmente o México, demorando cerca de 3 anos para chegar ao Brasil, o perfil, que foi definido como o verdadeiro Jonathan Galindo, na verdade se chamava Jhonatan Galindo (com o ‘H’ depois do J e não do T) e parecia ser uma pessoa inofensiva, que deve ter sido replicada por pessoas mal-intencionadas que buscavam reviver os desafios da Baleia Azul/Momo sob uma nova roupagem.
A investigação seguia, mas era dificultada pela inexistência de boletins de ocorrência ou casos confirmados, fazendo com que as autoridades precisassem focar muito mais no trabalho de prevenção do que no combate ao fenômeno. Em 1o de Julho, a Polícia Civil de São Paulo encontrou o criador de um dos perfis do Homem Pateta, um adolescente de 12 anos que não teve seu nome divulgado, segunda a policia o menino criou o perfil depois de assistir a um vídeo no YouTube para enviar mensagens para colegas de escola assustando-os, sem saber a verdadeira repercussão do caso. Em 29 de Setembro do mesmo ano, foi registrado em Nápoles, na Itália, o suicídio de um menino de 11 anos, que pulou da varanda da casa, deixando para trás apenas a mensagem “Amo vocês, mamãe e papai. Agora tenho que seguir o homem de capuz preto. Não tenho mais tempo. Me perdoe” em seu tablet, o que fez a policia italiana acreditar que seria um suicídio causado por um dos perfis do Homem Pateta, que usa um chapéu preto na maioria das imagens. A investigação descobriu que a abordagem começa com uma solicitação de amizade, que é seguido de contato por uma mensagem privada onde Jonathan Galindo pergunta se a pessoa quer participar de um jogo, iniciando uma série de desafios, que vão aumentando a dificuldade e se tornando cada vez mais macabros, sempre com objetivo de causar dor aos desafiados.
Com a falta de evidencias e de novos casos, a ameaça foi considerada finalizada, surgindo até rumores de que o criador dos desafios era um italiano que teria sido encontrado pela Interpol e já estaria preso. Profissionais da educação infantil seguiram ainda por um tempo reforçando aos pais buscarem as autoridades e auxílio psicológico caso novos casos surgissem, lembrando sempre da necessidade da vigilância sobre o uso da internet. Rumores acabaram surgindo posteriormente, principalmente no YouTube, alegando que Jhonatan Galindo também seria um perfil fake, que na verdade o Homem Pateta se chamava Samuel Catnipnik, popularmente conhecido como DuskySam ou SammyCatnipnik, e que o ‘Pateta da Deepweb’ era uma fantasia sexual do homem, que se sentia excitado ao gravar vídeos usando aquela aparência, mas logo essa versão também foi desmentida. A origem do personagem, que se chama Larry LeGeuff, foi finalmente descoberta meses depois, quando se descobriu que ele era uma criação do norte-americano James Fazzaro, que é cineasta, maquiador e dono da empresa JMF Filmworks, o executivo possui até fotos de todo o processo de criação da mascara e fotos onde se veste de muitos outros personagens criados por ele. Finalizo esse artigo novamente reforçando que os fatos relacionados a esse jogo devem sempre ficar em nossas memórias, para garantir que no futuro não sejamos levados a ressuscitar esse tipo de jogos ou acolher uma versão descendente dele.
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.