Crítica | Ambulância: Um Dia de Crime (Ambulance)

Nota
4

“Somos uma locomotiva, não paramos.”

William James Sharp é um ex-fuzileiro e está enfrentando problemas em casa, sua mulher precisa passar por uma cirurgia experimental e o plano não cobre esse procedimento, uma situação que o obriga a pedir ajuda de quem ele menos queria, seu irmão adotivo, Danny. Danny Sharp é um dos maiores assaltantes de banco que Los Angeles já viu, ele e Will foram treinados meticulosamente por LT, pai dos garotos, que é reconhecido como uma lenda do mundo do crime, o que faz de Danny e Will a melhor dupla em ação conhecida, mas que foi finalizada quando Will quis abandonar o crime. Em outras partes da cidade, temos a paramédica Cam Thompson e o policial Zach, ambos seguindo normalmente suas vidas sem saber que estariam prestes a cruzar os caminhos com os irmãos. Tudo começa com o assalto, muda de rumos no momento que Zach entra no banco e é baleado e se transforma completamente quando Cam é chamada para socorrer Zach e acaba tendo a ambulância sequestrada pelos irmãos, o que faz Cam e Zach se tornarem os reféns.

Baseado no filme dinamarquês de Laurits Munch-Petersen e Lars Andreas Pedersen, lançado em 2005, o remake de Chris Fedak muda um pouco a introdução do longa para garantir uma maior dramaticidade de toda a história que se desenrola. Nos fazer conhecer Cam e Zach antes de eles se tornarem as vítimas da ocasião enrique o enredo, ele cria uma conexão com os personagens antes de eles serem colocados no centro do furacão criado pelo assalto, nos fazendo ter uma conexão empática com a paramédica que se dedica ao máximo para salvar seus pacientes e o policial novato que acabou se apaixonando por uma caixa de banco e, por repetidos dias, visita o banco na esperança de conseguir chama-la para sair. A trama inteira segue essas quatro linhas principais para construir um background que adiciona sustância a todos os personagens de destaque, além de tudo ainda temos subtramas curtas que se inserem no contexto da perseguição e fazem o balanço perfeito entre a trama dramática do quarteto e as curiosas particularidades envolvendo os perseguidores. Tudo parece se engrandecer ainda mais com o estilo cinematográfico de Michael Bay, que foge do padrão exagerado e traz sequencias de ação empolgantes, envolventes e, como era de se esperar de Bay, com boas cenas de explosão.

Interpretado por Yahya Abdul-Mateen II, Will é profundo, ele nos conquista desde a primeira cena com seu dilema em busca de poder pagar a cirurgia, o que impede o publico de condenar seu envolvimento no assalto (situações desesperadas pedem medidas desesperadas), mas é durante a fuga que temos a maior dissecação do personagem, vamos vendo as camadas de Will se revelando, vamos vendo a conexão com seu irmão se reerguendo e a moral consciente do veterano de guerra se sobressaindo, o que o faz cuidar de Cam e Zach para garantir que os reféns vão sair vivos de toda a situação que eles acidentalmente se meteram. O contraponto de Yahya é o Danny vivido por Jake Gyllenhaal, que estava um pouco sumido das produções de grande porte mas volta com tudo nesse longa, Danny parece ser mais frio, mais engessado e calculista, mas a perseguição também descontrói completamente o criminoso, nos mostrando as semelhanças de Will e Danny (mesmo que eles não sejam irmãos de sangue), a conexão fraterna deles e, principalmente, o quanto Danny é diferente de LT, apesar de ficar claro que ele não é tão moralista quanto Will. Por fim temos a poderosa Cam de Eiza González, que se vê em meio a toda essa situação e precisa encarar demônios do passado na busca por garantir que aquele policial fique vivo e que sua vida seja preservada, ela acaba sendo uma visão de fora, que começa a enxergar quem realmente é cada irmão, que representa o publico na busca por questionar as motivações de cada um deles e de enxergar a dor que motivou Will a entrar nessa empreitada.

Frenético e reflexivo, Ambulância: Um Dia de Crime equilibra uma projeção que leva a adrenalina pra bem alto ao mesmo tempo que entrega uma montanha-russa de emoções e um forte dilema familiar, o roteiro de Fedak e a direção de Bay parecem se complementar perfeitamente, emoldurando os 136 minutos de filme com bastante rodopios de câmera, explosões, acidentes e uma relação familiar extremamente conflituosa e cheia de memórias pesadas. Apesar de ganhar muito com a tensão constante, o filme se prejudica por conta de sua duração, ele começa complexo mas gostoso, se afunila de uma forma harmoniosa e se finaliza com a expectativa lá no alto, mas muito se perde em meados do filme, quando fica aquela sensação de gasolina infinita e de que as cenas foram estendidas demais, que a perseguição parece nunca acabar e que estamos mais vendo um passeio por Los Angeles do que uma ambulância sendo perseguida por uma força tarefa tão bem planejada. Talvez encurtar a produção uns 30 minutos e remover algumas cenas desconexas, que causam uma confusão temporária em quem assiste, fossem a solução para melhorar a experiencia final, garantindo ação na medida certa e um contrabalanço envolvente.

“Não vá embora…”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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