Crítica | Halloween Kills: O Terror Continua (Halloween Kills)

Nota
3

“Ele precisa morrer […] E eu é que vou pega-lo.”

Laurie Strode esperou por anos a oportunidade de matar Michael Myers, ela envelheceu construindo um plano para mata-lo e finalmente conseguiu a oportunidade de coloca-lo em prática, finalmente o matando, mas o halloween ainda não acabou e ela logo descobre que Michael ainda está vivo, o que significa que a luta ainda não foi vencida. Com o retorno de Myers, cabe à mulher reunir os outros sobreviventes para enfrentar mais uma vez o ‘assassino de babás’, uma batalha em busca de pôr um ponto final em seus ataques e acabar com o ciclo desse assassino de uma vez por todas.

Em 2018 tivemos a apoteótica ressureição da franquia Halloween pelas mãos de Jeff Fradley, David Gordon Green e Danny McBride, que retornaram ao universo da franquia quarenta anos após os eventos do filme original, nos apresentando uma Laurie bem mais velha, que já tem filha e neta, e que viveu assombrada pela possibilidade da volta de Myers, sempre acreditando que no dia que ele fosse solto ou escapar, recomeçaria a trilha de corpos e a busca por finalmente mata-la. Após o fim dos eventos do filme de 2018, e da confirmação de que ele seria a primeira parte de uma trilogia, é chegado o momento de, em 14 de outubro de 2021, conhecermos a segunda parte desse enredo, que se inicia exatamente no ponto em que acaba o seu antecessor e eleva o nível da homenagem ao reunir mais personagens do original na batalha contra Myers.

Se o primeiro filme foi completamente focado no reencontro de Michael e Laurie, nessa segunda parte é chegado o momento de Michael se reencontrar com Haddonfield, a cidade onde seu massacre começou e onde adorme quarenta anos de rancor e desejo de vingança. No filme de 2018 conhecemos mais a fundo as feridas que Michael deixou em Laurie, mas precisamos sempre lembrar que ela não é a única sobrevivente dos ataques do serial killer, entre eles os principais são Tommy DoyleLindsay Wallace, as crianças que estavam sendo cuidadas por Laurie e Annie na noite do ataqueMarion Chambers, a antiga assistente do Dr. Samuel LoomisLonnie Elam, uma das crianças que cruzou com Michael na noite de 1978, e Leigh Brackett, o antigo xerife da cidade e pai de Annie, uma das vítimas de Michael no halloween de 78. Essa proposta dá aos moradores de Haddonfield a chance de encarar o assassino que amaldiçoou a história da cidade e aos sobreviventes a chance de finalmente se vingar, mas a sede por vingança nem sempre é o combustível ideal, e isso faz com que o filme nos mostre a cidade se transformando numa profusão de pessoas insanas em busca de retaliação, um sentimento que proporciona uma das cenas mais angustiantes do filme e, posteriormente, um dos atos mais assustadores, duas construções que só engrandecem o roteiro depois de 20 minutos de uma introdução essencial porém maçante.

Repetindo os papeis do filme anterior, temos Jamie Lee Curtis, Judy Greer e Andi Matichak mais escanteadas, a interprete de Laurie é deixada de molho, acompanhando toda a euforia trancafiada em um hospital e percebendo o efeito que Michael cria na cidade, já a interprete de Karen assume uma postura mais protetiva, tentando impedir que sua mãe e sua filha sejam arrastada pela fúria persistente contra Michael, e a interprete de Allyson está finalmente desperta, ela finalmente entendeu quem é Michael e o quanto esse monstro manchou sua família, o que a faz assumir toda a fúria do seu sangue e sair em busca da vingança. Retornando com o papel do original, temos Kyle Richards, que vive uma Lindsey que ainda sente a dor de ter sido caçada por Myers, Charles Cyphers, que vive um Leigh que ainda deseja vingar a morte de sua filha, e Nancy Stephens, que vive uma Marion traumatizada por ter encontrado cara a cara o assassino em seu passado. O elenco ainda recebe a adição de Robert Longstreet, que assume o papel de Lonnie vivido por Brent Le Page em 78, e de Anthony Michael Hall, que assume o papel de Tommy vivido por Brian Andrews em 78.

Trazendo uma adição de matança e explicações, Halloween Kills é aquela típica sequencia que não é essencial mais acaba expandindo a mitologia, deixando aquele ar final de que tudo poderia ter sido resumido em uma introdução ou primeiro ato de Halloween Ends. O longa se torna uma oportunidade de expandir o roteiro e explorar mais a fundo a mitologia por trás de Myers, deixando muito mais perguntas no final e uma base bastante concreta para potencializar o próximo (e talvez último) embate de Michael e Laurie. Com uma violência muito maior do que nos outros dois filmes canônicos para essa linha roteiristica, a trama eleva o status quo de seu vilão de uma forma inesperada, que precisa ser muito bem desenvolvida no filme de 2022 para ser realmente considerado genial. A produção nos apresenta uma excelente direção de arte e uma fotografia impecável, que se torna ainda mais mágica quando a trilha de John Carpenter começa a tocar, o problema é justamente quando o longa resolve explorar diversas subtramas que se tornam descartáveis para a franquia ao invés de focar na história de Laurie e Michael, que é o que realmente os expectadores estão esperando ver, transformando o filme numa narrativa metafórica sobre a essência de Myers e uma gigantesca homenagem ao terror slasher e o filme de 1978.

“O mal morre está noite”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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